A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) avaliou a declaração do presidente Lula sobre regulamentação das redes sociais e de big techs (empresas gigantes de tecnologia) como uma grande ameaça à democracia. Em entrevista às jornalistas Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, no programa CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília —,ontem, a parlamentar criticou a forma como Lula citou o governador Ibaneis Rocha (MDB) no documentário sobre o 8 de janeiro.
No ato de solenidade de 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula pediram a regulamentação das redes sociais e de big techs. Como a senhora enxerga a fala deles?
Vejo isso como uma ameaça à democracia deles. Não se combate desinformação com censura. A única maneira de combater desinformação é com informação. O público e a audiência devem decidir aquilo que pretendem consumir. Quando percebo essa movimentação, pode ser o último golpe contra a democracia, pois o grande problema é a informação e a verdade. As pessoas que dizem combater as fake news não temem a mentira, mas têm medo da verdade. Isso fica muito evidente quando você percebe o que aconteceu nas eleições passadas, onde eu e tantos candidatos conservadores trazíamos para o público informação de que o então candidato Lula era favorável ao aborto, amigo do ditador da Nicarágua, do ditador da Venezuela, e tudo isso foi taxado como fake news. Nossas páginas foram censuradas e derrubadas. As publicações foram retiradas do ar. Se isso foi considerado desinformação e se comprovou a verdade, está muito claro que eles querem evitar que candidatos da direita e apoiadores do Bolsonaro falem a verdade.
Ontem tivemos a reunião do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com os líderes para decidir o que fazer com a medida provisória que onerou 17 setores da economia. Como é que vai ficar essa MP?
Não acompanhei o desfecho dessa reunião, mas acho que seria muito importante devolver essa medida provisória, pois é um desrespeito muito grande com o Parlamento. Parece que não temos mais três Poderes, são apenas o Executivo e o Judiciário. O Parlamento precisa se levantar e mostrar que não vai aceitar. Acabamos de votar a prorrogação da desoneração da folha dos 17 setores. A MP trata da questão de um subsídio votado em 2021, com prazo até 2027, que ajudava setores como o turismo. O Haddad e o Lula, com a MP, estão acabando com esse incentivo. O subsídio é para dar um respiro e folga aos setores como os bares e restaurantes. Se não derrubarem a medida, vai ocorrer um desemprego muito grande.
São muitas mulheres querendo ser candidatas a governadora e ao Senado em 2026. Como essa ala conservadora, com tantas mulheres, vai se acomodar até as eleições?
São muitas mulheres competentes para ocupar espaços. O problema é quando falta gente capacitada. Tenho certeza que nós iremos conversar e decidir, pois em política não se faz nada sozinho. Precisamos olhar para o grupo, descobrir o que é importante e o que a população quer. Sou cobrada para alçar voos mais altos. Olha, nós vamos conversar e decidir, temos um grupo político e vai se organizar. O governo não é o meu sonho, prefiro o Parlamento. Mas a política é muito complexa. Temos boas candidatas ao governo, a primeira da fila é a Celina, não tenho dúvida disso.
No documentário sobre o 8 de janeiro exibido pela Globonews, o presidente Lula fala que o governador Ibaneis foi conivente com os ataques. Que avaliação a senhora faz sobre essa declaração?
É um absurdo um presidente da República fazer isso. Uma fala tão leviana como essa beira à insanidade. Ele não tem nenhuma prova disso, acusar o governador e o ex-presidente de conluio. Pediu a prisão e disse que o governador deveria ser preso. Não tenho dúvida de que, no fundo, o que ele quer é a prisão do Bolsonaro. O PT quer a prisão do Bolsonaro. Estamos vivendo um momento muito grave no nosso país. Quando existe uma corte eleitoral e condicional que toma uma posição política e quer, a todo o custo, tirar um candidato a ponto de dizer "vencemos o bolsonarismo", e agora uma ministra do Planejamento dizendo que eles venceram, mas não eliminaram os opositores. É uma coisa pavorosa e de espantar qualquer um.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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