Dengue

Prédios abandonados de Águas Claras colocam a população em risco

Em meio a epidemia da doença que a capital do país enfrenta, prédios abandonados tornam-se um perigo para a disseminação do Aedes aegypti. Administração reportará aos órgãos de fiscalização a necessidade de medidas

Por Mariana Saraiva e Fernanda Cavalcante*

Em um dos maiores conglomerados de prédios residenciais do Distrito Federal, a cidade de Águas Claras tem diversas edificações em situação de abandono. Em meio ao surto de dengue, a condição deixa os moradores assustados. O presidente da Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac), Román Dario Cuattrin, estima que pelo menos 10 construções estejam nessa situação. "Esse é um problema grave, além de prédios, tem lotes abandonados e a gente percebe que não há fiscalização adequada", conta.

Ele cobra que a Lei 6.911 seja cumprida. A norma estabelece a política de combate a edifícios abandonados que causem degradação urbana. A reportagem percorreu a cidade, e confirmou que diversas edificações estão abandonadas, com mato alto, água parada e lixo aparente. Condições propícias para o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.

Na Avenida das Castanheiras, nos deparamos com diversas obras inacabadas. O tom escuro do revestimento indica que os altos prédios não recebem manutenção há muito tempo. São visíveis as goteiras das construções das ruas 25 Norte e 34 Norte, que escorrem pelos andares.

Marlon Pet, 41 anos, mora em Águas Claras desde 2008 e estava passando em frente ao lote 500, que aguarda decisão judicial para sua retomada. Ele garante que é comum se deparar com casos assim. "Aqui foi conhecido por ser o maior reduto de obras em crescimento da América Latina. Então, muitos prédios ficam assim, inacabados, alguns por motivo de falência." Marlon alerta para outros perigos iminentes "Não serve de habitat só para o mosquito da dengue, mas para ratos e escorpiões também", completa.

Márcia Franco, 53, publicitária, reside no prédio ao lado do edifício abandonado da quadra 101, e teme que sua proximidade com o local possa levá-la a contrair a dengue. "Tem galões cheios de água lá, do nosso apartamento dá pra ver." Márcia notificou a administração do seu prédio junto aos seus vizinhos de apartamento em busca de soluções, mas nada foi feito.

Júlia Zouain, 27, assessora de imprensa, viu de perto a força da doença e não quer voltar a ver. "Fico com medo porque houve muitos casos de dengue com pessoas da minha família, que inclusive foram internadas. É um risco muito grande que a gente corre com áreas que a gente não tem acesso.", conta.

Em nota, a Administração Regional de Águas Claras informou que consta no mapeamento do órgão oito construções abandonadas: são cinco prédios e três lotes com construções, vazias, e que não há prédios públicos abandonados na região. Ainda de acordo com a regional, para os prédios abandonados, que não conseguiram contato com o proprietário, será oficializado processo junto à Secretaria da Proteção da Ordem Pública (DF Legal) para as medidas cabíveis.

A diretoria de Vigilância Ambiental declarou que realiza, rotineiramente, ações de prevenção e controle dos fatores de riscos e das doenças ou agravos relacionados à variável ambiental em Águas Claras.

Kayo Magalhães/CB/D.A Press -
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Emergência 

O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou, na última quinta-feira, situação de emergência na saúde pública por conta do aumento dos casos de dengue na capital do país. O texto do decreto classifica a situação atual como "risco de epidemia". A medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

O decreto autoriza o governo a tomar as medidas administrativas necessárias para conter a doença, em especial a aquisição de insumos e materiais e a contratação de serviços. Segundo a medida, devido ao caráter excepcional e à necessidade temporária da luta contra a dengue, o governo está autorizado a contratar profissionais por tempo determinado a fim de combater a doença.

*Estagiária sob a supervisão de Suzano Almeida

 

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