Música

Batukenjé leva música percussiva e solidariedade ao Parque da Cidade

Além do batuque, grupo cultural Batukenjé oferece oficinas gratuitas a quem sonha aprender a tocar os instrumentos e se conectar com ritmos ancestrais brasileiros

O carnaval já acabou. Ao longo de cinco dias, grupos percussivos levaram a batucada para as ruas de Brasília, em momento de reconexão com ritmos ancestrais brasileiros. Mas quem não quer só ficar na saudade, mas também pretende aprender a tocar algum instrumento percussivo, o destino é o Parque da Cidade.

O Grupo Cultural Batukenjé oferece aos domingos, das 10h às 12h, no Estacionamento 13 do parque, oficinas gratuitas para quem deseja aprender percussão. Os interessados podem começar pelas noções básicas de surdos, repique, timbau ou caixa. Para participar basta comparecer ao local e no horário do encontro, sem necessidade de inscrição prévia. O que levar? "Só sua energia e boa vontade", responde o Mestre Celin du Batuk, diretor, mestre regente e criador do grupo.

Batukenjé/Divulgação -
Cadu Gomes/Divulgação -
Batukenjé/Divulgação -
JPRodrigues/Divulgação -
Batukenjé/Divulgação -

 

A oficina é aberta a toda a comunidade e não precisa ter instrumento para começar. "Ter uma oficina de percussão aberta a toda a comunidade é importante para a inclusão das pessoas. Trazer quem está dentro de casa para a oficina pode elevar a sua autoestima e a vontade de viver. A percussão tem essa magia. É uma forma de proporcionar um mundo melhor", explica Mestre Celin.

Inclusão

A inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) é uma das frentes de atuação do Batukenjé, com a presença de pessoas desse grupo entre os integrantes do coletivo. Uma delas é Giovanna Pinelli, 14 anos, que toca o repique. A mãe da adolescente, Cléo Bohn, 57, relata que conhece o projeto há vários anos e que há dois decidiu colocar a filha para aprender percussão. "Tomei essa decisão por já ter conhecimento da militância pelos direitos das PCDs e por outras causas sociais do Batukenjé", conta Cléo, que é presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down.

"Eu gosto muito do Batukenjé, porque eu gosto de tocar, dançar e encontrar os amigos", revela Giovanna. Cléo lembra que pessoas com deficiência intelectual aprendem com mais facilidade quando convivem com outras pessoas. "Daí, a aceitação e a empatia dos demais integrantes do grupo são essenciais. Com eles, ela se sente acolhida e pertencente. Quando todos tocam juntos, é um grande estímulo neurológico, tanto os movimentos quanto os sons", ressalta Bohn.

Finlândia

Apesar de muito brasiliense, o Grupo Batukenjé nasceu em Helsinque (Finlândia), cidade que Mestre Celin visitava com frequência para ministrar oficinas de percussão. Em uma dessas passagens, nasceu o grupo cultural, em 2006. No mesmo ano, Celin retorna a Brasília com o Batukenjé na bagagem, formado por percussionistas brasileiros.

De lá para cá, o grupo tem feito sucesso por onde passa. São passagens pela Bélgica, França, Ilhas Canárias (Espanha), Inglaterra e no Chile, onde são atração certa no Festival Mil Tambores, na cidade de Valparaíso. De acordo com Celin, hoje o grupo tem entre 50 e 60 integrantes, contando com todos os projetos que ocorrem dentro do Batukenjé.

Além das oficinas semanais no Parque da Cidade, outros projetos levam a percussão para diferentes públicos do DF. Pipas no Céu e Tambores na Terra, por exemplo, conta com oficinas culturais para crianças, com música e confecção de pipas ecológicas. Já o Avóz dos Tambores é voltado para homens e mulheres com mais de 60 anos do Itapoã. "Esse projeto chega ao Plano Piloto ainda este ano", promete o mestre.

Desde 2015, Brasília recebe percussionistas de todo o mundo para o Festival Adarrum, com workshops de percussão, shows, feira de instrumentos de percussão, intervenções artísticas e roda de tambores, evento promovido pelo grupo.

Já a banda do Batukenjé, que conta com 14 integrantes, embala shows corporativos, aniversários, casamentos, eventos do governo, sempre com performances e interações com o público. Mais informações sobre os trabalhos desenvolvidos pelo grupo podem ser conferidos no perfil @batukenje, no Instagram.

Oficina

Foi passeando com o filho pelo Parque da Cidade que Andrei Taz, atualmente com 38 anos, parava para observar o Batukenjé ensaiar. Em uma viagem ao Chile, foi surpreendido por uma apresentação percussiva em uma rua badalada de Santiago. "Fiquei hipnotizado. Foi como um chamado", lembra Andrei, que entrou em contato com o Celin assim que retornou para Brasília e ingressou no Batukenjé, em 2019.

No grupo, o servidor público já aprendeu o surdo de fundo, dobro e, atualmente, toca repique e aprende o timbau. "Batukenjé é uma extensão de amizade e família. Não encaro como profissão. Às vezes rola cachê em algumas apresentações, mas abro mão dele, porque não quero ter benefício financeiro com isso. Para mim é um hobby".

 

Mais Lidas