Celebração

O esperado momento do ano em que amigos e parentes têm um encontro marcado

A magia natalina ajuda a aproximar as pessoas. Muitos se esforçam para que seja mantido pelos seus descendentes

É comum ouvir, durante o fim de ano, que o "Natal é um momento de união". Mas o que faz as pessoas se unirem? Os motivos são vários e podem ir desde uma tradição familiar até uma forte amizade. O Correio ouviu histórias de pessoas que contam como a magia natalina ajuda a unir, ainda mais, os vínculos entre os entes queridos.

Na família Santos, por exemplo, a expectativa para o Natal vem de longa data. A profissional de relações governamentais Vivian Santos, 29 anos, conta que, há pelo menos 15 anos, seu pai, Hernani Santos, 59, tem o costume de reunir ela e a irmã para fazerem a montagem da árvore de Natal. "Ele sempre gostou muito de enfeitar a árvore e nos ensinou, quando éramos pequenas, que cada enfeite era um pedido", destaca. "Essa tradição cresceu e, agora, está reunindo amigos também", acrescenta Vivian.

Com o passar dos anos, a reunião ganhou até um nome: Festa da Árvore. Segundo ela, a ocasião — que acontece na Asa Sul — é bastante esperada por todos que costumam participar. "É muito gostoso porque, ao longo do ano, temos poucos momentos juntos, e a festa é sempre um pretexto para nos reunirmos e confraternizar", destaca. "Pessoalmente, o que mais gosto da festa é ver a felicidade de quem está participando. Sou muito contemplativa e me emociono sempre que lembro dos momentos", comenta a jovem.

Vivian lamenta que, pela primeira vez, seu pai não esteve presente na Festa da Árvore, por ter se mudado para o México no meio do ano. "Mas ele está muito feliz e orgulhoso de ver que conseguiu passar a tradição para mim e minha irmã", observa. Para ela, o que une a família e os amigos é a identificação que têm entre si. "Ver que todos conseguem se sentir bem, compartilhando os desejos e realizações, no momento da montagem da árvore, não tem preço. A gente sente que a tradição dá certo, porque os pedidos costumam ser atendidos", ressalta.

Sobre momentos marcantes do encontro, Vivian destaca um que considera o mais engraçado. "Tem três anos que meu pai e minha sogra pedem um neto, mas a benção vai para outra pessoa da família (risos). Este ano, eles foram mais específicos, minha sogra colocou uma chupeta na árvore e falou o meu endereço, para ver se o Papai Noel não erra o lugar na hora de entregar o 'presente' deles", brinca.

Tradição

Longe dos embates políticos de um passado recente, o garagista Herivelton Chaves Abreu, 47, também gosta de juntar a família e os amigos, só que para o momento da ceia. A tradição, que começou há cerca de 20 anos, quando ele veio do Maranhão, costuma acontecer na casa de sua sogra, no Itapoã. "A gente faz amigo oculto e até sorteio para dividir quem leva cada prato. É uma reunião bem tradicional, com ceia e oração", detalha. "Sempre tem algum vizinho que costuma participar. Não tem tempo ruim, se alguém aparecer, mesmo que seja de surpresa, a gente junta. O importante é celebrar a data", afirma Chaves. "Família é família, política à parte", enfatiza.

Para ele, o mais importante é fazer tudo com muito amor e carinho. "Passamos tanto tempo sem confraternizar e até mesmo conversar com a família, que esse momento tem que ser feito de coração. Então, fazemos essa celebração com toda a dedicação possível, para demonstrar o quanto amamos todos que estão presentes", comenta. "O Natal deveria ser a data mais importante da humanidade, porque é o nascimento de Jesus, nosso salvador. Espero que nasça, dentro de cada um, o amor e que as pessoas possam refletir sobre o verdadeiro significado da celebração", acrescenta o garagista.

Sobre as lembranças dos 20 anos de tradição, Herivelton destaca duas. "Teve um ano que alguém deu um presente super caro e ganhou um short. Ele ficou bem chateado e acabou virando a piada da noite", recorda. "Outra situação engraçada é que, todos os anos, um dos cunhados sempre bebe acima da conta, e quase nunca consegue 'chegar' até a meia-noite, para fazer a oração e comer a ceia", revela.

Unidas na distância

Mas não é só a família que cria momentos inesquecíveis no Natal. O grupo de amigas do qual a esteticista Laysla Ferreira, 25, faz parte também criou uma tradição, apesar de recente. "Morávamos todas em Brasília, em um pensionato só para meninas, e acabamos criando uma forte amizade", conta. "Quase todas ficavam no mesmo corredor, por isso frequentávamos a mesma sala de tevê e foi ela que nos uniu", brinca Laysla.

"Íamos sempre assistir tevê depois da faculdade/trabalho. Foram anos maravilhosos, de companheirismo, muitas risadas, fofocas e perrengues", relata. "Por isso, no fim de 2019, decidimos criar o Natal do Clã — nosso grupo de amigas se intitula como 'Clã' — e assim fizemos. Reunimos todas as meninas e os namorados e festejamos", acrescenta.

Segundo a esteticista, a pandemia pegou o grupo de surpresa, que acabou se separando. "Fomos para nossas cidades natais e, o que achamos que duraria semanas, durou mais de ano. Mas permanecemos unidas, via redes sociais", afirma. "Quando a pandemia amenizou, algumas voltaram para Brasília e outras não, eu mesma continuo em minha cidade, Paracatu-MG", ressalta.

Mesmo com a distância, Laysla conta que o grupo decidiu continuar com o Natal do Clã. "Foi uma forma que encontramos de nos ver. Todo ano, saio de ônibus da minha cidade e vou para Brasília. Até hoje, não perdi uma reunião", garante. "No primeiro ano do encontro, criamos 'categorias', de acordo com o que cada uma foi mais naquele ano. Eu fiquei com 'gado do ano', porque fui muito ingênua e sofri bastante no quesito relacionamentos amorosos", recorda.

Para a jovem, significa muito estar com as amigas para compartilhar histórias e boas risadas. "O Natal do Clã alivia um pouco a saudade que sinto. Infelizmente, depois da pandemia, ainda não conseguimos reunir todas as integrantes, pois tem gente morando em estados muito distantes. Espero que, em 2024, a gente consiga", torce Laysla.

 

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