Nem o feriado de carnaval, nem a chuva impediram que pessoas com sintomas da dengue buscassem assistência médica nas tendas e UPAs neste fim de semana. Também teve movimento nas unidades básicas de saúde, onde pais levaram os filhos para tomar a vacina contra a infecção provocada pela picada do mosquito Aedes aegypti.
Moradora de Ceilândia Norte, Maria Aparecida Rodrigues, de 43 anos, falava ao celular com o marido David, 43, enquanto aguardava, na recepção, seu filho Juan, 19, passar pela triagem. Ela tentava convencer o companheiro a voltar na tenda para ser reavaliado. "Na semana passada, ele estava no serviço, começou a passar mal e veio aqui na tenda. Disse que foi bem atendido e passou rapidinho pelo atendimento. Mas já faz cinco dias e ele não melhorou. Continua com sintomas de dengue, mesmo ficando deitado o tempo todo e tomando a medicação certinho", lamentou Maria Aparecida.
Desde que o hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (HCamp) começou a funcionar ao lado do Hospital Cidade do Sol, a procura por atendimento nas tendas de Ceilândia ficou menor, segundo profissionais de saúde com quem a reportagem conversou. "A tenda que eu trabalho costumava realizar 250 atendimentos por dia, mas passou a fazer, em média, 150 consultas depois da abertura do HCamp", disse.
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Ceilândia, Pôr do Sol/Sol Nascente, Samambaia, Taguatinga e Brazlândia concentram 43% dos casos, segundo o boletim epidemiológico mais recente, divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Fazer hidratação com soro tornou-se parte da rotina de Rita Rodrigues Alexandre, 63, desde que contraiu dengue há oito dias. A aposentada buscou atendimento na tenda de Ceilândia nesse domingo. "Na sexta-feira, a médica indicou que eu procurasse uma tenda ou hospital para fazer o exame (hemograma), por conta do controle das plaquetas. Agora estou com 90 mil, mas antes o meu nível era de 134 mil. Abaixou isso tudo!", ressaltou.
Não muito longe dali, na tenda instalada na administração regional do Sol Nascente/Pôr do Sol, a ficha de controle registrava, até o meio-dia, nove atendimentos e quatro retornos de pacientes. Há poucas semanas, aproximadamente 200 pessoas teriam sido atendidas ao longo de um único dia, segundo informou uma funcionária que preferiu não se identificar. Para ela, o carnaval e o HCamp contribuíram para reduzir a procura no local
Na carreta onde são realizados os atendimentos, a pequena Isadora Oliveira, de 4 anos, estava deitada na maca. "Já posso tirar, mamãe?", perguntou sobre o acesso do soro à mãe Lilian Oliveira, 42. A moradora do Sol Nascente conta que adultos e crianças de sua vizinhança foram recentemente infectados com a dengue e, por isso, ela não hesitou em levar a filha ao médico assim que começou a apresentar sintomas. "É bom já ir cuidando antes para não piorar, ficamos preocupados", comentou. "Mesmo com o teste rápido dando negativo, ela tomou soro e remédio para vômito. Graças a Deus, hoje fomos atendidas rapidamente."
Vacinação
O DF começou a vacinar crianças de 10 e 11 anos na sexta-feira, após repasse de doses do Ministério da Saúde. No último balanço divulgado pela Secretaria de Saúde, ontem, 7.804 doses foram aplicadas desde o início da campanha — considerando as sete regiões de saúde.
Uma das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com o maior número de doses aplicadas é a UBS 2 da Asa Norte. O Correio visitou o local e conversou com a bancária Jéssica Maris, 49, que levou o filho, Eduardo Rosane, 10, para tomar a primeira dose do imunizante. "É de extrema importância a vacinação, ainda mais porque o DF é o primeiro estado da federação a receber o lote da vacina. Fiz questão de trazer o meu filho, principalmente pelo aumento de casos e a incidência da dengue, ainda mais neste período de chuva", afirmou a moradora do Lago Norte. A bancária faz um convite às famílias. "Os outros pais devem fazer o mesmo que eu e trazer seus filhos. A vacinação foi rapidinha. Daqui a três meses, voltamos para completar o ciclo", complementou.
Quem também não precisou pegar fila foi Ana Luiza Vieira, 11. Acompanhada da mãe, Priscila Vieira Mendes, a menina foi se vacinar contra a dengue na UBS 3 de Ceilândia. "Já estou acostumada a tomar vacina", comentou a menina, garantindo que não tem medo da aplicação do imunizante. "Na minha sala de aula duas pessoas ficaram com dengue, então a sensação de tomar a vacina é boa, fico menos preocupada", ressaltou. De acordo com funcionários do local, 48 crianças haviam sido imunizadas ontem na unidade.
Priscila, mãe da jovem, afirmou que adere a todas as campanhas. "Assim que fiquei sabendo que as crianças de 10 a 11 anos são o grupo prioritário, já trouxe a Ana para vacinar", destacou. Priscila ficou satisfeita ao ser orientada pelas enfermeiras da unidade a atualizar algumas imunizações da filha. "Por isso é obrigatório trazer o cartão de vacinação", acrescentou.
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