Na terceira reportagem da série especial sobre os museus da capital, o Correio visitou o Panteão da Pátria Tancredo Neves, o Museu Histórico de Brasília e o Espaço Lúcio Costa que, juntos, formam um complexo de heranças cívicas no centro da Praça dos Três Poderes.
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Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com exuberantes vitrais pensados pela artista plástica Marianne Peretti, o Panteão da Pátria tem o formato de uma pomba e chama atenção daqueles que procuram por conhecimento histórico. O espaço homenageia heróis nacionais que, de alguma forma, contribuíram com a construção de um país livre e democrático.
Os acervos instalados no primeiro andar nos convidam a mergulhar na vida e trajetória do político Tancredo Neves, um importante nome do processo de redemocratização do Brasil. Nas vitrines, estão expostos documentos e memórias de seu contexto familiar, infância e épocas importantes de sua vida pública. Tancredo foi o primeiro presidente eleito após 20 anos de ditadura militar. O mineiro de São João del-Rei faleceu antes de ser empossado, devido a complicações ocorridas em uma cirurgia na região abdominal.
No segundo andar, não há como não notar o grande Livro de Aço dos Heróis Nacionais. Nele, estão registrados os nomes de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Marechal Deodoro da Fonseca, Dom Pedro I, Duque de Caxias, Plácido de Castro e o Almirante Tamandaré.
Wilson Ribeiro mora no Pará e tirou o dia para conhecer os museus de Brasília ao lado do amigo Ademir Costa. "É a primeira vez que eu venho aqui e achei muito importante conhecer a história daqueles que, de alguma forma, fizeram a diferença na construção política do nosso país", disse.
Projeto-piloto
A poucos passos do panteão, chegamos ao Espaço Lúcio Costa, um pequeno museu subterrâneo que armazena a maquete vencedora do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. O projeto — um dos 26 que concorreram para dar forma à Brasília — consolidou Lúcio Costa como urbanista que pensou os diversos pontos de uma cidade funcional, como a Rodoviária, a Esplanada, a Torre de TV, a Universidade de Brasília (UnB), as superquadras, a Praça dos Três Poderes, a localização e o volume do Conjunto Nacional e do Conic.
Natilane Gomes aproveitou o tempo de folga para apresentar à família alguns pontos turísticos de Brasília. Foi com a mãe, Dona Maria Zélia, que veio da Bahia, a filha, Maria Helena Gomes, e o marido, João Paulo Toledo, conhecer o Espaço Lucio Costa. João ressaltou a confusão das pessoas entre os arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer, e aproveitou para comparar as contribuições dos dois para a capital. "Oscar Niemeyer projetou mais os monumentos. Mas a urbanização de Brasília, como o projeto do Plano Piloto, que, para mim, acabou sendo muito mais importante, foi o Lucio Costa."
Júnior Fernandes, 27 anos, é mediador cultural do espaço e comenta sobre sua percepção em relação à arquitetura de Brasília, que é reconhecida mundialmente por ser uma das maiores criações arquitetônicas da história. "Acho que, por ter crescido aqui, estou acostumado com a arquitetura. Noto a diferença quando visito outros estados. Eu percebo como Brasília é uma cidade diferente, tem uma amplitude maior de visualidade do céu", compara.
O Museu Histórico de Brasília, ou, como é mais conhecido, o Museu da Cidade, foi projetado por Oscar Niemeyer e dispõe de um acervo pequeno, que conta a história da construção da capital em textos escritos nas paredes. É o museu mais antigo da capital, inaugurado junto a Brasília em 21 de abril de 1960. O espaço representa a mudança da capital do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste.
Lucas Araújo, 24 anos, baiano, está fazendo um curso de férias em Brasília com a amiga Katiane Santos, 27 anos, curitibana. "Estou gostando de conhecer o lugar de onde partem todas as decisões do país", declara Lucas sobre a viagem. "Visitar um espaço criado por Oscar Niemeyer faz a gente pensar em como ele foi importante não só para a história de Brasília, mas para o Brasil. Em Curitiba, a gente tem um museu dedicado ao arquiteto", acrescenta Katiane.
Colaborou Fernanda Cavalcante, estagiária sob a supervisão de Márcia Machado