INCÊNDIO

Moradores de prédio onde ocorreu explosão ainda estão fora de casa

Felipe Bento Nunes Gonçalves, morador do apartamento onde ocorreu a explosão no Noroeste, teve 95% do corpo queimado, de acordo com os médicos. Nesta quinta-feira (7/12), residentes foram ao prédio retirar pertences. Síndica acionou seguro

Paulo Fonseca, 27 anos, morava no prédio havia dois meses e é casado há 12 dias. Casal optou pela mudança porque esposa ficou muito assustada -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Paulo Fonseca, 27 anos, morava no prédio havia dois meses e é casado há 12 dias. Casal optou pela mudança porque esposa ficou muito assustada - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
postado em 08/12/2023 02:00

Para os moradores do condomínio do Edifício Sunset, na Quadra 510 do Noroeste, a quinta-feira (7/12) foi um dia para retirar roupas, móveis e objetos pessoais, além de tentar entender o que aconteceu na véspera. Uma explosão no apartamento 131, no Bloco B, ocorrida após os residentes sentirem um forte cheiro de gás, deixou o morador da unidade, Felipe Bento Nunes Gonçalves, com 95% do corpo queimado. Até a noite desta quinta-feira (7/12), ele seguia internado em estado gravíssimo no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

A síndica do condomínio, Isaura Andrade, disse que os apartamentos com final 31 dos três andares do prédio foram totalmente queimados. O 129, ao lado do imóvel onde houve a explosão, teve a parede estourada. "Não houve problema na estrutura do prédio. Os demais apartamentos da parte de dentro, onde fica o vão, estão sem porta e sem janela e o edifício está sem água e sem luz", assinalou. "Eles (construtora) pediram para não mexer em nada e vão avaliar se já pode ligar a energia ou se tem algum outro problema", detalhou.

De acordo com Isaura, o prédio estava com as manutenções em dia e tem seguro, que cobre os danos nas áreas comuns e nas fachadas. Ela registrou o sinistro e também entrou em contato com o atendimento da seguradora, recebendo a "informação prévia de que, apesar de as janelas dos apartamentos não terem cobertura, o seguro deve se responsabilizar pela substituição, porque muitas são viradas para as áreas comuns". Segundo Isaura, o mesmo acontece com as portas, porém, as fechaduras não serão incluídas, devendo ser repostas pelos proprietários e/ou inquilinos. A seguradora enviou um funcionário ao local, que mediu janelas e portas para cobri-las com tapumes. A vistoria pela companhia ainda será marcada.

 07/12/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Setor Noroeste, Edifício Sunset, moradores retiram moveis dos apartamentos. Bombeiros e fiscalização do CREA-DF fazem fistoria no prédio.
Bombeiros e Crea-DF estiveram no local para verificar a manutenção e as condições do imóvel (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Seguro obrigatório

O incidente no edifício também serve de alerta e chama a atenção justamente para a questão do seguro, bem como quanto a responsabilidade de cada parte envolvida. "Se a intenção for proteger a sua residência, é necessário contratar um seguro por conta própria, no caso, o seguro residencial", ressaltou ao Correio o presidente da Comissão de Direito Condominial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Paulo Roberto Beserra de Lima. Isso porque o seguro predial arca apenas com prejuízos nos interiores dos apartamentos ou casas do condomínio se a origem do dano partir das áreas comuns. Caso contrário, não há nenhuma obrigação por parte da seguradora ou do condomínio.

Ele observou ainda que a contratação do seguro predial de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial, além de obrigatória pelo Código Cível, é de suma importância para garantir a proteção e a segurança do condomínio e dos moradores. "O seguro predial obrigatório deve abranger as áreas comuns e estruturais do edifício, garantindo cobertura em caso de incêndios, fumaças, roubos, danos elétricos, entre outros sinistros", disse o especialista.

A respeito desse tema, o presidente do Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do DF (Sindicondomínio), Antônio Carlos Paiva, avaliou que há um aumento da preocupação com a contratação, por parte dos moradores da capital. "Acho que as pessoas estão começando a tomar uma consciência maior em relação a esse cuidado, devido a um aumento de acidentes em condomínios", comentou.

Vistorias

O Corpo de Bombeiros e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-DF) estiveram nesta quinta-feira (7/12) no local para analisar a situação e verificar as condições do imóvel e a manutenção predial. Nesta sexta-feira (8/12), a construtora do prédio fará uma avaliação no local. O edifício, contando os dois blocos, tem 114 apartamentos. Conforme a síndica, o prédio foi evacuado para que os bombeiros pudessem trabalhar. 

A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil ressaltou que, no mesmo dia do ocorrido, o engenheiro responsável pelo edifício compareceu ao local e fez um termo circunstanciado para que os moradores pudessem retirar seus pertences. O bloco A foi liberado e o B continua interditado. De acordo com a Sudec, o prédio possui licença de habitação e não existe risco iminente de colapso da estrutura. A 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) investiga o caso.

Mudança

Carla Daniele, 39, que reside ao lado da unidade onde ocorreu a explosão, foi uma das inquilinas que esteve no prédio nesta quinta-feira (7/12). Carregando uma mala com os pertences, recordou o susto que teve com a explosão e disse que pretende se mudar, mas, no momento, está hospedada em um hotel com as duas pets. "O meu apartamento está inabitável. A construtora vai vir para colocar algumas proteções, mas lá está um cenário de guerra, cheio de madeira no chão e água. É sem condições de ficar, fora o trauma", desabafou a servidora pública, que estava em casa no momento da explosão.

O empresário Paulo Fonseca, 27, também esteve no prédio. Morador do Bloco A do condomínio, ele disse que o apartamento onde vivia com a esposa não foi muito afetado, mas, ainda assim, teve a porta arrombada. "Vim só buscar minhas coisas. Vou rescindir o contrato e buscar um novo lugar depois", afirmou, enquanto arrumava o caminhão de mudança. Casado há 12 dias e morando no residencial há dois meses, Paulo destacou que a esposa estava em casa no momento do acidente e ficou muito assustada. "Ela não quer mais voltar", comentou.

 

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