A população de Águas Lindas de Goiás, assim como a do Distrito Federal, está preocupada com o aumento significativo no número de casos de dengue em janeiro na região. Segundo a Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO), foram confirmados 712 casos e quatro possíveis óbitos pela doença estão em investigação no município. No entanto, levando-se em consideração os casos notificados nas três primeiras semanas do ano, o aumento foi de 287% — 1.098 este ano e 283 no mesmo período de 2023.
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Para a educadora municipal Sandra Silva, 61 anos, contrair a dengue foi traumática. Após quase duas semanas de sintomas, nesta quarta-feira (24/1), a moradora de Águas Lindas retornou à Unidade Básica de Saúde (UBS) do Camping Clube para tomar soro e medicação. "Muita dor no corpo, vontade de vomitar e febre. Tive muita dor no estômago e dor de cabeça também. Nunca tive dengue. É horrível o que a gente sente. Não recomendo nem ao meu pior inimigo. Tem que aceitar, aguentar firme e procurar os meios para evitar que agrave a doença", disse.
Além de Sandra, o marido dela, que tem 66 anos, também foi acometido pela doença e teve de ir a Uruaçu, a mais de 200km de distância, para se tratar. "Ele teve dengue no mês passado. Saiu da UPA aqui de Águas Lindas e foi para outra cidade", relembrou. "A situação da dengue está extremamente alarmante", enfatizou. "A população tem que se conscientizar de que não deve deixar lixo em qualquer lugar. É sofá, é vaso de banheiro, é pia. Vai jogando e acha que a doença não pega nela, mas vai pegar e está adoecendo todo mundo", exclamou.
Funcionário em uma loja de materiais de construção no município goiano, Vinicios Alves, 32 anos, também procurou a UBS no Camping Clube. Abatido, ele contou que os sintomas tiveram início no último sábado. “Esse está sendo o pior dia de sintomas até agora. Sensação de que estou só piorando. Acordei com muita dor no corpo, febre, dor atrás dos olhos e de cabeça”, relatou o morador da região, que pegou dengue pela primeira vez. Tomando medicação, ele avaliou que se sentia um pouco melhor, mas ainda estava com dores. “Está muito assustador a alta de casos. Muita gente está pegando dengue e a gente vai vendo cada vez mais pessoas doentes”, relatou.
Sebastião Nogueira, 88 anos, foi levado pela nora, a técnica em enfermagem Luciana da Conceição Nascimento, 33 anos, ao Hospital Municipal Bom Jesus. O teste deu positivo e o idoso tomou medicações e soro na veia antes de deixar a unidade hospitalar. Seu Tião, como é chamado, contou que já teve dengue uma outra vez há alguns anos e se queixou das dores. “Deu uma preguiça. Se eu me sentasse, não queria levantar. Uma fraqueza, tive febre e pouca dor no corpo”, relatou o idoso. A nora diz estar assustada com o elevado número de casos. “A minha irmã tem quatro filhos e três pegaram dengue. Meu pai tem 80 anos e ele ainda não pegou, mas estou com medo. Vou levá-lo para minha casa, porque o foco está perto”, comentou a técnica, que já teve a doença. “É horrível. Dói tudo. Tenho me cuidado ao máximo para não pegar de novo”, destacou.
Enfrentamento
Para enfrentar a alta nos casos de dengue, o Governo de Goiás adotou uma estratégia coordenada para apoio aos seus 246 municípios — os Gabinetes de Crise para Arboviroses. Segundo o governo, a ação, realizada entre a SES e a Defesa Civil de Goiás, consiste no monitoramento de informações para a tomada de decisões, como quantidade de insumos e leitos, número de casos da doença e estoque de medicamentos, além de medidas de combate ao mosquito.
A região de Águas Lindas de Goiás foi escolhida para o início da ação devido ao cenário epidemiológico. O primeiro gabinete foi instalado na sede da Vigilância em Saúde do município. Outros dois gabinetes hospitalares foram implantados na UPA Mansões Odisséia e no Hospital Municipal Bom Jesus. De acordo com o Executivo do estado, além da ampliação dos horários de atendimento, as unidades também disponibilizaram ambientes para hidratação dos pacientes com suspeita de dengue.
Como forma de tratar as pessoas que estão com suspeita de dengue com mais rapidez, a Secretaria Municipal de Saúde de Águas Lindas de Goiás está com atendimento de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 21h, nas seguintes UBS, para casos leves: Camping Clube, Mariano Rufino, Setor X, Barragem II/IV, Guaíra; e no Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE). Aos fins de semana, o atendimento nas unidades do Setor X, Camping Clube e NVE foi ampliado — das 9h às 21h.
Parceria
Além dessa estratégia, a Prefeitura Municipal realizou, no último sábado, o Dia D — Dengue Zero em Águas Lindas, que resultou na vistoria de 30 mil imóveis contra focos do mosquito. Mais de mil pessoas participaram da ação, que incluiu ainda controle químico, roçagem de mato e recolhimento de entulhos, lixo e outros possíveis criadouros do Aedes aegypti.
Secretário municipal de saúde de Águas Lindas, Evandro Soares destacou que o município deve fechar o mês de janeiro com cerca de 1000 casos confirmados. "A doença está se mantendo num nível alto com aproximadamente 250 casos por semana", comentou. No entanto, ele está otimista com a queda no número de pessoas infectadas após o Dia D. "Estabilizamos com o número de casos, mas em um patamar muito alto ainda. Esperamos que daqui a 15 dias tenhamos a quebra desse ciclo do mosquito e a gente consiga começar a declinar essa curva", ressaltou.
Foram utilizados drones para localizar focos de dengue em lotes e casas abandonadas para que seja feita a limpeza. "Já eliminamos milhares de criadores, mas ainda tem muito para eliminar", avaliou. Além disso, Evandro destacou a parceria entre o estado de Goiás e o Distrito Federal. "Já detectamos no nosso sistema que há pessoas que vêm do DF, assim como pessoas daqui buscam atendimento na capital. Então, precisamos desta parceria neste momento", concluiu.
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