Membro de uma das maiores gangues do Distrito Federal, Juarez Luiz Lourenço, conhecido como “Juarezinho”, foi preso pela Polícia Penal em posse de uma pistola calibre .10mm, no Eixo Monumental de Brasília.
Juarez atuava como coordenador na chamada Gangue do Pombal, de Planaltina. A gangue, existente há mais de 30 anos, é responsável por uma onda de assassinatos na região por causa da disputa por pontos de tráfico. Em quatro anos, de 2014 a 2017, Planaltina registrou 108 casos de homicídios consumados e tentados relacionados aos integrantes da organização criminosa.
O acusado preso pela Polícia Penal estava de saída temporária, quando foi detido, nessa segunda-feira (15/1). O criminoso acumula uma vasta ficha criminal por porte ilegal de arma de fogo, homicídios, incluindo um atentado contra a vida de policiais civis em Planaltina. À época, Juarez teria atirado contra os policiais que estavam numa viatura caracterizada da PCDF. À época, o homem foi preso com uma submetralhadora Luger Cal. 9mm.
A submetralhadora, de fabricação americana, foi apreendida em janeiro de 2016 e tinha alto poder destrutivo e capacidade para 40 munições.
Gangue do Pombal
Em junho de 2022, o Correio publicou uma reportagem especial sobre a atuação da Gangue do Pombal em Planaltina. A quadrilha atuava no tráfico de drogas, nas ameaças e nas práticas de homicídios, roubos e latrocínios. A delimitação de área foi um dos motivos para acender uma batalha sangrenta entre os grupos. Cada um deles tinha um território marcado para a venda de drogas, uma vez que a presença de integrantes rivais residentes de outros bairros era estritamente proibida.
As gangues mantinham um organizado esquema voltado à prática de crimes, com direito a regras, leis, posições, divisão de tarefas e punições. Em 2014, a 31ª DP deflagrou uma das maiores operações contra gangues na região e cumpriu 30 mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão de adolescentes e 70 de busca e apreensão domiciliar. A operação causou enfraquecimento do grupo. Houve uma redução de 38% nos assassinatos e mais de 41% no total de ocorrências de homicídios (tentados e consumados) de 2013 a 2015.
A aliança entre as quadrilhas foi desfeita e o termo CMM (Crime, Morte e Maldição) perdeu força. Mas, mesmo após a ação policial, prevaleceu a Gangue do Pombal, que passou a atuar de maneira independente. Sob a liderança de Wanderson Jardim da Costa, conhecido como "Som", o grupo "Rua da Adidas" delimitou funções e atuou de dentro do Complexo Penitenciário do DF, com esquema de transmissão de recados.
Até 2017, a "empresa do crime" tomou conta das ruas, dos becos, comércios e das avenidas. A Gangue do Pombal se dividia em quatro níveis de hierarquia: o líder, os coordenadores, os gerentes e os funcionários. Era papel do líder estabelecer a estrutura do grupo e determinar as ordens, além de fazer contato com os fornecedores de drogas e de armas. Os gerentes mantinham contato direto com os coordenadores e fiscalizavam o monitoramento das ações policiais. Já os funcionários vendiam drogas e armas, guardavam os ilícitos e praticavam os ataques (homicídios e latrocínios).
Entre os membros da Gangue do Pombal imperava um sistema rígido de normas. O "conjunto de leis" abrangia regras como o empréstimo de armas de fogo, o horário e o local do comércio de drogas e até pena de morte para aqueles que cometiam faltas graves, como era o caso dos delatores, devedores e ladrões de droga.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br