O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, negou, nesta quinta-feira (7/12), o pedido de liberdade da defesa do coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime. O oficial está preso desde fevereiro, por omissão durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
No pedido de liberdade protocolado pela defesa do coronel, os advogados salientam que o oficial está preso há mais de 300 dias, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal. A defesa argumenta, ainda, que Naime estaria com agravamento do quadro de saúde físico e mental em razão dos “efeitos deletérios que a custódia cautelar vem causando”. O pedido foi em repúdio a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que manteve todos os PMs presos, alvos de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ao analisar o pedido da defesa de Naime, Gilmar Mendes escreveu que o habeas corpus apresentado é inadmissível, isso porque é baseado em cima de uma decisão monocrática de um outro ministro que, no caso, é Moraes. Mendes citou o exemplo de uma outra decisão semelhante, ao qual o próprio também negou provimento.
Naime prestou dois depoimentos em CPIs que investigam os atos de 8 de janeiro. Na da Câmara Legislativa (CLDF), o ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) disse que estava de licença no 8/1, mas que mesmo assim decidiu ir à Esplanada ajudar os demais oficiais da corporação.
Denúncia
Naime é investigado em um processo que corre no STF. Na denúncia apresentada contra sete policiais militares, inclusive o ex-chefe do DOP, a PGR divulgou mensagens enviadas pelo coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional e Naime ao então comandante-geral da corporação, coronel Fábio Augusto, que caracterizam omissão por parte dos oficiais.
Nessas mensagens, indica que a corporação teve claras oportunidades de efetuar a prisão de manifestante que tentaram invadir o prédio da Polícia Federal, em 12 de dezembro do ano passado. "Em momento preliminar, concomitantemente aos ataques, Marcelo Casimiro revelou que a Polícia Militar havia produzido informações de que os ônibus com os insurgentes partiram do acampamento em frente ao QG do Exército, em direção à sede da PF."
Ainda com base na denúncia, Fábio Augusto, Naime e Casimiro tinham conhecimento de que o acampamento no Setor Militar Urbano (SMU) concentrava extremistas e que ali era um ponto de organização para a prática de atos antidemocráticos voltados a garantir a permanência do ex-presidente no poder.
Ele é acusado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PMDF.