Pacientes do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), localizado no Cruzeiro Velho, receberam a notícia sobre a intervenção da unidade de saúde com apreensão. Nessa quarta-feira (13/12), o GDF anunciou que a Secretaria de Saúde (SES-DF) assumiria a administração da instituição e foi criado um grupo de trabalho para esse fim.
O presidente Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTX), Robério Melo, diz que as 18 mil pessoas que já passaram por esse tipo de cirurgia no DF estão preocupadas com a mudança de administração do instituto. "A princípio, ficou todo mundo desesperado, mas tranquilizamos os transplantados, porque, segundo a secretária Lucilene Florêncio, não vai mudar nada. Achamos válida (a decisão), desde que não vire um Iges (Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF) e seja uma fase temporária até regularizar a vida do hospital, funcionando 100%, devolvendo a outro instituto que venha a assumi-lo", avaliou Robério, que tem 59 anos e há seis foi submetido a um transplantes de fígado.
Robério citou que o ICTDF é especialmente importante para os 2,8 mil pacientes atendidos na unidade, e que precisam fazer uma bateria de exames a cada três meses para verificar rins, córneas e coração, por exemplo. "Esperamos que a coisa funcione mesmo, porque são vidas. Depois que você faz o procedimento, praticamente se casa com o hospital. 'Até que a morte nos separe', literalmente. É uma ligação eterna", explica.
O suporte aos pacientes é essencial, na opinião de Alice Oliveira, 51. A moradora do Gama, que passou por transplante de fígado no ICTDF em agosto de 2013, sentiu uma mistura de medo e angústia quando soube da mudança. "O ICTDF é especialista nos nossos tratamentos. Temos o atendimento humanizado e específico para a nossa comorbidade, porque não estamos curados. Se o transplantado não tem um atendimento adequado, onera os outros hospitais", avalia.
Intervenção
Em 20 de novembro, a Fundação Universitária de Cardiologia (FUC) apresentou pedido de recuperação judicial ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) para evitar uma possível falência. Desde então, houve sérios problemas no atendimento, como suspensão de procedimentos eletivos e falta de insumos. Por isso, o GDF decidiu pela intervenção.
Em nota ao Correio, a FUC afirmou que, no momento, o serviço segue administrado pelo grupo de trabalho, instalado pelo GDF. "Não acreditamos em interrupção de serviços", assinalou a fundação.
Na quinta-feira (14/12), a FUC disse ter recebido a informação sobre a intervenção com "absoluta surpresa". Com sede no Rio Grande do Sul, a fundação acrescenta que o Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF realizou, em 2023, na área de cardiologia, 10% a mais de procedimentos do que no ano passado. "Na área de transplantes, até o último dia 11 (de dezembro), havia realizado 237 procedimentos (em 2022, foram 231)", detalha.
O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) publicou uma nota alertando que é preciso apurar a situação da intervenção pela relevância dos serviços prestados à população do DF. "O Conselho irá acompanhar para que haja garantia da manutenção da assistência com a devida qualidade, garantindo que a população não seja prejudicada", diz um trecho do comunicado.
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