Presos acusados de assassinar o policial penal do Estado de Goiás José Françualdo Leite Nóbrega, 36 anos, Manelito de Lima Júnior e Daniel Amorim Rosa teriam usado o dinheiro desviado da loja da vítima, onde trabalhavam, para comprar casas em nomes de terceiros, segundo informou a família da vítima ao Correio. A dupla está presa em uma Unidade Prisional de Corumbá de Goiás.
Manelito, apontado como o mentor do crime, era amigo de mais de 15 anos de Françualdo e prestava serviços ao policial na empresa que ele gerenciava, uma loja de aluguel de materiais para construção, em Águas Lindas. Era Manelito o responsável por administrar a área financeira da loja: fazer depósitos, efetuar saques e até guardar altas quantias em casa. “Ele e o Daniel vinham roubando meu irmão há muito tempo. No começo de novembro, o Françualdo disse à esposa que os dois estavam desviando dinheiro há cerca de seis meses”, afirmou José Fagner, um dos irmãos do policial.
Fagner diz que conseguiu levantar informações sobre ao menos três casas compradas por Manelito em nome de terceiros, mas desconfia da compra de mais residências com o dinheiro desviado da loja. Os imóveis teriam sido registrados em nome de outras pessoas para não levantar suspeitas. O fato está em apuração pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO).
Cirurgia
Françualdo ajudou financeiramente Manelito, que precisava passar por uma cirurgia de alto custo, segundo a família. Assim que começou a prestar serviços na loja, Manelito teve um grave problema de coluna e não tinha como custear R$ 80 mil para realizar o tratamento. “Meu irmão pagou tudo e deixou ele (Manelito) pagar mensalmente um valor insignificante, praticamente de graça”, disse Fagner.
Execução
A polícia constatou que o policial morreu no mesmo dia em que desapareceu, em 27 de novembro. A família relata que o servidor desconfiava de um suposto desvio de dinheiro por parte dos funcionários e, por isso, convocaria uma reunião para tratar sobre as questões financeiras da loja. Os encontros ocorriam mensalmente e só participavam os empregados considerados de confiança da vítima.
Na noite de 27 de novembro, Françualdo, como de costume, preparou um churrasco na chácara onde morava, em Águas Lindas, e convocou Manelito, Daniel, e Felipe Nascimento (considerado foragido). De acordo com as investigações, o policial foi surpreendido e assassinado com um tiro nas costas e três no peito. O responsável pelos disparos teria sido Manelito, apontado como o mentor do crime.
Ao ser preso, na noite de sábado, Manelito confessou o crime e deu detalhes à Polícia Civil sobre toda a ação. Após a execução, iniciou-se uma força-tarefa por parte dos assassinos para desovar o corpo e limpar a chácara. Segundo as investigações, Daniel e Felipe levaram o corpo até a região de mata, uma antiga cascalheira, e, lá, atearam fogo no cadáver. Manelito, por sua vez, organizou toda a residência, lavou o imóvel e saiu levando o colar, a pulseira de ouro e a pistola do amigo.
Saiba Mais
Um dia depois do crime, os assassinos levaram a caminhonete de Françualdo até uma estrada de chão, no Paranoá, e queimaram o veículo. Dias depois, “plantaram” o boné do policial com a logo do sistema prisional em um córrego de Planaltina. A intenção era despistar a polícia. Os investigadores trabalham com outros dois suspeitos: Deivid Amorim Rosa, irmão de Daniel, e Marinalda Mendes, esposa de Manelito. A mulher teria auxiliado na queima do veículo da vítima. Delegado à frente do caso, Vinícius Máximo, relata que outras prisões foram requeridas à Justiça.
Na delegacia, Manelito confessou o crime e disse ter matado o amigo em momento de ira, pois Françualdo seria uma pessoa nervosa, que o humilhava. No entanto, não demonstrou nenhum tipo de arrependimento ou comoção, afirmou o delegado.