O comércio atacadista passa por uma retração nas vendas de fim de ano, em relação a 2022, o que é notado desde o terceiro trimestre de 2023. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista do Distrito Federal (Sindiatacadista), Álvaro Silveira, um crescimento por volta de 5% seria um avanço. A declaração foi feita aos jornalistas Lucas Mobille e Samanta Sallum, ontem, durante o CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. O representante do setor apontou, ainda, como responsáveis o papel da inflação no baixo movimento e o Programa de Incentivo à Regularização Fiscal do Distrito Federal (Refis) e o Desenrola Brasil, do governo federal.
A expectativa do comércio atacadista neste fim de ano é melhor que a do ano passado?
Nós tínhamos uma expectativa maior. Mas, notadamente, no terceiro trimestre, a economia deu uma esfriada como um todo. Revendo as previsões de PIB — Produto Interno Bruto —, eu creio que se a gente crescer uns 4% ou 5%, já é uma grande vitória.
Qual o peso do comércio atacadista, no DF, para a arrecadação de impostos?
Na realidade, nós somos o setor mais arrecadador de ICMS — Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços — na cidade. Inclusive, mais que serviços administrados como telecomunicações e energia. A arrecadação do nosso segmento está crescendo aproximadamente 8% neste ano. Em um momento de juros altos, o atacado é fundamental, porque o pequeno e o médio comerciante varejista se beneficia muito do seu atacadista. Esses clientes não compram (diretamente) das indústrias. Elas vendem para poucos clientes. Então, quem faz realmente 70% do movimento do varejo são os atacadistas.
Como funciona essa cadeia?
Um município de três a quatro mil habitantes tem um atacadista. Realmente, o atacado tem essa essa capilaridade que a indústria não tem e nem é a função dela ter. Principalmente os pequenos e os médios comerciantes dependem muito dos atacadistas.
O que explica o esfriamento da economia e a queda nas vendas?
Principalmente o fator inflação, que, apesar de estar convergindo, vem em alta e acaba sendo o pior câncer para as pessoas mais pobres. O pior imposto que existe é uma inflação mais alta. Tem um dado, que poucas pessoas estão se atentando: nós tivemos o programa do governo Desenrola, que foi justamente a quitação de dívidas antigas, para pessoas de baixa renda. Todos esses programas de refinanciamento de dívidas exigem uma pequena entrada. Então, nesse último trimestre, o pouco de liquidez da classe mais baixa foi para os bancos, porque, por menor que seja a entrada de uma pessoa que tem pouco recurso, ela representa muito. Isso será bom à frente, porque a pessoa está limpando o seu nome e recuperando a sua capacidade de voltar ao mercado de crédito. No primeiro momento, você teve um enxugamento de liquidez na mão dessas pessoas.
O Governo do Distrito Federal prorrogou recentemente o Refis, qual a importância dessa medida?
Nos preocupamos, principalmente, porque está tendo um volume de adesão muito grande de pessoas físicas. Isso gerou um tráfego extra nos sistemas internos da Secretaria de Fazenda, que estavam muito difícil. Os acessos, tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas reclamando. Esse será o último Refis, porque a partir do ano que vem você só poderá fazer um Refis com o governo federal. Nós vamos entrar na reforma tributária, então muda essa sistemática. Esse Refis, então, tem uma importância muito grande, é uma última chance das empresas e das pessoas físicas se regularizarem com os benefícios que ele dá.
*Estagiário sob a supervisão de Suzano Almeida
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