Pequi foi mais uma vítima de atropelamento de animais silvestres, na BR-080. Integrantes da organização não-governamental (ONG) Jaguaracambé, que foi responsável pelo processo de reabilitação do animal para reintroduzi-la na natureza, manifestou pesar pela morte da loba-guará nas redes sociais.
Luiz Fernando Martins foi o psiquiatra veterinários que ficou a cargo de elaborar e executar os treinamentos para que a Pequi se preparasse para retornar ao Cerrado. Ele conta que a mãe de Pequi era monitorada, até que um dia foi percebido que a loba não se movimentava mais. Quando foram verificar, viram que a mãe estava morta e no local se encontravam Pequi e seus irmãozinhos filhotes.
Todos foram enviados primeiro para o Zoológico de Brasília. Depois, cada um dos filhotes foi encaminhado para ONGs que trabalham com a reabilitação de animais silvestres. Pequi foi para a Jaguaracambé, que atua na conservação da fauna do Cerrado há dois anos. Pronta para voltar ao seu verdadeiro lar, Pequi foi solta na natureza em abril deste ano, após 14 meses de treinamentos e cuidados da equipe da organização.
"Criamos um vínculo muito grande com Pequi. Ela tinha um comportamento parecido com a de um cachorro, gostava de pedir carinho. Inclusive, um dos grandes desafios da reabilitação foi desacostumá-la a se aproximar de pessoas", conta Luiz. A simpatia de Pequi foi tanta que ela ganhou um perfil no Instagram, @soueupequi, onde os mais de 4 mil seguidores podiam acompanhar o dia a dia dos treinamentos dela.
Assim como a mãe, Pequi era monitorada por meio de um rádio colar com GPS, que emitia informações da localização do animal a cada duas horas. Na quinta-feira (14/12), sinais sucessivos do colar mostraram que Pequi estava parada hávia muito tempo perto da BR-080, na região de Padre Bernardo (GO), onde gostava de circular. Chegando lá, integrantes da Jaguaracambé constataram que Pequi, que havia lutado tanto para sobreviver, não havia resistido aos ferimentos causados por um atropelamento.
"É importante que os motoristas fiquem atentos quando passarem em rodovias, que respeitem os limites de velocidade. Os lobos-guarás, por exemplo, são animais de hábitos crepusculares, sendo mais ativos nos horários do nascer e do pôr do sol, momentos em que a visibilidade fica muito prejudicada", alerta Luiz, que também lembra que a cor dos animais do Cerrado os ajudam a serem pouco percebidos em meio à mata.
"Experimentos feitos em outros países mostram que os animais aprendem a usar as passarelas para cruzar as rodovias. É uma boa saída", explica Luiz Martins.
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