O assassinato do policial penal do Estado de Goiás José Françualdo Leite Nóbrega, 36 anos, contou com a participação de ao menos cinco pessoas e foi tramada no círculo de confiança da vítima. Três delas eram funcionárias da empresa que ele administrava, uma loja de aluguel de materiais de construção localizada em Águas Lindas de Goiás. Françualdo ficou desaparecido por mais de um mês e teve o corpo encontrado neste sábado (6/1), em uma área de mata, entre Cocalzinho e Padre Bernardo (GO).
A motivação do homicídio é investigada pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). Dois dos envolvidos estão presos: Manelito de Lima Júnior e Daniel Amorim Rosa de Oliveira. Felipe Nascimento dos Santos, também empregado da loja, e o irmão de Daniel, Deivid Amorim Rosa, são considerados suspeitos. A apuração apontou ainda para a participação de Marinalda Mendes, mulher de Manelito. A mulher teria auxiliado a queimar o veículo da vítima no Paranoá.
Manelito e Daniel seriam os mentores do crime, revelou a polícia. Na delegacia, confessaram o homicídio. Manelito, em depoimento, contou que o policial era uma pessoa agressiva, nervosa e o humilhava constantemente. Alegou ainda que Françualdo ameaçou matar ele e os pais e, por isso, decidiu se vingar.
Delegado à frente do caso, Vinícius Máximo, disse que Manelito se associou a Daniel e Felipe para assassinar o agente. “Eles combinaram de levar o corpo ao local de desova. Um dia depois do crime (28 de novembro de 2023), levaram o carro até o Paranoá e atearam fogo. Depois, ainda jogaram o boné em um córrego de Planaltina na tentativa de despistar a polícia”, afirmou.
A polícia constatou que Françualdo foi morto no dia em que sumiu, em 27 de novembro do ano passado. O agente estava em casa, em Águas Lindas, e convocou uma reunião com os funcionários para tratar sobre os negócios financeiros da loja, pois desconfiava de um suposto roubo nas finanças. Os encontros eram de praxe e ocorriam mensalmente.
Naquele mesmo dia, os assassinos montaram uma armadilha para tirar a vida do patrão. Françualdo foi morto com quatro tiros: um nas costas e três no peito. Depois, o corpo do agente foi levado até uma estrada de terra, a 84km de Águas Lindas, desovado e carbonizado.
Sumiço
José Wagner, um dos irmãos de Françualdo, revela que Manelito se mudou de Águas Lindas para Brasília durante o período de buscas pelo agente, o que gerou desconfianças na família. “Eles se afastaram, se mudaram e estavam muito tranquilos. Por isso, começamos a desconfiar. Continuaram a trabalhar como se nada tivesse ocorrido. No dia do crime, ainda levaram um cordão e uma pulseira de ouro e a pistola do meu irmão”, contou.
Saiba Mais
Para o irmão, os acusados teriam desviado dinheiro da loja e, ao serem descobertos por Françualdo, optaram por ceifar a vida da vítima. “O Manelito e o Daniel eram braço-direito dele (Françualdo). Guardavam até R$ 150 mil em casa do faturamento da loja. É um choque para nós sabermos que os amigos dele fizeram isso”, desabafou.
A reportagem conversou com a advogada de Manelito e Daniel. Tereza Jacinto diz ter acesso ao processo para se manifestar, mas que requereu que os dois fossem transferidos ao presídio estadual da cidade por questões de segurança.