DENGUE

Dengue: é preciso ter cuidados redobrados com crianças e idosos

Grupos mais vulneráveis precisam de cuidados reforçados com hidratação e afastamento de focos do mosquito para escapar da doença. Agentes de saúde percorrem várias regiões do DF em busca de eliminar criadouros

Pessoas que têm maior dificuldade de se manterem hidratadas espontaneamente são as mais vulneráveis para contrair a dengue, segundo o infectologista André Bon, do Hospital Brasília. É o caso das crianças e dos idosos, grupos que precisam de mais atenção e cuidados reforçados.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), o grupo com maior incidência de casos prováveis de dengue, em residentes no DF, está na faixa etária de 70 a 79 anos com incidência de 605,1 casos por 100 mil habitantes.

Das seis mortes confirmadas no DF em 2024, pelo menos uma vítima tinha entre 5 e 9 anos. Durante todo o ano de 2023, foram registrados 3.376 casos prováveis entre crianças de 0 a 14 anos, enquanto em janeiro de 2024 já foram registrados 3.169 casos suspeitos na mesma faixa etária. Entre 1º e 27 de janeiro, foram registrados 29.500 casos prováveis. 

 

Maria Clara de Souza, 14 anos, esteve, nesta terça-feira (30/1), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho com a mãe, a professora Diana de Souza, 44. Era a segunda vez que iam à UPA. A primeira vez foi no último sábado, quando Maria Clara fez o teste e constatou estar com dengue. Mãe e filha são moradoras de Planaltina, mas não conseguiram atendimento nas unidades de saúde do local e foram até a região vizinha.

"Ela estava com os olhos muito vermelhos, dores no corpo e na cabeça, febre de 40 graus, coceira e manchas na pele. Fizemos o teste no sábado e deu positivo. O médico prescreveu hidratação com soro fisiológico em casa e dipirona. Estamos voltando agora para refazer o teste e ver se já melhorou a questão das plaquetas", relatou Diana.

Segundo o infectologista André Bon, a principal causa do agravamento da dengue é a perda do líquido dos vasos para dentro do próprio corpo. "É preciso estar atento aos sinais. O tempo de sintomas varia de pessoa para pessoa. Em geral, a dengue dura em torno de sete dias, mas algumas pessoas podem ter uma prostração um pouco mais prolongada", explicou.

Marcelo Ferreira/CB -
Minervino Júnior/CB/D.A.Press -
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A nomenclatura "dengue grave" é mais correta do que "dengue hemorrágica", segundo o médico, porque pode evoluir para óbito, mas não são todos os casos que evoluem. "Quem já teve dengue uma vez, tem maior chance de ter dengue grave se pegar de novo", afirmou o especialista. "Quem tem pela primeira vez, adquire imunidade para o subtipo de dengue que teve naquele episódio e proteção para qualquer tipo de dengue nos dois anos subsequentes. Depois desse período de dois anos, a pessoa passa a ser suscetível aos tipos da doença que ainda não teve", completou.

O infectologista destacou os sintomas que sinalizam que a dengue está evoluindo para a forma grave. "Os sinais de alarme são dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos de mucosa, sonolência excessiva, agitação, tontura ao se levantar e hipotermia", elencou.

Vigilância

O Correio acompanhou, nesta terça-feira (30/1), a equipe de agentes de vigilância ambiental em saúde do Guará, que percorreu as residências em busca de focos do mosquito Aedes aegypti. A equipe dessa região administrativa tem 14 agentes e cada um tem visitado cerca de 20 imóveis por dia, em turnos que vão das 8h às 17h, de segunda a sexta.

A chefe do núcleo de vigilância ambiental do Guará, Herica Cristina Marques, explica que, além da inspeção, os agentes também passam orientações aos moradores. "Se necessário, é feito um tratamento com larvicida. Quem tem prato de planta, por exemplo, tem que limpar pelo menos duas vezes por semana por conta dos ovos da fêmea, que sobrevivem mais de um ano no seco. Elas colocam os ovos nas bordas dos recipientes com água limpa. Não adianta só tirar a água, é preciso pegar a bucha e retirar esses ovos da área", descreveu.

"É importante eliminar o foco dentro das casas. Não adianta passar com o fumacê e não tirar os focos do mosquito das casas. A gente tem encontrado muito foco nas residências. Nós fazemos o nosso trabalho, mas precisamos que a população colabore e faça sua parte. Os agentes têm percebido muita calha suja, caixa d´agua com foco. Não adianta limpar a casa e não olhar em cima", alegou Herica.

O aposentado Edson Carneiro Cunha, 85, mora sozinho em uma casa no Guará e recebeu, nesta terça-feira (30/1), os agentes. Recentemente, ele havia colocado um toldo em frente às grades que separam a residência dele da casa vizinha onde, segundo o aposentado, há muitos criadouros do mosquito da dengue. "Cuido da minha casa e mantenho tudo limpo, mas a casa dos vizinhos tem muita planta e muita água parada", ressaltou.

Os agentes também inspecionaram a casa da aposentada Zumira Rodrigues, 71, que mora com o filho e o neto. "Tenho uma amiga que está mal de dengue. Aqui em casa, todo dia eu olho calhas, pneus, vasos de plantas", garantiu.

Tenda

O Correio esteve na tenda do Recanto das Emas que funciona em parceria com uma carreta cedida pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF). Segundo Adriana Mariz, escalada para a coordenação da tenda no dia de ontem, passam diariamente pelo local entre 150 e 170 pessoas com sintomas de dengue buscando atendimento. "Removemos entre duas e quatro pessoas por dia para UPAs ou hospitais. Fazemos o teste rápido por aqui, mas, mesmo dando negativo, os sintomas serão tratados", declarou.

Maria Luiza de Freitas, 18, estava com sintomas de dengue havia cinco dias, e hoje resolveu procurar a UPA do Recanto das Emas. Da unidade, encaminharam a paciente para a tenda, para realizar o teste rápido da dengue. "Sinto muita náusea e dor no corpo. Não desejo para ninguém o que estou sentindo", disse.

Vacina

A imunização começa em fevereiro na rede pública de saúde do Distrito Federal e a primeira parcela da população a ser vacinada serão as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue.

De acordo com Lucilene Florêncio, há 194 mil crianças e jovens dessa faixa etária no DF. Depois das crianças, os idosos acima de 60 anos são o grupo com maior número de hospitalização por dengue, no entanto, para esses, a vacina não foi autorizada pela Anvisa.

 

 

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