Nasceu, nesta quarta-feira (6/12) a primeira criança a passar por uma cirurgia intrauterina no Distrito Federal. O acontecimento é um marco histórico para a medicina da capital. A pequena Ágatha veio ao mundo com 1,1kg e, no momento, está na unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). A recém-nascida demonstra estar forte e saudável.
A pequena tinha uma malformação conhecida como “espinha bífida” que a levaria a nascer com a coluna exposta. A condição poderia gerar limitações motoras e problemas neurológicos ao longo de toda a vida. Mas, em 27 de outubro, Ágatha foi submetida a um procedimento cirúrgico para corrigir o problema, ainda no útero da mãe, uma técnica inédita no DF, realizada no próprio Hmib. Para felicidade da família e da equipe médica, tudo indica um cenário bem mais promissor.
O parto foi realizado por Carolina Wanis e Marcelo Filippo, médicos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) especializados em medicina fetal e também responsáveis pela cirurgia realizada no fim de outubro.
Por ter nascido com 27 semanas e quatro dias de gestação, a menina foi classificada como prematura extrema. Partos até a 36ª semana são considerados de pré-maturos e os partos “a termo” ocorrem entre a 39ª e a 41ª semana. Isso significa que nas próximas semanas Ágatha será acompanhada de perto pela equipe de neonatologia do Hmib, contando também com o apoio do Banco de Leite, fundamental para garantir a nutrição dela e das outras 39 crianças internadas na UTI, além de outros setores do hospital.
Enquanto isso, os pais da pequena Ágatha já têm a chance de ver o desenvolvimento da filha, nem que seja somente por alguns minutos a cada dia.
O procedimento
Chamada cientificamente de mielomeningocele ou espinha bífida, a malformação identificada durante o pré-natal causa desafios de saúde desde o útero até o fim da vida, sendo os mais comuns a impossibilidade de andar e inchaço no cérebro. As tentativas de correção cirúrgica ocorriam somente após o parto, com pequeno sucesso. A partir de 2015, começaram a ocorrer no Brasil os procedimentos intrauterinos, que melhoram o prognóstico das crianças.
A cirurgia inédita envolveu 20 servidores do Hmib ao longo de três horas. Além disso, a equipe se mobilizou para encaminhar o procedimento com agilidade: uma médica da rede privada que fazia o pré-natal identificou a condição e a encaminhou ao hospital da SES-DF em 16 de outubro. Em doze dias, foi realizada a preparação necessária e a cirurgia ocorreu na 22ª semana de gestação, um período considerado ideal pelos profissionais da área.
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