O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) converteu em preventiva a prisão do segundo-sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), Andrey Suanno Butkewitsch. O militar é acusado de disparar na cabeça de uma mulher durante uma briga em um bar de Alto Paraíso de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, na madrugada de domingo (28/1).
Na decisão proferida na manhã desta segunda-feira (29/1), a juíza Renata Farias Costa Gomes de Barros Nacagami converteu a prisão do bombeiro em preventiva. De acordo com a Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), tudo começou quando o militar estava na fila do estabelecimento para efetuar o pagamento. O bombeiro começou a olhar para a maquiadora Jully da Gama Carvalho, o que incomodou o noivo da jovem. O homem, então, resolveu tirar satisfação com Andrey e os dois iniciaram uma luta corporal.
Após o término da briga, a jovem, acompanhada do noivo e de outros dois amigos, saíram do local, em direção ao local onde estavam hospedados. Com os quatro dentro do carro, Andrey dirigiu-se até o veículo da vítima, pegou a arma e disparou contra o vidro traseiro do carro, acertando a nuca da maquiadora. O bombeiro deixou o local acompanhado de um amigo, o advogado identificado como Sandro Fleury Batista, mas foram encontrados na mesma rua, por policiais militares.
“Convém observar que a vítima sequer foi ouvida, haja vista ter sido internada em estado grave na UTI do hospital, após ter sido atingida na nuca com um tiro disparado pelo autuado Andrey. Ainda, releva considerar que, na condição de sargento do Corpo de Bombeiros, (Andrey) tinha o dever de cuidado e proteção, ainda mais quando ele próprio deu início às agressões, empurrando o marido da vítima no interior do bar e, posteriormente, após cessada a confusão, retornar ao seu carro, correr na via pública e efetuar um disparo, no meio de transeuntes, colocando em risco também a vida de populares que se encontravam no local”, escreveu a juíza.
“Tenho que a sua prisão preventiva é necessária para garantia da ordem pública e da instrução processual, mormente levando-se em conta a possibilidade de, em liberdade, vir a intimidar testemunhas do fato, além da maior reprovabilidade de sua conduta por ser integrante da força pública de segurança, demonstrada, portanto, a periculosidade em concreto do fato”, esclareceu a magistrada.
Em nota, o CBMDF informou que tomou conhecimento do caso e que os fatos são apurados. “Se confirmada autoria e materialidade, a Corregedoria irá adotar as providências internas que o caso requer. Reiteramos ainda que o CBMDF não compactua com condutas delituosas de qualquer natureza e primamos pela conduta ilibada e exemplar da tropa, que são pautadas pelos regulamentos e pilares que norteiam a Corporação.”
Liberdade provisória
Já sobre o amigo do bombeiro, o advogado Sandro Fleury Batista, a juíza decidiu conceder liberdade provisória, com fiança fixada em R$ 14,1 mil. Nas imagens do circuito interno do bar, Sandro aparece tentando apartar a briga. Ele foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
“De modo que não se pode extrair, estreme de dúvidas, que ele tenha induzido ou participado ativamente da tentativa de homicídio ocorrida após a briga envolvendo Andrey e o marido da vítima. A conduta praticada pelo autuado Sandro, de retornar para o bar com arma em punho, após Andrey ter efetuado o disparo deverá ser melhor apurada”, escreveu a juíza.
A reportagem apurou que o advogado já pagou a fiança. Ele deverá cumprir algumas medidas, como a proibição de contato com a vítima, familiares e testemunhas do processo (incluindo funcionários do bar) e proibido de retornar à Alto Paraíso de Goiás.
O Correio não conseguiu contato com a defesa dos dois envolvidos.
Prisão
O militar e o amigo foram encontrados em uma caminhonete, na mesma rua onde ocorreu o disparo. Na delegacia, Andrey confessou que houve a discussão e disse ter atirado na intenção de intimidar os envolvidos, mas não para atingir a vítima. No entanto, a polícia entendeu que houve, sim, a tentativa de ferir não só Jully, mas os outros três passageiros do veículo.
Por causa disso, o bombeiro será indiciado por homicídio qualificado tentado contra as quatro vítimas. “Vamos angariar mais elementos e coletar imagens de monitoramento para saber se houve perseguição por parte do bombeiro contra as vítimas”, explicou o delegado José Sena, à frente do caso.
A maquiadora foi encaminhada ao Hospital de Base, onde passou por cirurgia. Segundo a família, a expectativa é de que a jovem seja transferida para o quarto de internação nas próximas horas.
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