Segurança do trabalho

Filha de mulher que morreu em obra de Ceilândia reclama de construtora

Sônia de Moraes fazia a limpeza de uma obra perto do Restaurante Comunitário e morreu ao cair do segundo andar do prédio

Sônia estava feliz por ter conseguido um emprego  -  (crédito: Arquivo pessoal)
Sônia estava feliz por ter conseguido um emprego - (crédito: Arquivo pessoal)

Uma tragédia vitimou a auxiliar de serviços gerais Sônia Cristina de Moraes, 57 anos, ontem. Ela trabalhava na limpeza de uma obra que fica próxima ao restaurante comunitário de Ceilândia quando caiu do prédio. A Polícia Civil investiga o caso que, inicialmente, é tratado como morte acidental.

Ao Correio, o delegado-adjunto da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul), que está responsável pelas diligências, Petter Ranquetat, disse que os depoimentos formais devem começar a partir de hoje. "Agendamos oitivas com o responsável pela obra e algumas testemunhas", ressaltou.

De acordo com o delegado, testemunhas disseram informalmente que Sônia teria se desequilibrado e caído do segundo andar do prédio. "Ainda não temos muitos detalhes, mas, ao que tudo indica, foi uma morte acidental", lamentou. "Nesses casos, o laudo de local é muito importante e qualquer conclusão investigativa dependerá dele", acrescentou Ranquetat, destacando que o documento deve ficar pronto entre 30 e 60 dias.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que atendeu a ocorrência, relatos no local deram conta de que Sônia teve um mal súbito, desmaiou e, logo em seguida, caiu da construção. Ao Correio a filha da vítima, Vanessa Cristina, 29, questionou os testemunhos. "Acredito que ela tenha tropeçado, pois minha mãe nunca teve mal súbito", garantiu.

De acordo com Vanessa, apesar de a mãe ter diabetes, ela não estava reclamando de algo no dia anterior ou quando saiu para trabalhar, ontem. "Ela estava bem e feliz", descreveu. "É muito doloroso, minha mãe estava contente por ter conseguido o emprego", desabafou, afirmando que Sônia havia conseguido a vaga havia dois meses.

A filha da funcionária de serviços gerais responsabilizou a construtora afirmando que sua mãe não estava utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados. "Infelizmente, não houve os cuidados necessários para evitar o ocorrido. A escada de onde ela caiu não tinha proteção", relatou.

O Correio entrou em contato com a Unik Engenharia e Incorporações LTDA. O engenheiro responsável pela obra afirmou que a empresa estava produzindo uma nota sobre o caso. No entanto, até o momento, não se manifestou.

Prevenção

Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) apontam que, dentro do mercado formal foram registrados 26 acidentes com lesões (com cinco óbitos) no mesmo período do ano passado. Os números são preliminares, pois ainda estão em apuração, segundo o sindicato. A estatística é maior do que a registrada em 2022, quando foram 20 ocorrências (com sete mortes).

Vice-presidente da Diretoria de Políticas e Relações Trabalhistas do Sinduscon-DF, José Antonio Bueno Magalhães comentou que a utilização de EPIs dentro de obras depende do que o funcionário estiver fazendo. "Porém, em via de regra, o funcionário precisa estar de capacete e botas adequados enquanto estiver dentro do canteiro", afirmou.

Para Magalhães, é necessário agir com prevenção. "O importante é trabalhar para dificultar que, a cada dia, aconteçam mais acidentes nas obras", avaliou. "Atualmente, o setor da construção civil gasta entre 7% e 10% do valor da obra em saúde e segurança do trabalho. É um valor altíssimo. O mercado formal tem feito muito por isso", comentou.

 

 

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postado em 24/01/2024 06:00 / atualizado em 24/01/2024 13:52
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