CB.SAÚDE

Cuidados paliativos: Brasil tem um dos piores índices de qualidade de morte

Em entrevista ao programa CB.Saúde, o presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos explica que a recente adoção da Política Nacional de Cuidados Paliativos é positiva para um cenário de escassez

O lançamento pelo governo federal do programa Política Nacional de Cuidados Paliativos representa um avanço no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a dignidade humana. É o que defende Rodrigo Kappel Castilho, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em entrevista a Carmen Souza, o paliativista avalia a ineficiência do serviço em alcançar todas as regiões do país. Atualmente, o Centro-Oeste conta com 16 serviços dessa forma de cuidado.

O cenário ruim é uma realidade nacional. De acordo com dados colhidos pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos, o acesso a esses serviços é concentrado na região sudeste. “Em mais de 5 mil municípios, nós temos só 234 equipes. É muito pouco. Além disso, elas são centradas no hospital e não onde a população está, que é na atenção primária”, explica Keppel.

Assim, o Brasil fica em penúltimo no quesito qualidade de morte dentre 81 países estudados, segundo o relatório internacional publicado em abril de 2022 no Journal of Pain and Symptom Management. Para que a avaliação seja feita, são levadas em consideração as políticas públicas, qualificação de equipes, educação da população a respeito dos cuidados paliativos, acesso à medicação e outros fatores.

Agora, com a adoção da Política Nacional de Cuidados Paliativos pelo Ministério da Saúde, a proposta é levar à população essa forma de cuidado por meio da atenção primária, da saúde da família, nos postos de saúde e no atendimento pré-hospitalar. “Pessoas que antes eram abandonadas porque não se sabia o que fazer diante de doenças incuráveis, as pessoas que sofriam até mesmo por conta de doenças com potencial curativo, mas não existia o conhecimento científico mínimo necessário para diminuir esse sofrimento. Entender que essas pessoas vão ter voz e suas famílias serão cuidadas, que isso vai avançar muito no nosso país, nos enche de alegria. É um dia histórico para o SUS”, pontua.

*Estagiário sob supervisão de Márcia Machado

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