“Nós, policiais, combatemos o crime como se fosse uma causa própria, solitários”. Este é o desabafo do agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Antônio Marcos Cosmo, 52 anos. Ele é pai do policial militar do Estado de São Paulo Samuel Wesley Cosmo, 35, que morreu durante patrulhamento na Baixada Santista, litoral de São Paulo, na última sexta-feira (2/2).
Em entrevista ao Correio, o agente da PCDF disse que ficou sabendo do fato por outro filho, que é policial civil em SP. “Ele ligou para minha esposa dizendo que o Samuel tinha sido atingido por um tiro no olho”, comentou. “Eu estava saindo do trabalho. Liguei para meu irmão e ele me disse que o Samuel havia passado por uma tomografia”, detalhou Antônio Marcos.
Segundo ele, quando estava a caminho de São Paulo, veio a trágica notícia. “Estava na estrada. Estamos todos dilacerados. Não é fácil passar por uma segunda tragédia, sabendo que essas mortes são em vão”, desabafou.
Revolta
A “segunda tragédia” é a morte do irmão de Samuel, Kennedy Willian Cosmo, 25, em 2018. “Ele também era policial militar em São Paulo e foi morto nas mãos de criminosos, quando saía do trabalho”, recordou Antônio. Revoltado, o policial civil do DF disse que, mesmo com todas as mortes de militares, não se vê uma política de Estado para a segurança pública.
“Hoje temos alguns governos que implementam políticas de combate, como é o caso do governo Paulista, mas é limitado por uma legislação punitiva aos profissionais de segurança, e não de apoio”, destacou. “Na contramão, a legislação é extremamente benevolente com o crime. Você assiste criminosos sendo presos e soltos todos os dias, presos sendo bajulados em audiências e policiais sendo humilhados”, criticou Antônio.
“Policial não tem voz e credibilidade, muitas vezes, nem dentro da própria instituição”, avaliou. “Combatemos o crime como se fosse uma causa própria, solitários. Por isso, nada muda”, finalizou o pai de Samuel.
Políticas efetivas
O Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) se manifestou, nesta quarta-feira (7/2), solicitando ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) a implementação de políticas efetivas para garantir a segurança dos policiais, tanto física quanto mental. “Esses profissionais estão constantemente combatendo o crime organizado, mas carecem de medidas que protejam suas vidas e promovam seu bem-estar”, destacou o texto.
“Este é um chamado para que o MJSP atue de forma incisiva, não apenas na punição dos criminosos, mas também na implementação de medidas preventivas que protejam aqueles que dedicam suas vidas à proteção de todos. Para cada policial em serviço, há uma família que conta os minutos até seu retorno seguro ao lar”, ressaltou outro trecho da nota.
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