Saúde pública

Avanço da dengue faz GDF intensificar ações

Com o aumento de casos no DF, governo intensificou o combate ao mosquito Aedes aegypti. Neste sábado, foi realizado mutirão no P Sul, Ceilândia, região com maior incidência da doença que tem provocado sintomas graves

O Governo do Distrito Federal (GDF) deu, na manhã de ontem, mais um passo rumo ao combate ao mosquito Aedes aegypti no DF. A governadora em exercício Celina Leão liderou o Dia D de combate à dengue, na unidade básica de saúde (UBS) 9, no P Sul, com o lançamento da força-tarefa que intensifica as ações de vigilância e assistência. A mobilização vai unir esforços de diferentes setores do Executivo em busca da diminuição de casos da doença no DF.

O combate ao mosquito em Ceilândia contou com 10 carros fumacê, uma das principais estratégias para reduzir a proliferação do transmissor da dengue, que rodaram as ruas e quadras da região, além de visitas às residências da área, realizadas por agentes de vigilância ambiental em Saúde e agentes comunitários de saúde, junto aos bombeiros, para fiscalização dos cuidados dos moradores em relação à doença. "O evento do Dia D não foi realizado no P Sul aleatoriamente. Essa região foi escolhida porque é a área com mais casos de dengue no DF", declarou a governadora em exercício. Após o lançamento da operação, a força-tarefa passará por todas as regiões administrativas do DF, conforme cronograma da Secretaria de Saúde (SES-DF), de acordo com estudos técnicos que indiquem a ordem de prioridade.

Durante o evento, Celina Leão frisou a importância da contribuição popular no combate à doença. "Precisamos da colaboração das pessoas, pois 94% dos casos de dengue são detectados dentro das residências, então nós temos essa limitação. Nós contratamos 150 agentes de vigilância sanitária que poderão entrar nas casas, mas a própria população pode nos ajudar. São coisas simples, como não deixar água parada e não acumular lixo", listou. Com a contratação dos novos agentes, um investimento de R$ 8 milhões, o número de servidores passa de 800 para 950.

A governadora explicou também que as intensas chuvas registradas no DF nos últimos dias foram cruciais no aumento dos casos de dengue. "A chuva piora o quadro epidemiológico aqui do DF. Nós tivemos o pior índice de chuvas em muitos anos. Então, isso contribuiu para que nós tivéssemos esse aumento de mais de 200% nos casos de dengue. Uma coisa realmente afeta a outra. O que nós podemos fazer é não deixar a água parada e, se necessário, chamar a vigilância sanitária, fazer a denúncia no 156 de lotes que estão com água parada, lotes que são privados e não conseguimos acessar. Eles também podem ser foco de dengue. É um trabalho grande que precisa ser feito por todos", afirma Celina.

Para atender o crescente número de infectados com a doença, o GDF tem feito melhorias na área da saúde. Uma das mudanças anunciadas por Celina foi a adaptação das UBSs tipo 2, que têm equipe mais completa, para o atendimento de casos de dengue. "As UBSs tipo 2 foram adaptadas e, a partir de agora, 40% delas ficarão com a pronta resposta para atender pessoas com dengue. Dentro da própria UBS, a população conseguirá fazer sorologia para descobrir se está com dengue ou não e até mesmo fazer a hidratação (no caso de diagnóstico positivo)", informou a governadora.

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, também divulgou a ampliação dos horários de funcionamento das unidades de saúde. "A região oeste do DF, a partir do próximo fim de semana, terá UBSs tipo 2 abertas aos domingos. Hoje, nós temos 60 unidades que abrem aos sábados pela manhã e 14 que abrem até as 22h", destacou. As UBSs tipo 2 são as unidades de saúde que contam com duas equipes de atenção básica.

Casos

O cantor Douglas Ferraz, 26 anos, não pôde celebrar as festas de fim de ano devido à doença. Morador do Guará, ele teve os primeiros sintomas de dengue no dia do Natal e só apresentou melhoras a partir de 3 de janeiro. "Nós sempre nos prevenimos bastante da dengue aqui em casa porque temos uma área com plantas, então sempre estamos de olho para conferir se os vasos estão com água parada, inclusive todos eles são furados justamente para evitar que esse tipo de coisa aconteça", contou. "Não sei dizer ao certo onde peguei a doença. Não acredito que tenha sido na minha casa, devido aos nossos cuidados, mas a época de chuva realmente complicou a situação", avaliou.

Segundo Douglas, os sintomas da doença foram "terríveis". "Eu cheguei a ter 39° de febre. Achei que ia ser uma doença normal, mas foi de longe a pior que eu já tive na vida", garantiu o cantor. "Eu senti dor do dia 25 de dezembro a 3 de janeiro sem parar. Na hora de dormir, não tinha posição confortável. Era uma dor muito forte no corpo, não tinha paracetamol que fizesse passar", relatou. "Eu não conseguia comer nada e, quando conseguia, vomitava quase que instantaneamente. Acabei emagrecendo bastante também. Isso aconteceu no Natal, e só esta semana que eu comecei a comer de verdade", complementou.

Outra moradora do Guará Emily Verde, 36 anos, também sentiu fortes sintomas da doença. "Fui para o hospital passando mal, com muitas dores por todo o corpo, vômito intenso e febre. No hospital já suspeitaram que seria dengue, pois a emergência estava lotada com vários casos da doença", relembrou a psicóloga.

Apesar do tratamento feito à base de hidratação, analgésicos e antitérmicos, Emily ainda sofreu de um quadro de urticária, que durou dois dias. "Na minha casa, sempre tomamos cuidados preventivos, pois temos algumas plantas suspensas. Agora, no entanto, o cuidado foi redobrado, mas ainda não temos segurança nenhuma, pois o caminhão que borrifa o veneno para dengue só passou uma vez no Guará II, em março de 2023", lamentou Emily.

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