A vacinação contra a dengue começou a ser aplicada, nessa sexta-feira (9/2), no Distrito Federal. O DF recebeu 71.708 doses da vacina, menos da metade das 194 mil que estavam previstas inicialmente. Por isso, segundo a orientação do Ministério da Saúde, a primeira fase da campanha será exclusiva a crianças de 10 e 11 anos. Ao todo, 15 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estarão oferendo o imunizante durante o carnaval no DF (confira QRCode). A partir da próxima quarta-feira, o imunizante passará a ser oferecido em todas as 124 salas de vacina do Distrito Federal.
Sobre a estrutura para o período de carnaval, a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, informou que serão "11 unidades básicas de saúde abertas até as 22h, 53 funcionando até o meio-dia de sábado e outras 10 que abrem aos sábados e domingos. Além disso, nossas nove tendas de hidratação estarão abertas durante o carnaval".
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, e Lucilene Florêncio estiveram presentes, ontem, na UBS 1 do Cruzeiro para acompanhar o primeiro dia de vacinação. A unidade de saúde recebeu um total de 2 mil doses — toda a região central de Brasília recebeu 5,4 mil doses.
Os gêmeos Davi e Luca, de 10 anos, foram vacinados pela ministra e saíram animados do posto de saúde. O pai dos meninos, o empresário Régis Barbosa, 52, já teve dengue e ficou aliviado em ver os filhos recebendo a primeira dose da vacina. "Estamos nos cuidando bastante, tomando todas as precauções possíveis, porque é muito sofrida essa doença", destacou o pai.
A secretária de Saúde explicou que o planejamento por faixa etária será ajustado conforme a chegada de mais doses da vacina. "Temos uma demanda grande e uma produção pequena. Vamos ajustando o planejamento, a cada momento, para que a gente atinja (todo) o público-alvo", destacou. "A resposta com a vacina será a médio e longo prazo. Vamos ter uma população imunizada, mas nesse prazo. Essas primeiras crianças que estão sendo vacinadas terminarão a imunização em julho. É preciso esperar 90 dias para a segunda dose", completou.
Segundo a secretária, o Ministério da Saúde precisou ampliar o número de municípios que receberiam a vacina e o número de doses que chegariam ao Brasil era o mesmo, por isso a necessidade de restrição da faixa etária. A chefe da pasta esclareceu que, se ao final de março, as crianças de 10 e 11 já tiverem sido imunizadas, as vacinas começarão a ser oferecidas para a faixa etária de 12 a 14 anos. "Isso foi um entendimento que tivemos com o Ministério da Saúde", salientou.
As crianças que tomaram a primeira dose na rede privada poderão receber a segunda na rede pública. "O SUS é universal e é porta aberta. A vacina aplicada na rede privada é a mesma que está sendo ofertada na rede pública. Não temos barreiras de acesso, não precisamos saber onde a criança reside ou onde ele tomou a primeira dose. Pedimos apenas que a faixa etária alvo nos procure", comentou Lucilene Florêncio.
A secretária ressaltou ainda a importância de se manter o cuidado com lixo e água parada. "A vacina vem para compor o rol de cuidados, mas não é isso que vai nos tirar do momento de emergência. Agora é o momento de um trabalho intersetorial. Cada morador precisa olhar para as próprias residências, tirar os focos de mosquito, manejar o resíduo sólido de maneira responsável", recomendou. "Estamos intensificando a coleta de lixo no Distrito Federal, estamos buscando locais com carcaças, etc. Bombeiros, Exército e Agentes de Vigilância Ambiental estão orientando e visitando residências", lembrou.
Movimento
O Correio percorreu ontem as UBSs do Cruzeiro, Asa Norte e Sol Nascente e, apesar do aumento do movimento em alguns momentos do dia, o tempo médio de espera de cada família foi entre 10 e 15 minutos. A estudante Gabriela de Souza, 30, levou a filha, Ana Luíza, 10, para tomar vacina na UBS do Sol Nascente. "Sempre a levo para tomar todas as vacinas. Minha outra filha, de 1 ano, teve dengue e ficou muito mal. Minha mãe também pegou dengue e está de cama há 15 dias. Estou prestando atenção redobrada aos focos de dengue em casa também", contou.
Natan Cordeiro, 10, foi com o pai à UBS do Sol Nascente tomar a primeira dose da vacina. O menino estava eufórico após receber o imunizante, pois viu o sofrimento do pai quando ele contraiu dengue. "Meu pai ficou 15 dias de cama. Agora, sei que estou protegido. Quando o mosquito da dengue pica, a gente pode até morrer. Então, estou aliviado de ter recebido. Nem doeu", relatou Natan.
Larissa Querino, 47, especialista em projetos, levou o filho Tomás, 10, à UBS 2 da Asa Norte para receber a vacina. "O cartão dele está sempre atualizado. Moro em apartamento, mas estou sempre olhando a água parada nas minhas plantas", afirmou. "Essa doença é fatal, matou muita gente, então tomem a vacina para o mosquitinho não te pegar", completou Tomás.
Na UBS do Cruzeiro, Rafaela Félix, 10, foi tomar vacina e ficou feliz de encontrar o mascote Zé Gotinha no local. "Eu gosto bastante dele. Aproveitei as férias da escola para vir tomar a vacina. Como já tomei outras, nem fiquei com medo dessa", declarou a menina. Rose Félix, mãe de Rafaela, estava feliz em, finalmente, poder vacinar a filha. "Deu um alívio no coração quando vi que já podia trazê-la para vacinar. Tive um parente que teve dengue e não foi fácil", comentou.
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Imunização
A imunização da dengue é composta por duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas. Caso a criança tenha sido diagnosticada com dengue, é necessário aguardar seis meses para iniciar o esquema vacinal. Se houve a contaminação por dengue após a primeira dose, deve-se manter a data prevista para a segunda dose, desde que haja um intervalo de 30 dias entre a infecção e a segunda dose.
A orientação da Secretaria de Saúde é que os pais ou responsáveis acompanhem o atendimento e levem o documento de identificação e a caderneta de vacinação da criança. Não é necessário agendamento.
Denúncia
Moradores da QL 12 do Lago Sul (antiga Península dos Ministros) estão associando o aumento dos casos de dengue na região a obras de construção que acumulam focos do mosquito. "Se ocorrer desleixo por parte do responsável pela obra, vai restar água parada num monte de areia, num saco vazio de cimento. Cavidades do terreno remexido ou na própria obra de alvenaria facilita a formação de poças d'água nas quais o mosquito encontra abrigo", diz o morador Pedro Rogerio Moreira. Ele conta que somente nos conjuntos 8 e 10 da Península, onde há duas obras em cada rua, pelo menos 11 moradores contraíram a doença. Todos residem em casas próximas às obras. Além disso, os moradores da região também denunciaram que as caixas de coleta de lixo do GDF estão sempre cheias, abertas e acabam ficando cheias com água de chuva.
A Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal), informou que recebeu, neste ano, apenas uma demanda de Ouvidoria para fiscalizar um lote no Conjunto 8. Na oportunidade da fiscalização, ocorrida em 15 de janeiro, o lote estava cercado e roçado, não cabendo autuação. A pasta pede para que a população envie as reclamações via telefone (162), site Participa DF ou presencialmente nos 16 Núcleos de Atendimento ao Cidadão da DF Legal. De qualquer forma, a pasta informou que irá incluir o endereço no cronograma de ações fiscais.