Os 100 moradores, além de comerciantes, do edifício Sunset, na Quadra 510 do Noroeste, foram surpreendidos por uma forte explosão em um dos apartamentos do prédio, por volta das 9h desta quarta-feira (6/12). Ocupantes dos imóveis que estavam no momento da explosão relataram que o cheiro de gás era sentido pelo menos 40 minutos antes do acidente, e se concentrava apenas no primeiro andar do edifício.
Logo o sistema de gás foi desligado, mas a medida não impediu a explosão do apartamento 131, onde morava Felipe Bento Nunes Gonçalves, que segue em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele teve 70% do corpo queimado, de acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF). Até o fechamento desta edição, Felipe estava na UTI do hospital.
O aposentado Nelson Pereira, 55 anos, conta que a empresa responsável por fornecer o gás para o prédio chegou a ser acionada para resolver a situação, mas não atendeu à solicitação. Minutos depois ocorreu a explosão, que destruiu boa parte dos bens que se encontravam no interior do imóvel onde mora, no terceiro andar. "Caíram a porta, janela, o teto do banheiro e estourou a TV", relata.
Ele mora há sete meses no local, de aluguel, e paga seguro. No momento da explosão, encontravam-se no imóvel a esposa e o filho de 24 anos, que, segundo o aposentado, teve apenas um corte na testa.
A enfermeira Fernanda Garcia, 27, acordou assustada com o estrondo. "Quando saí, todos os moradores estavam tentando compreender o que tinha acontecido. Havia muita poeira no corredor", lembra. Ela conta que a vizinha da frente teve o pé atingido por uma bancada de mármore que caiu.
Por volta das 15h30, os apartamentos foram liberados para entrada dos moradores, exceto o 131 (onde ocorreu a explosão), 129, 131 e o 331, que ainda serão examinados pela perícia predial contratada pelo condomínio. Pelo menos cinco dos 114 imóveis tiveram perdas significativas com o acidente. Com o impacto da explosão, entrou água em duas lojas do prédio.
- Explosão em prédio do Noroeste deixa ao menos uma pessoa em estado grave
- Prédio que pegou fogo no Noroeste ficará interditado até análise da Defesa Civil
- Explosão no Noroeste: prédio é liberado para entrada de moradores
- Após explosão, comerciantes de prédio no Noroeste socorreram moradores e pets
Resgate de pets
Samira Mendonça, proprietária do Pet Shop Roots, disse que ela e o marido conseguiram resgatar três gatos e quatro cachorros que moravam com os tutores no prédio. "Fomos cercando e trazendo-os para cá. Demos abrigo aos bichinhos, que estavam muito assustados, mas sem ferimentos, até que os donos viessem buscá-los", conta a empresária. Os animais conseguiram fugir após as portas dos apartamentos serem arrancadas com a explosão.
O casal começou o negócio há dois meses e tinha um atendimento marcado para as 9h. A explosão ocorreu poucos instantes antes de o cliente chegar ao estabelecimento. O pet shop não teve danos materiais.
Proprietária da clínica de fisioterapia e hidroterapia Vitalità, Maria Clara Falk, 40, descreveu o barulho como parecido com a queda de um avião. "Por volta das 8h20, desligaram o gás e 40 minutos depois (o apartamento) explodiu. É uma situação difícil, mas agradeço muito por não ter ceifado nenhuma vida. Os animais estão salvos e o dano que teve foi material, o que a gente recupera", ressalta.
"O nosso coordenador da fisioterapia subiu para socorrer as pessoas (moradores) em um ato de bravura. Ele foi entrando nos apartamentos, pegando também os cachorros e gatos que ficaram para trás. Os outros funcionários nossos levaram todos os animais para o pet shop (para serem cuidados)", relata a empresária. Maria diz que, logo após o barulho, não havia entendido o que aconteceu. "Eu só via as pessoas descendo e correndo para a parte de baixo", lembra Maria Clara.
Interdição
Todos os apartamentos do primeiro andar foram interditados, inicialmente, devido aos escombros que ficaram espalhados pelo pavimento. As portas foram arrancadas com a explosão e diversas janelas caíram com a força do estrondo.
Graziela Montanhes, 29, moradora do apartamento 127, um dos que foram interditados pelo condomínio ontem, conta que conseguiu resgatar os dois gatos que moram com ela. "A porta foi arremessada para dentro de casa. Tudo foi quebrado. Agora é esperar o condomínio resolver e pegar a apólice do seguro do prédio", diz a autônoma.
O personal trainer Geovane Lopes, 28, estava trabalhando na rua no momento em que houve a explosão no edifício e foi avisado por um amigo que mora no residencial. Há dois anos no imóvel, ele conta que tem procurado outro apartamento de aluguel para viver. "Não teve nenhum dano material meu, mas teve dano para o proprietário. Caiu uma parte do teto de gesso do banheiro, talvez pela pressão no exaustor. A porta de vidro também quebrou e algumas coisas dos outros apartamentos caíram na minha varanda", detalha.
Geovane se sente aliviado por não estar no apartamento no momento do acidente e ter conseguido retirar os dois computadores que usa para trabalhar. "Estou avaliando agora para onde vou. Agora tenho que organizar a minha vida", conclui.
Zelador de um prédio próximo, Carlos Antônio Dias, 60, lembra que ouviu o barulho e foi conferir o movimento em frente ao prédio. Segundo ele, cerca de três minutos depois os bombeiros chegaram ao local. "Foi um susto, porque todo mundo correu para fora para ver o que aconteceu. Ainda bem que não afetou o prédio onde eu trabalho".
Síndica
A síndica do edifício, Isaura Andrade, informou que vai acionar a perícia predial para um engenheiro civil analisar os riscos e soluções sobre como restaurar a estrutura. Segundo ela, os condôminos vão ficar pelo menos dois dias sem luz. "Estamos com água no prédio todo e vamos ficar sem ligar tudo. Foi uma explosão no 1º andar, do morador que ficou com corpo queimado. Os bombeiros disseram que a explosão foi de gás mesmo", assegura.
Por volta das 8h20, Isaura conta que sentiu o cheiro de gás no 1º andar. "Todas as pessoas saíram bem. Somente o morador do apartamento 131 que se machucou", complementa a síndica. "Quando mandei mensagem no grupo (de moradores), o Felipe estava dormindo ainda. Foi um susto. Pelo impacto, ele foi jogado para fora do apartamento enquanto estava dormindo. Tudo escureceu (com a fumaça) e ele não conseguiu falar nada porque estava muito queimado", relata Isaura.
Ainda na tarde de ontem, a síndica informou que vai pedir a colocação de estaqueamento no edifício (estabilização da estrutura) e retomada da água e energia no prédio para esta quinta-feira. Perguntada sobre orientações dadas aos moradores para evitar acidentes no edifício, ela assegura que envia comunicados com frequência. "Avisamos, se a pessoa viajar, desligar o gás e avisar a gente. Aqui no prédio, todo mundo que viaja, avisa. Infelizmente, aconteceu esse acidente", lamenta a administradora do condomínio.
Defesa Civil
A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil (Sudec), vinculada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), informa que atua executando ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas a evitar ou minimizar desastres, apoiando as ações dos órgãos de emergência, que realizam as primeiras intervenções.
A Sudec informa, ainda, que foi acionada ontem no endereço da ocorrência para avaliar a edificação onde ocorreu a explosão, seguida de incêndio. Após a vistoria, a Defesa Civil tomou a medida preventiva de interditar a edificação. Também emitiu um termo de interdição com as exigências para que o responsável contrate empresa ou profissional habilitado para emitir laudo técnico que ateste a segurança do prédio. A Defesa Civil também exigiu o escoramento imediato do 1°, 2° e 3° andares do Bloco B, e permitiu a entrada de pessoas até que a segurança seja avaliada por engenheiro responsável pelo local. A 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) investiga o caso.
Saiba Mais
-
Cidades DF Nasceu bebê que passou pela primeira cirurgia intrauterina do DF
-
Cidades DF Neoenergia não poderá cortar fornecimento por causa de dívidas antigas
-
Cidades DF Equipamentos para manutenção de bicicletas chegam ao Parque da Cidade
-
Cidades DF Infecções por HIV têm afetado principalmente os mais pobres