No Distrito Federal, nas duas semanas de janeiro, os casos de dengue alcançaram uma alta de 435% em comparação às ocorrências do mesmo período de 2023. O aumento expressivo alertou o Governo do Distrito Federal (GDF). Entre as ações está a de começar a aplicar, desde ontem, multas a quem faz descarte inadequado de lixo. A medida pretende retirar das ruas e terrenos baldios tudo o que possa acumular água (pneus, vasilhas, caixas, etc) e, assim, evitar os criadouros a céu aberto do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. Quem desrespeitar, terá de pagar entre R$ 2.799 e R$ 27.799 como punição. A fiscalização está sendo feita por agentes do DF Legal.
Para ampliar o atendimento a pessoas com suspeita de dengue, o GDF instalou, desde sábado, tendas para consulta e testagem em nove regiões administrativas, entre elas Samambaia, onde o Correio ouviu moradores que foram procurar ajuda. Do final de semana até ontem, só esse posto improvisado registrou quase 2 mil casos de indivíduos com possibilidade de estar com a doença.
Moradora de Samabaia, Letice de Sousa, 49 anos, doméstica, disse que os sintomas começaram no domingo. Ela suspeitou estar contaminada depois que muitos vizinhos na rua onde mora ficaram acamados devido à doença. "Ontem eu havia amanhecido bem, sem nada. Ao meio-dia as dores começaram no corpo, nas pernas, febre bastante alta, de 38° graus. E hoje tive enjoos", conta.
Letice procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) regional, mas não conseguiu se consultar, pois estava lotada. Ela recorreu à tenda montada para receber pacientes, onde pôde ser diagnosticada 20 minutos após chegar. Letice suspeita que foi picada por mosquito vindo de uma casa abandonada próxima à dela. A doméstica ressaltou que ela e a família seguem todos os protocolos para evitar a proliferação do inseto transmissor da dengue.
Suspeita
João Pedro Cordeiro, 22, profissional autônomo, diz que vem sentindo muito mal-estar desde a semana passada. Ele comenta que na sua casa há bastante mosquito. "Mas não vi entulho perto, nem lixo acumulado. Porém, existem terrenos vazios nas proximidades", conta.
O morador de Samambaia afirma que, desde o fim de semana, seus sintomas ficaram mais fortes. Ele diz sentir muito calafrio, dores atrás dos olhos e nas juntas, febre e diarreia. Por isso, procurou a tenda em Samambaia. "Fiz a triagem cerca de 20 minutos, depois de chegar lá. O atendimento na tenda está sendo melhor do que eu esperava. A UPA estava lotada e ir para a tenda foi a melhor opção", elogia.
Uma das funcionárias da tenda de atendimento em Samambaia, que pediu não ser identificada, revela que por lá, diariamente, passam em torno de 500 pessoas com sinais de estarem com dengue. Ela ressalta que os casos graves são transferidos a hospitais para que as pessoas possam ser examinadas de modo mais detalhado e completo, uma vez que onde ela trabalha o protocolo se limita a triagem, testagem, hidratação e medicação. No domingo foram registrados 806 atendimentos. Desses, 189 pacientes precisaram de hidratação venosa e 17 foram transferidos para hospitais da rede pública, de acordo com a funcionária.
*Estagiárias sob a supervisão de Manuel Martínez
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