PESQUISA

Natal injeta R$ 830 milhões na economia do Distrito Federal

Estudo do Sindivarejista-DF mostra que o faturamento dos lojistas durante o período cresceu 7,2% em comparação com 2022. Especialista ressalta que queda da inflação colaborou para o aquecimento do comércio local

O levantamento do Sindivarejista apontou que o gasto médio dos clientes passou de R$ 221, em 2022, para R$ 252 neste ano -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
O levantamento do Sindivarejista apontou que o gasto médio dos clientes passou de R$ 221, em 2022, para R$ 252 neste ano - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
postado em 26/12/2023 04:00

A expectativa de alta nas vendas de Natal, no comércio do Distrito Federal, se concretizou. É o que afirma um estudo preliminar do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF). De acordo com o levantamento, o faturamento dos lojistas durante o período cresceu 7,2%, em comparação com 2022 — muito por conta do gasto médio dos clientes, que passou de R$ 221 para R$ 252.

A pesquisa ressalta que o Natal injetou, na economia do DF, cerca de R$ 830 milhões, contra R$ 746 milhões de 2022 — aumento de 11,26%. Segundo o presidente do Sindivarejista-DF, Sebastião Abritta, dois fatores foram principais para este resultado. "A melhora da situação econômica do país e a redução da taxa Selic que, no início do ano, era 13,75% e fechou o ano em 11,75%, contribuíram para o gasto maior nas compras de Natal", analisou.

Antes do Natal, 82,4% dos lojistas entrevistados pelo Sindivarejista-DF tinham expectativas de vender mais do que em 2022. Para Abritta, também pesou a favor dos consumidores e dos lojistas a liberação de R$ 8,82 bilhões, por conta do 13º salário. "No Natal passado, foram R$ 8,5 bilhões. Agora, foram liberados R$ 320 milhões a mais na economia do DF", calculou o presidente.

De acordo com o estudo do Sindivarejista, no comércio do Plano Piloto, especificamente, os cartões de crédito/débito responderam por 69% da forma de pagamento utilizada na hora das compras, enquanto que, nas demais regiões administrativas, 48% dos clientes foram pagos desta forma. "Além disso, 76% dos consumidores disseram aos nossos pesquisadores que fizeram as compras em lojas físicas, pois queriam ver e tocar no que estavam adquirindo", detalhou Abritta. Os presentes mais vendidos foram roupas, brinquedos e calçados.

Uma das estratégias utilizadas este ano para incrementar as vendas foi a contratação temporária. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) mostrou que cerca de 4,3 mil postos de trabalho temporário deveriam ser abertos no setor varejista. Número bem maior do que as 3,5 mil vagas de 2022.

O estudo indicou que pouco mais da metade dos lojistas tinham a intenção de contratar mais pessoas durante o período natalino. Em alguns segmentos, como calçados; cama, mesa e banho; cosméticos e perfumarias; e eletrônicos, esse porcentual chegou a 68%, de acordo com a pesquisa realizada pela Fecomércio-DF.

Otimismo

Economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo avaliou que os números positivos das vendas de Natal não surpreendem. "Era esperado, em função não só da queda da inflação, mas a questão do crescimento econômico acima do esperado também contribuiu para que esses números fossem positivos no Distrito Federal, analisou. "Além disso, o programa Desenrola Brasil colocou mais pessoas com acesso ao crédito, o que colaborou para que as vendas melhorassem", acrescentou Bergo.

O especialista destacou que o cartão continua sendo o responsável pela maioria das compras. Sobre a preferência do consumidor por lojas físicas, ele afirmou que entra nesse aspecto a melhoria dos acessos aos estabelecimentos. "A dimensão mostrada pela pesquisa foi muito boa. Tivemos um crescimento robusto, o que projeta uma economia forte para os próximos dias e para 2024 também", previu o professor da UnB.

Trocas

Sebastião Abritta comentou que o comércio se prepara, agora, para o início da temporada de troca de presentes comprados para o Natal. "O consumidor deve levar a nota fiscal e a etiqueta do produto para que o processo seja feito sem complicaçãoes", alertou.

De acordo com a advogada especialista em direito do consumidor Silvia Gregório, a política de troca para produtos comprados pela internet é diferente, em relação aos estabelecimentos físicos. De acordo com o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o cliente tem o direito de arrependimento pela compra, podendo pedir a troca ou a devolução da mercadoria, em um prazo de sete dias, sem justificar os motivos nem sofrer penalidade. A especialista ressaltou que, nesses casos, a troca é uma espécie de cortesia, e o site pode impor as próprias condições, como a cobrança do frete.

Quando a compra é realizada presencialmente, segundo o CDC, as lojas não são obrigadas a efetuarem a troca de produtos que não serviram ou dos quais não gostaram. A substituição só é obrigatória se o item tiver defeito ou se, no momento da venda, a empresa se compromete a realizar a troca.

Nos casos de defeitos, o prazo para reclamar é de 30 dias para produtos não duráveis e de 90 dias para produtos duráveis, por exemplo, eletrodomésticos. Quando a troca é por um item de marca e modelo iguais, com diferença somente no tamanho e/ou cor, a empresa não pode cobrar a mais para fazer a substituição.

Cuidados

Outra grande preocupação, a partir de agora, fica por conta dos cuidados com as finanças na hora de comemorar as festividades de fim de ano, para não começar 2024 no vermelho. O DF tem o segundo maior contingente de endividados no país, de acordo com dados do Serasa, 1,2 milhão de pessoas — ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.

Planejadora financeira, Gabriela Vale afirmou que a primeira ação para evitar iniciar o novo ano com o orçamento comprometido é estabelecer limites, na hora dos gastos. Segundo a especialista, é necessário evitar as famosas compras por impulso. "Por mais que isso pareça básico, nem todo mundo faz essa conta", alertou a especialista.

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