SAÚDE PÚBLICA

GDF anuncia mais 741 servidores para o combate à dengue

Governador Ibaneis Rocha destaca: "reconhecemos o momento de calamidade, um momento muito sério"

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou, nesta quarta-feira (21/2), a contratação de 741 novos servidores para reforçar o atendimento na rede pública de saúde do DF e o combate à dengue. Nesse grupo estão 200 médicos temporários, além da nomeação de 180 técnicos de enfermagem, 156 enfermeiros, 115 agentes comunitários de saúde e 90 médicos especialistas efetivos. A medida vem como apoio à estratégia de enfrentamento da epidemia de dengue sem precedentes enfrentada pelo DF atualmente.

"Reconhecemos o momento de calamidade, um momento muito sério. As unidades de saúde, tanto as públicas quanto as privadas, estão todas lotadas. Nós sabemos o prejuízo que a dengue vem causando à saúde no Distrito Federal, mas queremos mostrar à população que estamos fazendo tudo que é possível para dar atendimento às famílias que precisam", afirmou Ibaneis.

De acordo com a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, há um deficit de profissionais de saúde na rede pública, principalmente nas portas de emergências e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Esses 200 médicos generalistas vêm ao encontro de uma necessidade que a gente tem tido. Eles vão atender pacientes com sintomas de dengue, mas também vão compor as equipes do Samu", explicou. "Os agentes comunitários de saúde vão para atenção primária e trabalharão perto da população. Os enfermeiros generalistas atuarão nos hospitais. Os técnicos de enfermagem vão para hospitais onde há clínica médica. Entre os 90 médicos especialistas, chamaremos anestesiologistas, pediatras, cirurgiões, radiologistas, ortopedistas, ginecologistas", acrescentou.

Para a contratação dos médicos temporários, o GDF vai investir R$ 27,1 milhões. Para as demais carreiras, apenas neste ano, serão R$ 48,2 milhões. Os recursos estão garantidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. "Não é fácil, estamos em um momento de frustração de arrecadação, mas, mesmo diante de tudo isso, o governador fez um remanejamento com o secretário de Economia, Ney Ferraz, e foi possível essa nomeação", informou a secretária de Saúde.

Eliminação de focos

A Secretaria de Economia (Seec) aguarda a publicação dos ajustes na LDO de 2024 para convocar também mais 75 agentes de vigilância ambiental (AVAs). "São nomeações com garantia de orçamento publicada em lei", disse Ney Ferraz.

Recém-empossados, 62 Agentes da Vigilância Ambiental (Avas) da Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) da Secretaria de Saúde (SES-DF) receberam treinamento na última terça-feira. A nomeação dos profissionais foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de 16 de janeiro.

"O apoio desses profissionais terá grande importância, especialmente nesse período crítico que estamos passando. Os agentes chegam para fortalecer ainda mais esse trabalho junto à população, aquele de casa em casa", afirma o gerente de Vigilância de Vetores e Animais Peçonhentos e Ações de Campo (Gevac/Dival), Edi Xavier.

Mobilização nas escolas

O anúncio da contratação dos novos servidores foi feita por Ibaneis Rocha no evento de lançamento da Mobilização nacional para o combate ao Aedes aegypti nas escolas, que aconteceu na Escola Classe JK, no Sol Nascente. A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, destacou que a mobilização teve início no local por conta da região ter uma das maiores incidências de casos de dengue na capital e enfatizou a importância das crianças e adolescentes no combate à proliferação do mosquito. "As crianças serão os agentes mirins nas suas residências para informar aos pais e ter um ambiente seguro para combater o Aedes aegypti", comentou.

Segundo a secretária, a mobilização ocorrerá em todas as unidades educacionais do DF, desde creche a Educação de Jovens e Adultos (EJA). "Todas as 838 escolas do DF terão essa ação educacional, que é a melhor forma que nós temos para combater o Aedes aegypti. A questão é de educação. Eles estão recebendo nas escolas do DF um card em que vão anotando toda semana uma ação que fizeram, como fechar a lixeira e tirar a água dos pratinhos (de planta). Tudo isso é trabalhado desde a creche até o EJA, exatamente para poder erradicar o mosquito", ressaltou.

A mobilização no país terá duração prevista de 20 semanas, segundo o Ministério da Educação. No entanto, a secretária Hélvia comentou que a ideia da pasta é manter a ação nas escolas. "Esse combate tem de ser uma ação continuada, enquanto existir um Aedes aegypti no DF e no Brasil", concluiu.

Atendimentos

Em um contexto de superlotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o GDF anunciou, no início deste mês, que vai ampliar de nove para 20 o número de tendas de hidratação à população. As estruturas serão instaladas em Vicente Pires, Varjão, Gama, Taguatinga, Guará, Plano Piloto, Paranoá, Planaltina e Águas Claras. Ceilândia e Samambaia, que contam com a estrutura, também serão beneficiadas com mais um espaço de acolhimento. A previsão era de que as novas tendas começassem a funcionar no fim da semana passada, porém, ao Correio, a SES informou que ainda não foram definidas datas para a instalação dessas 11 estruturas.

Cícero de Azevedo, 77, estava tomando soro na tenda de Sol Nascente na manhã de quarta-feira (21/2). Com sintomas desde quinta-feira da semana passada, o idoso apresentava plaquetas baixas. "Tem vários dias que estou indo às tendas com ele para fazer hidratação e colher sangue. A plaqueta dele está em 38 há dois dias, o que é bem abaixo. Ele fala que está sentindo muito cansaço e fraqueza", contou Tainan de Azevedo, 40 anos, filha de Cícero e técnica em nutrição.

Moradora do P Sul, Tainan está preocupada com o diagnóstico de dengue do pai. "Foi um desespero total quando fiquei sabendo, pensando que podia acontecer logo o pior, mas, graças a Deus, ele está melhorando", disse. Ela destacou que na rua onde os pais moram, várias pessoas tiveram a doença. "Acho que seria interessante passar o carro fumacê onde eles moram, para ver se mata esse mosquito, porque o pessoal da rua quase todo teve dengue", comentou.

A pensionista Deusdelia Batista, 49, também procurou a tenda do Sol Nascente para levar a neta Vitória Rejane, 10, que apresentava dor de cabeça, vômitos e fraqueza. "Os sintomas começaram ontem (terça-feira), mas ela começou a reclamar mais, hoje de manhã", destacou a avó. "Em casa, estou com uma filha e outra neta com dengue. A minha filha foi ontem para a UPA, mandaram ela para casa, falaram para voltar lá hoje de novo. Ela está fazendo um acompanhamento na unidade", contou a moradora do Sol Nascente.

Deusdelia ressaltou que a neta tomou a vacina na última sexta-feira e que mantém o quintal limpo para não ter focos de dengue. "Tem os vizinhos que precisam cuidar também. Na minha rua, a maioria pegou", disse a avó de Vitória. Para a pensionista, a situação da doença no DF está cada vez mais difícil. "É complicado ver esse tanto de morte. É uma coisa que a gente não estava vendo. Agora está com esse surto. Primeiro, a gente tem de cuidar, porque se não cuidarmos, corremos o risco de pegar e até de morrer", acrescentou.

Pacto por mais vacinação

O Distrito Federal aderiu quarta-feira (21/2) ao Pacto Nacional pela Consciência Vacinal, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Em cerimônia no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou a adesão ao pacto, que tem o objetivo de conscientizar a população acerca da importância da imunização para a prevenção de doenças e a retomada dos índices seguros de cobertura vacinal em todo o território nacional.

"Passamos por um período de redução da cobertura vacinal, mas, a partir do ano passado, passamos a inverter essa regra aumentando a cobertura. Esse pacto vem reforçar tudo isso. Precisamos conscientizar a população cada vez mais", declarou Ibaneis Rocha no ato da assinatura.

Para reforçar e atingir as metas de aplicação para cada imunizante, o Governo do Distrito Federal instituiu a vacinação extramuros — quando é realizada fora do estabelecimento credenciado. Segundo a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, a busca ativa é uma das causas que refletem o aumento no índice de vacinação na população. "Aqui no DF, nós saímos na frente quando começamos a vacinar fora das unidades de saúde e hoje somos referência dessa prática no país. Nós temos o carro da vacina indo de porta a porta em todas as regiões, nós estamos presentes em escolas, eventos e feiras, por exemplo. Não há nenhuma barreira de território. Se o usuário não consegue chegar até nós, nós iremos até ele", defendeu Lucilene.

Além do MPDFT e do TJDFT, aderiram à iniciativa a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

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"Passamos por um período de redução da cobertura vacinal, mas, a partir do ano passado, passamos a inverter essa regra aumentando a cobertura. Esse pacto vem reforçar tudo isso. Precisamos conscientizar a população cada vez mais", declarou Ibaneis Rocha no ato da assinatura.

Para reforçar e atingir as metas de aplicação para cada imunizante, o Governo do Distrito Federal instituiu a vacinação extramuros — quando é realizada fora do estabelecimento credenciado. Segundo a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, a busca ativa é uma das causas que refletem o aumento no índice de vacinação na população. "Aqui no DF, nós saímos na frente quando começamos a vacinar fora das unidades de saúde e hoje somos referência dessa prática no país. Nós temos o carro da vacina indo de porta a porta em todas as regiões, nós estamos presentes em escolas, eventos e feiras, por exemplo. Não há nenhuma barreira de território. Se o usuário não consegue chegar até nós, nós iremos até ele", defendeu Lucilene.

Além do MPDFT e do TJDFT, aderiram à iniciativa a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

FRASE

"Esses 200 médicos generalistas vêm ao encontro de uma necessidade que a gente tem tido. Eles vão atender pacientes com sintomas de dengue, mas também vão compor as equipes do Samu"

Lucilene Florêncio, secretária de Saúde do DF