Mais uma mulher foi vítima do crime de feminicídio neste fim de semana. Desta vez, o caso ocorreu no Novo Gama (GO), região do Entorno do Distrito Federal. Identificada apenas como Regina, a vítima foi morta pelo ex-companheiro, de 44 anos, com um tiro na cabeça no último sábado. No Distrito Federal, o governo deu início à busca ativa pelas crianças e jovens que perderam a mãe pelas mãos dos companheiros.
Segundo a Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), o casal teria discutido e o homem disparado com uma arma de fogo contra a ex. Ainda de acordo com a corporação, um policial da Polícia Militar de Goiás compareceu à delegacia para informar sobre a ocorrência de um feminicídio no Bairro Residencial Santa Luzia, no Novo Gama.
O relato dado ao militar indica que o autor e a vítima teriam iniciado uma discussão momentos antes do crime, por motivo desconhecido. Demonstrando comportamento violento, o homem teria sacado a arma de fogo e atirado na cabeça da vítima.
A perícia foi acionada para o local do crime devido à morte violenta. O corpo de Regina foi levado para o Instituto Médico Legal de Luziânia (GO). Até a publicação desta edição, o autor não havia sido preso.
Órfãos do feminicídio
Ao menos 352 crianças e jovens até 18 anos perderam a mãe para o feminicídio na capital, segundo a Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF). Nesse sentido, a pasta está realizando uma busca ativa dos órfãos desse crime para serem atendidos pelo programa Acolher Eles e Elas, que dará um auxílio financeiro no valor de um salário mínimo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, desde 2015, 186 mulheres perderam a vida pelas mãos de companheiros e ex-companheiros na capital.
De acordo com a SMDF, além da busca ativa, as famílias dos órfãos também podem solicitar o benefício pelos telefones (61) 3330-3118 e (61) 3330-3105. Neste primeiro contato, a equipe da pasta irá detalhar os documentos que devem ser apresentados e agendar o atendimento individual na sede da secretaria, que fica no anexo do Palácio do Buriti. Após a confirmação do direito ao auxílio, os órfãos receberão o cartão-benefício disponibilizado pelo Banco de Brasília (BRB), no prazo de até 30 dias, no endereço indicado no cadastro.
Segundo a secretária da pasta, Giselle Ferreira, 47 órfãos já fizeram o cadastro e estão recebendo o auxílio, e o objetivo é que os demais também tenham acesso à política pública. "Quando ocorre o feminicídio, ele destrói toda a família. O mínimo que podemos fazer é amenizar essa dor com esse benefício. Pedimos para que as pessoas responsáveis por essas crianças e jovens nos procurem também", destacou a gestora.
Para Giselle, a política do programa surgiu para romper com o ciclo do mal que é o crime de feminicídio. "Não queríamos que nenhuma mulher fosse morta. Mas a gente dá esse apoio financeiro e psicológico a eles para ajudar a amenizar esse trauma. Precisamos muito que os familiares se envolvam e tentem ajudar para que a mulher saia desse ciclo de violência antes de ocorrer o pior e trabalhamos para que essa mulher entenda que a violência é muito mais do que física. Ela é também psicológica e patrimonial. E para que elas não deem uma segunda chance quando já há uma violência", ressaltou a secretária.
Relacionamento abusivo
Para as mulheres que estão em dúvida se vivem em um relacionamento abusivo ou não, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) elaborou um questionário com 17 perguntas para que cada uma possa avaliar a situação em que vive com o companheiro. As questões abrangem tanto violências físicas como psicológicas. As perguntas podem ser respondidas com "sim" ou "não".
No questionário, há perguntas se o homem já bateu, empurrou, chutou, beliscou, puxou o cabelo ou já atingiu a mulher com objetos arremessados. Além disso, o documento também traz questões sobre se o companheiro vigia ou controla as ações da mulher, ou se ele a proíbe de estudar e de trabalhar, até se o namorado já a xingou.
O TJDFT alerta que se a mulher marcou "sim" em uma ou mais perguntas, ela pode estar sofrendo violência e, por isso, deve ser ajudada pelo Estado. Os canais de apoio à mulher, também publicados no questionário, vão desde o serviço Central de Atendimento à Mulher - DF - 156 - Opção 6 à Polícia Militar do Distrito Federal - 190.
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