Por Caio Ramos*
O carnaval de Brasília está para começar, e um dos principais temas levantados é o assédio e a segurança. O respeito às pessoas, principalmente às mulheres, e a questão da tolerância das forças de segurança foram temas do podcast Conversa com o Zé, que recebeu os fundadores do bloco Eduardo e Mônica, Meolly Rony, Marquinho Vital e Diogo Villar. Ao jornalista José Carlos Vieira, os três empreendedores destacaram, ontem, a necessidade de o poder público enxergar o carnaval como um movimento cultural que também gera empregos e impostos.
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Meolly Rony reforça a importância de os blocos e do poder público investirem na segurança dos foliões. "Falta um treinamento, um trabalho intenso dos órgãos de segurança para que o carnaval da cidade possa ser visto com respeito e atraia mais turistas" afirma.
Diogo Villar ressalta que o Eduardo e Mônica leva a segurança do carnaval a sério. "Sempre tivemos muita preocupação, a questão da segurança é mais prioridade do que a própria música do bloco, porque (toda documentação do evento) estava em nosso nome, tratamos tudo com muita cautela, para não ter nenhum tipo de problema", enfatiza.
Com relação à questão do assédio sexual e da importunação em blocos, José Carlos questionou sobre a importância de se criar protocolos dentro dos blocos para cuidar desse tipo de problema. Marquinho Vital reforça que, "apesar de termos uma certa evolução na sociedade, de uns tempos para cá, é essencial destacar e sempre deixar claro a relevância de respeitar a liberdade da pessoa, para evitar qualquer tipo de conflito".
"Há dois anos, fazemos uma parceria com entidades públicas e ONGs para distribuirmos panfletos falando da importância de respeitar a liberdade da pessoa (principalmente as mulheres), que o 'não é não'. Este ano, quem tiver interesse em fazer esse tipo de campanha, pode entrar em contato, que a parceria será feita, pois o bloco Eduardo e Mônica é totalmente aberto a isso, levanta essa bandeira e respeita muito a todos", ressalta Diogo Villar.
Como surgiu o bloco Eduardo e Mônica? Os fundadores lembram que a ideia era transformar o rock em carnaval, e o carnaval em rock. "Tínhamos uma ideia de fazer uma reunião de amigos no carnaval, pois a maioria curtia rock (os três são integrantes de bandas autorais de rock). "Era um período que não tinha muitos meios para se divertir, a ideia inicial era reunir uma galera da cena do rock de Brasília para curtir em pleno carnaval. Assim surgiu o bloco. Fizemos uma pequena reunião e decidimos montar algum projeto, cogitamos até em só vender cerveja, mas a ideia final foi criar um bloco de carnaval que envolvia folia e rock", disse Meolly Rony.
"Em relação ao início do bloco, nós sempre tivemos um agradecimento especial ao Correio Braziliense, pois antes de começarmos a fazer o primeiro show, aparecemos na capa do jornal (em janeiro de 2017), ficamos numa felicidade enorme e essa notícia sobre nós, com certeza, legitimou o bloco, deu uma importância para gente e para o projeto que estava nascendo. Conseguimos colocar cerca de 10 mil pessoas na rua (em fevereiro daquele ano)", reconhece Marquinho Vital
Economia criativa
Apesar de o carnaval ser uma grande festa (este ano deve reunir 1,7 milhão de pessoas), é, principalmente, um empreendimento. Quem vê o carnaval por fora, não enxerga a enorme cadeia produtiva que gera empregos e impostos. "Quem vê um bloco hoje na rua, não imagina que há uma grande equipe de profissionais na produção desse evento. Ficamos muito contentes com isso, pois, a cada ano que passa, o grupo cresce mais. Hoje temos também uma outra equipe em São Paulo (onde o trio elétrico do bloco Eduardo e Mônica deve levar 300 mil pessoas ao Parque Ibirapuera), então, com certeza é um projeto que envolve muita gente e que faz a economia girar", acrescenta Meolly Rony. O trio elétrico do bloco também tem agenda em Goiânia, em 3 de fevereiro.
*Estagiário sob a supervisão de Suzano Almeida
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Confira a íntegra do podcast
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