Cenários em miniatura que recriam o momento do nascimento do menino Jesus em Belém, os presépios fazem parte da tradição popular do Natal. Com mínimos detalhes, eles têm figuras de animais, pastores, anjos e os três reis magos: Belchior, Baltazar e Gaspar. E, claro, a Sagrada Família, integrada por Maria, José e Cristo nascido na manjedoura. Em Brasília, diversas pessoas montam tradicionalmente essas construções todos os anos. Há desde pequenas obras a até mesmo maquetes com as imagens em tamanho real das que representam.
Fiéis mais tradicionais da Igreja Católica seguem uma tradição: montar essas reproduções no primeiro domingo do Advento – quatro domingos antes do 24 de dezembro. E voltar a encaixotá-las em 6 de janeiro, quando se celebra o dia de Reis. Esse costume se consolidou entre os cristãos graças a São Francisco de Assis, que iniciou a prática no século XIII.
Maycon Cesar Menegon, de 31 anos, é proprietário de um ateliê especializado em presépios no Setor Comercial Sul. Conta que começou isso para agradar a um amigo que os preparava, mas de modo amador. “Ele era muito apaixonado pelos presépios e passei a auxiliá-lo na confecção. Depois, fui buscando inspiração em artistas italianos e espanhóis e comecei a montar sozinho”, diz.
Menegon presta seus serviços a Paróquias de todo o Brasil e a quem quiser contratá-lo. “Tem uma casa onde eu monto o presépio deles há 7 anos, no Guará 2. Este ano montei na Paróquia Sagrada família no Valparaíso; na Nossa Senhora Aparecida, em São Sebastião; (e na igreja de) Nossa Senhora da Saúde, da Asa Norte”, conta. “As minhas peças são únicas, e eu nunca repito um cenário”, garante.
O presépio da Catedral de Brasília, em 2022, foi o maior trabalho dele. “(Essa atividade) é algo que me ajuda como pessoa porque me sinto muito útil quando o faço. Me ajudou com a depressão, ansiedade. Me sinto completo realizando esse trabalho e não me vejo fazendo outra coisa”, revela o especialista.
Variedade
Nesta época do ano, é comum encontrar essas representações sagradas pela cidade. Na Paróquia São Camilo, na 304 Sul, por exemplo, a maquete chama a atenção dos fiéis pela riqueza de detalhes. Já na Praça do Buriti, um espaço iluminado surge com a instalação Presépio de Luz, com esculturas luminosas de quatro e seis metros de altura.
O Santuário Nossa Senhora da Saúde, da 702 Norte, conta com um organizado por voluntários. Genilda Almeida, 49, participa desse grupo há 2 anos. Para ela, o presépio concentra o sentido do natal. “Ele significa vida, misericórdia, amor e esperança, e relembra o nascimento de Jesus, que para a fé católica tem um significado muito importante”, diz.
Há também as pessoas que fazem questão de ter suas representações do nascimento do filho de Deus, caprichadas, em casa, como a moradora do Lago Sul Dodôia Resende, 72. Muito religiosa, ela prepara as suas há 48 anos. Atualmente, tem duas: uma ocupa 15m2 de área e a outra 2m2. Ambas têm imagens de santos, anjos, animais e o menino Jesus. A menor fica do lado de fora da casa e a outro dentro. “Eu começo a montagem em outubro, pra dar tempo de curtir mais a decoração, e já coloco o menino Jesus. Não consigo ver a manjedoura sem ele”, relata.
Além de manter a religiosidade, parte importante para ela é ver a felicidade dos quatro netos. “Eles adoram, brincam e curtem demais”, festeja.
Na outra ponta da cidade, no Lago Norte, Francisca Januária, 69, prepara sua maquete há mais de 20 anos. Ela começou por conta dos filhos e hoje faz para alegrar os netos. “Quando comecei a montar era bem pequeno e foi crescendo. Hoje é grande”, recorda a avó fazendo alusão ao aumento de peças usadas ano a ano. “Eu gosto de fazer de uma maneira mais artesanal. Vou pegando galhos, folhas e troncos que acho na rua e (com eles) compondo o cenário. A cada ano vai surgindo uma nova ideia”, detalha.