Dengue

Vigilância intensifica ações em residências com visitas aos finais de semana

Cerca de 700 profissionais de vigilância ambiental estão realizando visitas porta a porta para inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito transmissor. GDF nomeou 75 novos agentes de saúde aprovados em concurso

Fábio da Silva de Oliveira se apresentou à tenda com fortes dores no corpo -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Fábio da Silva de Oliveira se apresentou à tenda com fortes dores no corpo - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O aumento expressivo do número de casos de dengue no Distrito Federal tem mobilizado forças de saúde e de segurança para combate e tratamento da doença. Cerca de 700 profissionais de vigilância ambiental têm visitado residências diariamente para atuar na inspeção, verificação e eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti. Além de residências, são verificados terrenos abandonados, borracharias, floriculturas e outros espaços considerados de risco para a proliferação.

A Vigilância Ambiental iniciou visitas aos sábados para aumentar a eficiência dessas inspeções nas residências que ficam fechadas, porque seus moradores trabalham durante toda a semana. A conscientização da população também é importante para o combate ao mosquito, tanto na eliminação dos focos do transmissor como no descarte do lixo.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Ses) tem atuado junto à Defesa Civil, à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), ao Serviço de Limpeza Urbana (SLU), ao Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) e à Polícia Militar do DF (PMDF) para combater o Aedes aegypti e fornecer atendimento aos pacientes com sintomas. Em apenas três dias, de 20 a 22 de janeiro, foram feitos 7.569 atendimentos em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas tendas montadas junto a nove administrações regionais (veja quadro). Desse total, 3.678 foram nas tendas e 3.891 nas UBSs. Mais de 2 mil pessoas receberam hidratação venosa — o primeiro tratamento para os sintomas da dengue.

Atendimento

Ceilândia é uma das regiões administrativas com mais casos prováveis e confirmados de dengue e também uma das regiões que receberam uma tenda de atendimento à população com sintomas da doença. Desde a instalação, no último sábado, a estrutura tem atendido cerca de 250 pessoas por dia. Nela, há uma equipe de 30 pessoas trabalhando, entre bombeiros e profissionais de saúde. O aposentado Francisco de Brito Castro esteve no local buscando atendimento. "Aguardei cerca de uma hora, mas fui bem atendido. Estava com dores há cerca de dois dias, sintomas parecido com os da covid. Estava tomando paracetamol de seis em seis horas, mas não estava adiantando", descreveu.

O diretor de Atenção Primária à Saúde da região Oeste (Ceilândia, Brazlândia e Sol Nascente), Marcondes Mendes, orienta que a população deve procurar a tenda ou unidade de saúde mais próxima de onde mora, para não sobrecarregar nenhum ponto de atendimento. "É importante que os pacientes procurem atendimento próximo de casa. As notificações são importantes, pois são norteadoras da política pública de saúde, alocação de recursos e ações", destacou.

Marcondes detalhou, ainda, o fluxo de atendimento nas tendas. "O paciente chega, passa por uma triagem, faz um teste rápido e, depois, o teste do laço para ver se tem risco hemorrágico", declarou, referindo-se ao exame rápido, realizado para identificar a fragilidade dos vasos sanguíneos e a tendência ao sangramento. "Após a triagem, os pacientes são divididos em quatro grupos: A, B, C e D. No grupo A, estão os pacientes menos graves, que são atendidos, orientados e encaminhados para casa. Os pacientes inseridos nos grupos B, C e D precisam fazer exame de sangue, que é feito na própria tenda e o resultado sai em uma hora. Alguns precisam de soro intravenoso", especificou.

Entre sábado e ontem, houve três remoções de pacientes da tenda de Ceilândia para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Nas tendas, há uma ambulância do Corpo de Bombeiros de prontidão para transportar os pacientes que necessitam.

O motorista de transporte escolar Fábio da Silva de Oliveira, 58, também esteve na tenda de Ceilândia, ontem, e chamou atenção às responsabilidades de cada cidadão no combate à doença. "Estou sempre atento ao meu lixo e água parada. Faço a minha parte, mas se os vizinhos não fizerem a deles, não adianta, porque o mosquito pode transitar facilmente entre uma casa e outra", lamentou.

Repelente

Para evitar o contato com o mosquito, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Ses) recomenda o uso de repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. O produto também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Repelentes de insetos contendo DEET, IR3535 ou Icaridina são seguros para uso durante a gravidez, quando usados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo três vezes ao dia.

Lixo

A fim de combater o descarte irregular de lixo e entulho em locais inadequados, além de reduzir os casos crescentes de dengue na capital Federal, o GDF está aplicando multas a quem jogar lixo nas ruas de maneira inadequada. Agentes da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) estão nas ruas fiscalizando pontos de despejo irregular, lotes sujos e até mesmo quem coloca lixo orgânico fora do dia e horário predeterminado pela coleta do Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

A ação, que já faz parte das atribuições da pasta, está sendo intensificada devido ao aumento de casos de dengue. As punições variam de notificações a multas, que vão de R$ 2.799 até 10 vezes esse valor, ou seja, R$ 27.799. O Correio flagrou, nesta quarta-feira, lixo e entulho descartados de forma irregular em Ceilândia. (Veja foto)

Novos agentes

No último sábado, no evento de abertura das tendas, aprovados nos concursos para agentes comunitários de saúde e agentes de vigilância ambiental em saúde protestaram pedindo por nomeações.

Até ano passado, o GDF contava com mil funcionários temporários, sendo 500 agentes comunitários de saúde e 500 agentes de vigilância ambiental em saúde, cargos que cuidam da saúde da população e realizam o controle de doenças, como a dengue. Os contratos foram encerrados e o concurso para provisão dos cargos efetivos foi homologado. 

Kelly Nascimento, uma das aprovadas do concurso realizado em 2023, afirmou que, a princípio, foi anunciado que seriam nomeados 150 aprovados, mas depois, o GDF anunciou que seriam 75, o que causou o protesto. "Chamaram apenas 75 agentes de vigilância ambiental. Não chamaram nenhum agente comunitário de saúde. Temos mais de 3 mil aprovados no concurso de agente comunitário de saúde e mais de 3 mil agentes de vigilância ambiental. O déficit é muito grande. Com o quantitativo de agentes que vão assumir não vai ser possível suprir nem a necessidade de uma região administrativa grande como Ceilândia", indignou-se. "Infelizmente, estamos percebendo uma omissão, porque a demanda está alta e a verba existe", completou.

Ao Correio, a secretaria de Saúde informou que novos chamamentos, de outros 75 agentes, poderão ser feitos ao longo dos próximos meses.

Vacina

A primeira remessa da vacina contra a dengue, que será oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), chegou ao Brasil, no último sábado. O público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Essa faixa etária concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que as primeiras doses sejam aplicadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em fevereiro. No entanto, o imunizante já está disponível na rede privada para pessoas entre quatro e 60 anos, com a necessidade de prescrição médica.

Tendas de atendimento

Administração Regional
de Samambaia

Endereço: Centro Urbano — Samambaia Sul

Administração Regional
de Brazlândia

Endereço: Quadra 16 — Setor Tradicional

Administração Regional
de Ceilândia

Endereço: QNM 13

Administração Regional do Sol Nascente / Pôr do Sol

Endereço: SHSN VC 311 Trecho II

Administração Regional de Sobradinho

Endereço: Quadra Central — Setor Administrativo

Administração Regional
do Recanto das Emas

Endereço: Quadra 206 — Av. Recanto das Emas

Administração Regional
de São Sebastião

Endereço: Quadra 101 Conjunto 8

Administração Regional
da Estrutural

Endereço: Setor Central

Administração Regional
de Santa Maria

Endereço: Quadra Central 1 Conjunto H

 

Tendas de atendimento

Administração Regional
de Samambaia

Endereço: Centro Urbano — Samambaia Sul

Administração Regional
de Brazlândia

Endereço: Quadra 16 — Setor Tradicional

Administração Regional
de Ceilândia

Endereço: QNM 13

Administração Regional do Sol Nascente / Pôr do Sol

Endereço: SHSN VC 311 Trecho II

Administração Regional de Sobradinho

Endereço: Quadra Central — Setor Administrativo

Administração Regional
do Recanto das Emas

Endereço: Quadra 206 — Av. Recanto das Emas

Administração Regional
de São Sebastião

Endereço: Quadra 101 Conjunto 8

Administração Regional
da Estrutural

Endereço: Setor Central

Administração Regional
de Santa Maria

Endereço: Quadra Central 1 Conjunto H

  • Profissional de saúde realiza a prova do laço no paciente Francisco de Brito. Teste detecta risco hemorrágico
    Profissional de saúde realiza a prova do laço no paciente Francisco de Brito. Teste detecta risco hemorrágico Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Lixo e entulho descartados de forma irregular em Ceilândia. Punição pode ir de notificação à multa que pode ultrapassar os R$ 27 mil
    Lixo e entulho descartados de forma irregular em Ceilândia. Punição pode ir de notificação à multa que pode ultrapassar os R$ 27 mil Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Lixo descartado de maneira equivocada pode ser um dos principais focos do mosquito da dengue
    Lixo descartado de maneira equivocada pode ser um dos principais focos do mosquito da dengue Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Marcondes Mendes, diretor de Atenção Primária à Saúde, monitora os atendimentos na tenda de Ceilândia
    Marcondes Mendes, diretor de Atenção Primária à Saúde, monitora os atendimentos na tenda de Ceilândia Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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postado em 25/01/2024 06:00
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