Investigado por suposto desvio de verbas públicas em eventos esportivos, Francisco Santoro, ex-subsecretário de Saúde Física para o Servidor Público, na Secretaria de Economia, foi indiciado pela Polícia Civil do DF (PCDF) por adulteração de sinal identificador de veículo, após usar uma placa falsa em um carro oficial do GDF. Em maio do ano passado, o campeão de jiu-jítsu foi alvo de um mandado de busca e apreensão no âmbito da operação Armlock, desencadeada pelo Ministério Público (MPDFT), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Exonerado no mesmo mês da operação, Kiko, como é mais conhecido, voltou a ser nomeado para um cargo no governo em dezembro de 2023.
À época, foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão nas Secretarias de Economia e de Esporte. Além dos mandados no DF, houve buscas em cinco endereços em Goiânia, por suspeitas de desvios de recursos em parcerias com uma entidade para a realização de torneios de jiu-jítsu. Para a realização desses eventos, a Secretaria de Esportes repassou em apenas um ano, entre os anos de 2021 e 2022, R$ 841.398,92. Contudo, os eventos serviam apenas de fachada para mascarar o destino das verbas.
Francisco Santoro era o presidente da Federação Brasiliense de Jiu-jítsu, uma das instituições beneficiadas pelo esquema. Além de chefiar a subsecretaria, o atleta profissional era conselheiro do Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Esporte (Confae).
Placa adulterada
No cumprimento dos mandados de busca, a PCDF, por meio da Delegacia de Repressão à Corrupção, vinculada ao Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (Drcor/Decor), apreendeu um veículo oficial do GDF na casa de Santoro.
A caminhonete S10 compunha a frota do DF e foi disponibilizado, via contrato, à Secretaria Executiva de Valorização e Qualidade de Vida (Sequali). O carro foi entregue com a placa original. No entanto, no cumprimento das buscas, a polícia encontrou o carro com uma placa “fria”, ou seja, adulterada. A caminhonete também teria sido adaptada por Santoro com uma sirene ao lado da bateria e, aparentemente, um rádio comunicador próximo ao volante, elementos esses proibidos, pois alteram a originalidade do veículo.
À polícia, o Departamento de Trânsito (Detran-DF) esclareceu que a caminhonete estava com a placa “baixada e desautorizada”. Por esse motivo, os investigadores concluíram que as placas originais foram substituídas pelo atleta. Santoro responde pelo crime de adulteração de sinal identificador de veículo, conforme o art. 311 do Código Penal.
Ao Correio, Santoro disse não ter conhecimento sobre o indiciamento e que a placa do veículo era vinculado a outro carro da secretaria. "A placa não foi trocada por mim, até porque eu era subsecretário e não tinha conhecimento das questões relacionadas às frotas da secretaria. Em relação ao rádio comunicador, não existe isso. Essa questão da placa é uma questão de cunho administrativo e será provado".
Alegou ainda que fazia uso do veículo, assim como outros veículos que estavam disponíveis para outros servidores.
Nomeação
Sete meses depois da operação Armlock, Santoro voltou ao GDF. Dessa vez, assumiu o cargo de assessor especial do gabinete da Administração Regional do Sudoeste/Octogonal. A nomeação foi publicada em 28 de dezembro no Diário Oficial do DF (DODF).