O número de casos da covid-19 voltou a subir no Distrito Federal. De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), na terça-feira, a capital do país chegou a mais de 933 mil casos da doença, sendo que, somente em uma semana, foram 1,9 mil novas notificações. Além disso, foram três mortes registradas, apenas este ano.
A taxa de transmissão da covid também está em alta. O índice passou de 1,23 para 1,41, o que indica que em um grupo de 100 pessoas outras 141 podem se infectar com a doença. Para o infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, Manuel Palacios, não se via um aumento significativo da taxa de transmissão desde 2022, quando o número chegou a 1,88.
De acordo com o especialista, após um período de grandes aglomerações, como é o caso do carnaval, é comum esperar o aumento dos casos da covid-19. "Isso se deve à maior interação social e, consequentemente, à maior transmissão do vírus", ressaltou. Ainda segundo o infectologista, nas próximas semanas, é possível esperar um aumento nos casos notificados. "Isso poderá levar ao aumento subsequente das hospitalizações e, possivelmente, dos óbitos", alertou. "Esse número de internações e, provavelmente, de mortes seria mais em grupos vulneráveis, que não estejam totalmente vacinados ou que tenham algumas comorbidades", acrescentou Palacios.
O médico reforçou que o aumento do número de casos também pode estar relacionado ao surgimento e a circulação de novas variantes do vírus, que podem ser mais transmissíveis e, potencialmente, mais virulentas. "Outro ponto é a fadiga das medidas de prevenção. Com o passar do tempo, aconteceu uma redução do uso de máscaras, distanciamento social, higiene das mãos, principalmente em eventos como o recente carnaval, no qual praticamente ninguém aderiu a essas medidas", lamentou.
Vacinação
Segundo dados do Ministério da Saúde, 2,59 milhões de pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra a covid no DF e 2,42 milhões retornaram para aplicação da segunda dose. O número cai quase pela metade, quando se olha para a dose de reforço (1,47 milhão) e segue diminuindo, drasticamente, ao se observar as outras doses, chegando a apenas 6,65 mil pessoas que tomaram a terceira dose de reforço (confira no QR Code os locais de vacinação e quem está apto para tomar a dose disponibilizada atualmente).
Essa cobertura vacinal incompleta é outro ponto que pode explicar o aumento de casos, segundo Manuel Palacios. "Ainda que a vacinação tenha começado e avançado, a cobertura incompleta em alguns grupos e o receio da população, podem deixar parte da dela bastante vulnerável", avaliou.
Para o infectologista, é necessário intensificar a vacinação. "Isso é importante, pois temos um grupo, ainda que pequeno, que ainda não vacinou contra a covid, além de uma parcela que vacinou só com duas ou três doses, mas não tomou os reforços que são oferecidos anualmente", ressaltou. "Isso é crucial para aumentar a imunidade da população, especialmente entre os mais vulneráveis", reforçou o médico.
O especialista também destacou que é preciso preparar o sistema de saúde, para garantir que ele esteja pronto para um possível surto da covid-19, tendo mais leitos, equipamentos e profissionais de saúde disponíveis. "Sabemos que, nesse momento, existe o esgotamento dos recursos, por causa da epidemia de dengue que estamos vivendo no Distrito Federal. Isso pode atrapalhar se, porventura, também entrássemos num grande surto da covid-19", alertou.
Oferta
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que tem monitorado o aumento do número de casos de covid nas últimas semanas e tem se preparado, caso seja necessário, para ampliar a oferta dos leitos destinados exclusivamente para o paciente com a infecção, assim como as enfermarias e UTIs de corte, que foram utilizadas no período da pandemia.
A pasta ressaltou que a vacina ainda é o melhor método de prevenção contra a doença. A nota também informou que, durante todo o ano passado e também em 2024, foram realizadas ações para aumentar a cobertura vacinal pela SES-DF. "Entre elas, a busca ativa de faltosos, vacinação casa a casa e com o carro da vacina, ações de vacinação extramuros (fora das unidades de saúde) em escolas, creches, zoológico, shoppings e diversas instituições e ampliação do horário de funcionamento da vacinação (disponibilizando salas de vacina em horário noturno e abrindo as salas aos finais de semana)", detalhou a nota.
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