DENGUE

Secretaria de Saúde do DF vai pedir reforço do Exército no combate à dengue

Secretária de Saúde alega exaustão das equipes na linha de frente e anuncia que vai pedir apoio ao Ministério da Defesa para ampliar o enfrentamento à doença no DF. Movimento nas tendas segue intenso e há aumento de crianças com sintomas

Mesmo com as tendas em nove regiões administrativas e ampliação de horário de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o fluxo tem sido intenso e o Governo do Distrito Federal (GDF) tem demonstrado preocupação com a dengue. A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio, anunciou, nesta quinta-feira (25/1), em entrevista coletiva, que vai pedir apoio ao Ministério da Defesa e ao Exército para o enfrentamento da doença na capital do país. 

"Conversei com a ministra (da Saúde, Nísia Trindade) e nós vamos pedir apoio ao Ministério da Defesa e ao Exército para que a gente possa ampliar o cuidado, principalmente porque as equipes estão cansadas. Não deu tempo ainda de recuperar da época da covid e já estamos nesta situação", declarou a secretária, referindo-se ao aumento expressivo de casos de dengue no DF, que foi de 646% nas três primeiras semanas de 2024, comparado com o mesmo período do ano passado.

Mila Ferreira -
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Fotos: Mila Ferreira/CB/D.A Press -

O Correio esteve na tenda da Estrutural e constatou o movimento intenso. De acordo com a Secretaria de Saúde, uma média de 84 pessoas têm buscado atendimento diariamente no local, que conta com 10 profissionais trabalhando, entre administrativo, bombeiros, médicos e enfermeiros. Desde sábado, cerca de três pacientes por dia têm sido removidos para hospitais ou unidades de saúde.

O administrador da região administrativa, Alceu Prestes, tem observado o aumento no número de crianças com sintomas na busca por atendimento nas tendas, o que acende um alerta para que os adultos intensifiquem os cuidados de prevenção com os pequenos. "É importante usar repelentes e ficar atento aos focos. Temos uma região crítica, que é a Santa Luzia. Precisamos educar o povo, porque não adianta matar o mosquito se as pessoas deixam água parada. Somos a terceira região que mais recolhe lixo e entulho", afirmou.

Alceu chama a atenção da população para que se coloque o lixo para fora no dia de recolhimento. "Os dias de coleta são segunda, quarta e sexta por aqui. Sendo que a administração recolhe entulho diariamente, cerca de 40 a 50 toneladas por dia", disse o administrador da Estrutural.

Sintomas

Leandro Rocha de Oliveira, 27 anos, esteve na tenda da Estrutural buscando atendimento com fortes dores no corpo e na cabeça. "É a primeira vez que sinto sintomas como esses. Sinto dor demais no corpo e nas costas. Estamos usando repelente, mas não tem adiantado, pelo visto", relatou. "Eu já tinha vindo antes e conseguido um atestado de três dias, mas, mesmo depois desse tempo, os sintomas não diminuíram, então vou fazer o teste novamente", completou.

O homem esteve no local acompanhado da mulher, Vanessa, 27, e do filho Enzo, 5, que teve dengue recentemente. "Meu filho teve a doença e o levamos ao posto de saúde. Ele dizia sentir muita dor na 'testa' e coceira por causa do mosquito. Ficou bem baqueado", relatou a mãe. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, os pequenos, particularmente, estão em maior risco de choque por dengue. Entre os três óbitos pela doença registrados neste ano, há uma criança.

O mecânico Wasley Graciano Barbosa, 25, saiu do atendimento na tenda da Estrutural, ontem, com o diagnóstico positivo para dengue. "Muita dor atrás dos olhos, fraqueza, febre alta e dor nos ossos. Senti muito calafrio também, nunca tinha sentido nada parecido", descreveu. "Me deram dipirona na veia e me prescreveram paracetamol e repouso por uma semana. Depois disso, me informaram que a tendência é que os sintomas desapareçam", acrescentou.

Cuidados

O infectologista Julival Ribeiro falou sobre a importância de o paciente procurar atendimento logo nos primeiros sintomas da dengue. "A identificação precoce dos casos de dengue é de fundamental importância para a tomada de decisões e implantação de medidas de maneira oportuna, visando, principalmente, evitar a ocorrência de casos graves e óbitos", esclareceu.

O especialista explicou, ainda, que a proliferação do mosquito Aedes aegypti ocorre no verão, pelo tempo quente e muita chuva. "É importante tomar medidas simples, como verificar locais que possam acumular água, como garrafas, pneus, vidros, qualquer lugar que possa servir de reservatório. É importante também o uso de repelente para prevenir a aproximação do mosquito", recomendou.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) recomenda o uso de repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. O produto também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso da substância química deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Repelentes de insetos contendo esses componentes são seguros para uso durante a gravidez, quando usados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo três vezes ao dia.

 

 

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