SAÚDE

Casos de chikungunya quase dobram em janeiro em relação ao ano passado

Embora com números bem menores do que a dengue, em janeiro deste ano foram registrados 152 casos prováveis de chikungunya. No mesmo período de 2023 foram 81

Embora apresente números bem menores do que a dengue, os casos de chikungunya praticamente dobraram no Distrito Federal. Em janeiro deste ano foram registrados 152 casos prováveis da doença, enquanto que no mesmo período de 2023 foram 81. O cenário epidemiológico do DF contraria o quadro nacional, pois em todo o Brasil foram contabilizados cerca de 14 mil casos da doença em janeiro deste ano, sendo que no mesmo mês de 2023 foram mais de 20 mil. Os dados foram atualizados e divulgados pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (31/1).

chikungunya é transmitida pelo mesmo mosquito que a dengue: o Aedes aegypti. Ambas as doenças apresentam sintomas semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico, porém algumas pequenas características podem ajudar na diferenciação. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a chikungunya também causa febre e dores no corpo, mas as dores e inchaço se concentram principalmente nas articulações, diferentemente da dengue, que causa dores predominantemente musculares. Alguns sintomas da chikungunya duram em torno de duas semanas, mas as dores articulares podem permanecer por meses ou anos. 

Ao Correio, a infectologista Joana D'Arc Gonçalves explica que a existência de algumas comorbidades é um fator de risco para um paciente sentir dores fortes. "As manifestações clinicas da chikungunya são muito parecidas com a dengue, a diferença está nas dores articulares fortes e muitas vezes com presença de edemas (inchaços). Outra característica é a possibilidade de evolução para dor crônica com elevada redução da produtividade e qualidade de vida. Quem já possui doenças reumatológicas, fibromialgia ou doenças osteoarticulares pode apresentar maior risco de incapacidade e dor. Alguns pacientes sentem dor por mais de 2 anos", pontua a especialista.

Entretanto, a distinção mais precisa das duas doenças só é possível ser feita de maneira laboratorial, por meio da identificação do vírus causador, que é diferente em cada uma. Enquanto o vírus da dengue pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus, o da chikungunya é da família Togaviridae e do gênero Alphavirus.

Em todo o ano de 2023, foram registradas 106 mortes por chikungunya. Em janeiro deste ano, três pessoas morreram pela doença. Embora a mortalidade seja considerada baixa, alguns pacientes experimentam dores debilitantes que podem durar até seis meses — o que afeta a capacidade da pessoa de locomover-se. O nome "chikungunya" vem da língua africana Makonde e significa "curvado de dor".

Evolução da doença

A doença pode evoluir em três fases. A primeira é a febril ou aguda, que tem duração de cinco a 14 dias. A segunda é a pós-aguda, com curso de 15 a 90 dias. E a terceira é a crônica, nos casos em que os sintomas persistirem por mais de 90 dias após o início. "Em mais de 50% dos casos, a artralgia (dor nas articulações) torna-se crônica, podendo persistir por anos", alerta o Ministério da Saúde.

Assim como a dengue, na chikungunya a recomendação é a de que o paciente permaneça em repouso e beba bastante líquido. Alguns medicamentos são indicados para dor, mas não se deve recorrer a remédios que contenham ácido acetilsalicílico, pois podem desencadear hemorragias. Em caso de suspeita da doença, é fundamental procurar um profissional de saúde para o diagnóstico e prescrição dos medicamentos. O Ministério da Saúde orienta evitar sempre a automedicação.

A melhor forma de prevenção das duas doenças é usar repelente e reduzir a infestação de mosquitos, com a eliminação de criadouros e mantendo os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas ou tampas.

Confira os sintomas da chikungunya, segundo o Ministério da Saúde:

  • Febre;
  • Dores intensas nas articulações;
  • Edema nas articulações;
  • Dor nas costas;
  • Dores musculares;
  • Manchas vermelhas pelo corpo;
  • Prurido (coceira) na pele, que pode ser generalizada, ou localizada apenas nas palmas das mãos e plantas dos pés;
  • Dor de cabeça;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Conjuntivite não-purulenta;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor de garganta;
  • Calafrios;
  • Diarreia e/ou dor abdominal (manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes em crianças).

Veja os sintomas mais comuns da dengue:

  • Febre alta (acima de 38°C);
  • Dor no corpo e articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar; falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina Qdenga, que foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e deve começar a ser aplicada neste mês, oferece proteção apenas contra a dengue, e não contra outras arboviroses, como a chikungunya ou a zika.

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