Cuidados para evitar o câncer de pele devem receber ainda mais atenção durante o verão, que inicia hoje, orienta a oncologista Fernanda Tolentino. Convidada pelo programa CB.Saúde — realizado pela parceria entre o Correio e a TV Brasília — a profissional cita que a doença foi diagnosticada em cerca de 1.200 pessoas no Distrito Federal neste ano. Fernanda alerta que não é possível definir quanto tempo de exposição ao Sol é necessária para que o problema surja. Em entrevista à jornalista Carmen Souza, ela ainda indica visitas anuais ao dermatologista para evitar os estágios mais graves.
Nesta sexta-feira (22/12) começa o verão, com expectativas de temperaturas recordes, a chance de incidência de câncer de pele aumenta nessa temporada?
Estamos, agora, no Dezembro Laranja, mês de prevenção do câncer de pele. É o período em que nós estávamos acostumados a ficar só dentro de casa e aí vamos para a praia e acabamos tomando aquele Sol que nos deixa vermelhos. Esse é o Sol que realmente faz mal e aumenta o risco de câncer de pele para melanoma. É preciso tomar bastante cuidado nesse período.
Estimativas indicam que o risco de contrair câncer de pele no verão é, aproximadamente, 10 vezes maior, se comparado a outras épocas do ano.
Exatamente, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) lançou dados em que, de 2023 a 2025, são esperados cerca de 20 mil casos de câncer de pele. Esse é o câncer mais incidente na população, ele se subdivide em câncer melanoma e não melanoma. Para o Distrito Federal, neste ano, em torno de 1.200 casos foram diagnosticados, então a gente realmente tem que tomar cuidado nessa época.
Qual é a diferença dos dois tipos?
É uma coisa bem importante de pontuar. O melanoma é menos incidente. Temos o carcinoma basocelular e espinocelular, são os tumores mais comuns na população. Apesar de serem indolentes, são muito prevalentes. O melanoma é um tumor que a gente vê com uma frequência um pouco menor, porém a agressividade é bem maior. Eles são completamente diferentes na forma de se manifestar na pele. O melanoma costuma ter uma lesão enegrecida, os outros tumores de pele são lesões um pouco menos agressivas e muitas vezes se manifestam como machucados ou lesões rosadas, a gente chama de lesão perolácea, por parecer uma pérola, e é mais frequente em área de exposição contínua ao Sol. O melanoma é mais frequente para aquela exposição que ocorre na praia ou no verão. Em que a gente vive um período com menos Sol e, de repente, vai à praia, toma Sol, volta vermelho e descascando. Isso é um fator de risco.
A gente consegue estipular um tempo médio de exposição intensa, sem proteção, para o surgimento das primeiras manchas?
Para o melanoma, não conseguimos dizer esse tempo exato, justamente por ser uma doença agressiva e poder se manifestar de forma muito rápida. Então, sim, o que a gente tem que fazer é visitar anualmente o dermatologista, porque essas manchas podem ir mudando ao longo do tempo. Uma lesão que antes tinha um médio risco, pode ser agravada à medida que você vai se expondo mais ao sol. Não existe um período exato. Anualmente, é super importante entrar na lista do check-up.
O autoexame ABCDE também pode ser um caminho para saber sobre as condições de saúde. Explique o que ele é?
Ele é um norteador, quando não há exame direcionado por um profissional. Então, ele consiste em olhar se a lesão tem alguma assimetria, como primeiro sinal. Também olhar para as bordas dessa lesão, se elas são bem redondas — a lesão é menos suspeita —, mas se são irregulares é preciso ter atenção. Lesões que mudam de cor ao longo do tempo ou que têm duas colorações também devem chamar atenção. Toda lesão com mais de seis milímetros e que muda ao longo do tempo, demanda ser avaliada por um dermatologista.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
Veja a entrevista na íntegra
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