Desde 2017 no carnaval de Brasília, o Bloco Vai com as Profanas agitou os cerca de 1 mil foliões no início da tarde desta segunda-feira (12/2), no circuito do Setor Carnavalesco, localizado no Setor Comercial Sul (SCS). Uma das produtoras culturais do bloco, a DJ Naju Melo, 34 anos, conta que a festa incorpora brasilidades e tem o objetivo de servir como resistência e bandeira para o feminismo.
"Toda a nossa produção é feminina. Nosso palco todo é composto por mulheres, nisso backstage também. É um espaço de poder, de mulheres tomando decisões e se expressando. Acabou que fomos abraçados pelo público LGBTQIAP+, que viram que é um espaço seguro", afirma a DJ.
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Inspirada nas amigas do grupo musical de fanfarra Maluvidas, que foi formado junto do bloco em 2017, a artista plástica Cecília Mori, 44, usou uma roupa brilhosa, colocou penas laranja na cabeça e símbolo da luta feminista na cabeça. "Acho importante a conscientização do corpo, tanto que o aborto tem que ser legalizado mesmo. Acho que o carnaval tem que ter esse encontro de política, de bom humor com folia", opina a moradora da Asa Norte.
Integrante do Maluvidas, que se apresentou no palco do Vai com as Profanas, a empresária Cecília Bona, 44, conta que adorou ter passado o carnaval com as amigas de fanfarra por sentir a energia em grupo. "Carnaval é cultura, alegria e a gente se encontrar de verdade na rua e saimos de frente da tela. É se conhecer e reconhecer nas outras pessoas", avalia a empresária.
Moradora de Águas Claras, a publicitária Eve Mortilho, 37, explica que o Maluvidas tem o intuito de incentivar outras mulheres a tocarem instrumentos também. "É uma forma de outras mulheres se inspirarem a virarem instrumentistas, fazerem parte do carnaval e da arte", comenta a foliã.
Coordenador do Instituto No Setor e um dos organizadores do Setor Carnavalesco Sul, Rafael Reis, 34, explica que a organização pensou em escolher horários mais cedo para garantir a segurança dos foliões na volta para casa. "Toda a nossa programação começa às 10h, independente do público, e vai até as 19h. A ideia é criar uma nova dinâmica no carnaval da cidade, porque o transporte ainda não corresponde ao que a galera precisa", comenta Rafael.
Nascido em Goiânia e criado no Tocantins, o carnavalesco destaca a mistura de ritmos e culturas que o carnaval de Brasília proporciona. "Aqui é bom porque tem um pouquinho de cada local. Estávamos escutando carimbó, axé, fanfarra. Então o carnaval de Brasília tem a cara do povo brasileiro", finaliza.