A entrada de drogas vindo da Colômbia no Distrito Federal envolve um articulado esquema que vai do aliciamento de "mulas" (pessoa que transporta) ao meio utilizado para fazer o carregamento. A operação Rei do Skunk, desencadeada pela Polícia Federal (PF) com o apoio da Polícia Militar (PMDF), teve como alvo uma quadrilha de tráfico internacional. Foram cumpridas 43 ordens judiciais, das quais nove são de prisão temporária. O Correio apurou que, entre os recebedores desses entorpecentes, estão os integrantes da facção Comboio do Cão.
A quadrilha tentou armar um método para despistar a polícia e conseguir entrar na capital com o carregamento. Só este ano, os traficantes planejaram abastecer o DF com quase três toneladas de drogas, entre cocaína e skunk, e cinco fuzis. Segundo as investigações, os criminosos utilizavam empresas de transporte de mudanças interestaduais sediadas em Brasília para traficar as drogas e as armas.
Veículo interceptado
Os produtos costumavam ficar armazenados em galpões vinculados aos investigados e, posteriormente, eram destinados aos grupos, como o Comboio do Cão. Em abril, a quadrilha cooptou um motorista de caminhão para trazer 700kg de cocaína do Amazonas para o solo brasiliense. A "mula" conduzia um caminhão de mudança do município de Rio Preto da Eva para Manaus. Antes de chegar à capital do Amazonas, policiais militares do Batalhão Ambiental interceptaram o veículo e encontraram a droga.
Ao Correio, o delegado Mário Paulo Telles, diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da Polícia Civil do Estado do Amazonas (PCAM), conta que, em junho, os traficantes articularam uma nova tentativa com o mesmo método. "O caminhão carregava quase duas toneladas de entorpecentes e cinco fuzis. O veículo conseguiu chegar a Manaus e estava prestes a embarcar numa balsa, no Porto, quando fizemos a abordagem", ressalta.
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O investigador explica que a droga que entra pelo Brasil vem pela fronteira com a Colômbia e passa pelo Rio Japurá, no Amazonas. Na tentativa de fazer o entorpecente chegar ao destino final, no caso o DF, o grupo se divide no transporte pela parte fluvial e terrestre.
Na operação de junho, da PCAM, os policiais descobriram, por meio do motorista e dos documentos da mudança, que Brasília era o local de entrega das toneladas de cocaína e skunk. Por meio de fontes policiais, o Correio descobriu que um dos compradores é o Comboio do Cão, responsável por mais de 30 homicídios na capital.
Rei do Skunk
A operação Rei do Skunk, deflagrada nessa terça-feira (12/12), foi contra o mesmo grupo criminoso. Além dos nove mandados de prisão, a polícia cumpriu 14 ordens de busca e apreensão, três medidas cautelares, além de medidas de constrição patrimonial em desfavor de 17 pessoas físicas e jurídicas, e que englobam o bloqueio de R$ 12 milhões obtidos a partir dos ilícitos investigados. Todas as ordens foram expedidas pela Justiça Federal.
Foram apreendidos veículos de luxo, além de aproximadamente R$ 100 mil, bem como sete armas de fogo, mais de 1 mil munições, 28 celulares lacrados, sem comprovação de nota fiscal, e diversas ampolas de anabolizantes.