Crime

"Preocupante", diz sindicato sobre criminosos usarem IA para estelionato no DF

Reportagem produzida pelo Correio mostra que estelionatários estão utilizando inteligência artificial para aplicar crimes. Sindicato da categoria alerta para déficit de investigadores na corporação

Suspeito ganhou telefone e outros pertences -  (crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Suspeito ganhou telefone e outros pertences - (crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) considerou preocupante que criminosos utilizem inteligência artificial (IA) para aplicar crimes no Distrito Federal. O caso foi revelado pelo Correio, que mostrou que, no ano passado, quase 50 mil ocorrências de estelionato foram registradas na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

O presidente do sindicato, Enoque Venancio de Freitas, destacou que, apesar de a corporação estar extremamente preparada para lidar com esse tipo de crime, os investigadores estão desmotivados e sobrecarregados, e as demandas para solução são diárias e de natureza diversa.

“A não solução de casos de golpe financeiro pode gerar uma sensação de insegurança para os cidadãos e para os criminosos, impunidade. Hoje, diante do nível de sobrecarga na PCDF, dificilmente o policial consegue dar uma resposta efetiva a esse tipo de crime, pois os esforços estão concentrados em crimes que exigem uma resposta mais imediata, como homicídio, feminicídio e combate ao crime organizado”, explicou Enoque.

Outros fatores citados pelo presidente do sindicato são o número de inquéritos finalizados. A reportagem mostrou que, no ano passado, 582 inquéritos foram instaurados e apenas 171 suspeitos encaminhados à Justiça. "Isso acentua a escassez de policiais civis para combater esse tipo de crime, uma vez que sua investigação requer habilidades técnicas específicas. O cidadão cobra uma resposta rápida, e precisamos entregá-la. Nossa missão é investigar, mas estamos esgotados", afirmou.

Segundo Enoque, a PCDF tem atualmente um déficit médio de 50% no efetivo. “Temos um grande desafio, pois a inteligência artificial está nas mãos dos criminosos. É um problema para além do combate em si. Se o Distrito Federal não puder contar com policiais civis motivados para o trabalho, essa ameaça dos criminosos pode ganhar um patamar ainda mais preocupante. É preciso investir na valorização dos investigadores e melhorar as condições de trabalho para que as demandas da população sejam atendidas conforme as expectativas”, completou Enoque.

Cinco ocorrências por hora

Dados obtidos pelo Correio, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que, em 2023, foram registrados no Distrito Federal 49.931 ocorrências de estelionato — uma média de 136 casos por dia ou cinco por hora

O uso de aplicativos de celulares, para a troca de mensagem e a tecnologia inteligência artificial (IA), que podem replicar a voz de pessoas próximas e fazer vídeos a partir de fotos, além da clonagem de perfis em redes sociais, são algumas das principais armas dos criminosos.

No ano passado, o mês com o maior número de registros desse tipo de crime foi outubro, com 4.690 ocorrências; seguido por novembro (4.444); e agosto (4.414). A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) conseguiu instaurar 582 inquéritos e apontar 171 suspeitos ao Poder Judiciário. Nas delegacias da capital federal, já existem registros de crimes utilizando IA.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 26/02/2024 21:52 / atualizado em 28/02/2024 17:54
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação