Brasília é Patrimônio Cultural da Humanidade, mas, fora do centro, também existem locais com estruturas históricas que merecem atenção. É o caso de Planaltina. A região administrativa, que fica a 58km do Plano Piloto, guarda tradições, edificações e características ambientais que dão origem e significado ao que se tem no presente e identidade à população local.
É por isso que a Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina (AACHP), com fomento do Fundo de Apoio à Cultura do DF, decidiu reunir registros das muitas Planaltinas, ultrapassando os limites do Centro Histórico da cidade. Com o projeto "Patrimônio Cultural de Planaltina", a entidade quer trazer toda a pluralidade da região, por meio de fotos, depoimentos e textos. Foram produzidos um catálogo, com tiragem de cinco mil exemplares, uma websérie, o mapeamento dos patrimônios culturais e um artigo. O conteúdo está disponível no site da associação: aachp.org.br/.
Produtora executiva do projeto, Simone Macedo, 65 anos — quase 30 dedicados à cidade — conta que a intenção é conceder a toda a população, não só aos moradores de Planaltina, acesso às principais riquezas culturais, materiais, imateriais e naturais da região administrativa. "Muitos não sabem quais são os nossos patrimônios, mesmo sendo moradores daqui. Conheço pessoas que nunca tinham entrado na antiga Igreja de São Sebastião ou no museu (Histórico e Artístico de Planaltina)", lamenta. "Tendo um catálogo mais atual e com fotos mais 'palpáveis' e bonitas, fica mais interessante para registro e conhecimento", pondera.
De acordo com Simone, a ideia de criar o catálogo em formato digital é para alcançar, além dos moradores de Planaltina, pessoas de outras regiões do DF. "Também queremos que as autoridades enxerguem a nossa iniciativa. O trabalho da associação está sempre ligado a chamar atenção para a preservação. Na exposição de fotos, a gente faz o debate e mostra a situação em que está a igrejinha, por exemplo", ressalta. "A nossa esperança é que, com a criação do projeto, a gente consiga chamar a atenção para a preservação dos patrimônios, porque a foto pode até ser eterna, mas o espaço, se não cuidar, acaba", aponta.
Simone destaca que alguns espaços estão em situação ruim ou crítica, como a Prefeitura Velha (interditada), a Casa do Artesão (em ruínas), o Cemitério São Sebastião (abandonado), o Museu Histórico e Artístico de Planaltina (problemas de infiltração), a Igrejinha São Sebastião (rachaduras e requer restauração) e o Casarão da Dona Negrinha (demolido). "É obrigação do governo fazer a manutenção desses locais e estamos aqui para lembrar isso", afirma.
Integração
O projeto tem como público principal professores e estudantes da rede pública de ensino. "A gente quer sempre trabalhar a educação patrimonial para esse público. Os alunos precisam saber o que é isso, qual é a importância de todos esses patrimônios, não só para Planaltina, mas para o Distrito Federal", explica. "Queremos estimular estudantes a serem reeditores culturais, disseminando conhecimento entre seus amigos, pais e vizinhos, além de mostrar que eles estão entrando em um patrimônio tombado, uma relíquia, que temos a obrigação de cuidar", reforça Simone.
A produtora executiva ressalta que a ideia é colocar esses alunos como protagonistas. "Às vezes, a escola só vai explicar a história 'chapa branca', aquilo que está no livro e que é imposto. Só que a gente tem esse direito de chegar e falar: 'olha, você está inserido e é personagem dessa história'", observa.
Revitalização
Ao Correio, o secretário de Cultura e Economia Criativa (Secec), Cláudio Abrantes, adianta que um dos espaços mais históricos de Planaltina deve ser reaberto. "A Casa do Artesão vai voltar. Aprovamos o relatório que vai permitir a tão esperada revitalização do espaço", diz, ressaltando que a aprovação ocorreu durante uma reunião deliberativa do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepac).
"O passo de hoje representa um marco fundamental, não só para revitalizar, mas para fazer uma reparação a esse importante patrimônio histórico, cultural e também turístico do Distrito Federal", afirma Abrantes. De acordo com o secretário, agora cabe à Secretaria de Turismo (Setur-DF) proceder com a licitação da obra. "A pasta de turismo receberá um projeto com todas as correções e aprimoramentos solicitados pelo Condepac, visando a preservação e valorização deste importante patrimônio cultural", avalia.
Sobre outros patrimônios de Planaltina, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirma que, por meio da Subsecretaria do Patrimônio Cultural, realiza visitas técnicas e vistorias periódicas no Centro Histórico de Planaltina. "Naquele sítio, temos bens tombados e bens em área de tutela do Museu Histórico. Ambos são acompanhados de perto pela equipe da Secretaria de Cultura", afirma a pasta, em nota enviada à reportagem. "A nossa missão é cuidar para que o legado cultural de todo o DF seja devidamente resguardado, mantido e preservado, não só para proveito do presente, mas principalmente para as gerações futuras", destaca o texto.
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