CB.Poder

Infecções por HIV têm afetado principalmente os mais pobres

O diretor do Departamento de HIV/aids do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, comenta sobre como a falta de informação a respeito dos tratamentos possíveis contribui para o risco de infecção pelo vírus

A aids tem se tornado um perigo cada vez maior para a população mais pobre, que detém menor acesso à informação e a políticas públicas. Esse fenômeno é analisado pelo diretor do Departamento de HIV/aids do Ministério da Saúde, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Draurio Barreira, convidado desta quarta-feira (6/12) do programa CB.Poder —parceria entre o Correio e a TV Brasília. Em entrevista às jornalistas Denise Rothenburg e Sibele Negromonte, o diretor apresenta como estratégia de combate a ampliação em 300% no acesso às medicações contra a infecção. Além disso, a aids é parte do grupo de doenças a ser erradicada, seguindo os objetivos da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo Barreira, cada vez mais pessoas pretas e pardas, com menor escolaridade ou mesmo analfabetas apresentam maior risco de sofrer a infecção do que pessoas brancas. "A aids vem se tornando uma doença determinada socialmente, como tantas outras”, sublinha. O doutor também destaca o risco para trabalhadoras e trabalhadores do sexo. Barreira explicou que esse grupo é formado, em sua maioria, por mulheres, o que destoa da percepção de que a aids é uma doença restrita aos homens.

Para ampliar o combate ao vírus, o profissional cita a urgência em aumentar em 300% o acesso a medicação profilática, os chamados PrEP, pílula antiviral para uso anterior a atividade sexual e o PEP, com uso após o possível contato com o HIV. “Os governos anteriores recomendavam às profissionais do sexo, aos gays com o número de relações muito grande que, em caso de exposição ao risco muito elevado, fosse feito o PrEP. Hoje, qualquer pessoa acima de 15 anos que tenha passado por uma exposição precisa ter acesso gratuito tanto a profilaxia pré quanto a pós-exposição”, assinala.

Em mais de 40 anos desde que a doença teve seu primeiro registro no Brasil, o tratamento, que era caro e demorado, hoje, é disponibilizado gratuitamente na rede pública. “Esse tratamento foi simplificado ao ponto de, hoje, você tomar dois comprimidos por dia”. O diretor ainda inclui que existe uma perspectiva de a medicação ser ainda mais simples. “A gente acabou de incorporar uma droga que é dois-em-um, duas drogas em um único comprimido. Talvez a maioria das pessoas infectadas passe a tomar um comprimido por dia”, adianta.

 
Assista o programa completo em:

 

*Estagiário sob supervisão de Malcia Afonso

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