Investigação

Analista do MP recrutava advogados novatos para defender empresas suspeitas

Suedney dos Santosteria participado de esquema de lavagem e desvio de dinheiro do extinto sistema de bilhetagem DFTrans

Foragido da Justiça por suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro desviado do extinto sistema de bilhetagem DFTrans, o analista do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Suedney dos Santos, 45 anos, cooptava jovens advogados para atuar na defesa das causas da rede de empresas investigadas na operação da Polícia Civil (PCDF). A informação foi repassada à polícia por advogados durante depoimentos.

As investigações conduzidas no âmbito da operação Old West, desencadeada pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) no final de dezembro, revelaram que Suedney consultava processos e repassava informações sigilosas para integrantes de um esquema de lavagem de dinheiro. Em pelo menos três anos, de 2017 a 2019, o analista recebeu cerca de R$ 140 mil para fazer o serviço.

Em depoimento prestado à PCDF, advogados revelaram que era Suedney o responsável por escolher os profissionais da defesa. Como ele não podia advogar em razão do cargo, o analista se valia das inscrições dos jovens advogados e repartia com eles os honorários. Boa parte do dinheiro ficava com ele e, na saída de qualquer um dos advogados do processo, Suedney ditava as regras para a substituição, segundo a polícia.

Os advogados acusam Suedney de exigir que os valores de alvarás expedidos em favor das empresas investigadas fossem creditados diretamente na conta dele. Uma das advogadas recrutadas pelo analista prestou depoimento por meio de videoconferência na quarta-feira. Ela reside em Portugal e atuou na defesa das empresas investigadas e repassou valores referentes a um alvará judicial para Suedney em novembro de 2023.

Operação

De acordo com a Polícia Civil, o analista foi cooptado pelo esquema, encabeçado e liderado pelo empresário Ronaldo de Oliveira, 48, para monitorar processos sigilosos na Justiça.

Alguns dos pagamentos recebidos pelo analista eram depositados, também, pela mulher do empresário, Soraya Gomes da Cunha, 39. A movimentação bancária ocorreu em março de 2018, quando a PCDF e o MPDFT deflagraram a Operação Trickster, que apurou condutas de corrupção e desvio milionário de recursos do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal (DFtrans).

O analista chegou a ter a prisão temporária solicitada na operação deflagrada em 20 de dezembro, mas o MP negou o pedido. Agora, com a nova decisão da Justiça, Suedney é foragido da polícia.

Em nota, o MPDFT afirmou que instaurou um procedimento administrativo e constituiu uma comissão para averiguar a situação e apurar responsabilidades. "Já a questão criminal é acompanhada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. Ambas correm em sigilo. Os acessos desse servidor aos sistemas do MPDFT já foram bloqueados", afirmou.

 


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