A questão da educação integral pode ser um processo muito vantajoso ou pode desencadear alguns problemas. É importante entender que não se trata apenas de mais tempo na escola. A educação integral pressupõe que a escola vai ter condições de ofertar aos estudantes elementos que possam fazer com que eles se desenvolvam integralmente. A lógica é ter o processo educativo dentro daquilo que a gente conhece, mas também trazer outros elementos que são fundamentais nesse desenvolvimento, como acesso à arte, à cultura, ao esporte e outras práticas para além daquilo que se faz no tempo escolar. A educação integral pressupõe que inclusive os alunos não estejam presos dentro da escola, e que essa escola se estenda para os equipamentos públicos. Se a gente tiver uma educação integral nessa perspectiva, as vantagens são exatamente de estar possibilitando com que os estudantes tenham uma formação mais ampliada com acesso para além da leitura e da escrita. Vai se tornar também uma possibilidade desses alunos terem uma melhor alimentação, não só no sentido de ter mais comida na escola, mas uma alimentação nutricional mais segura. Se nós fizermos da educação integral sinônimo de mais tempo na escola com os estudantes presos, sem ter projetos interessantes a serem desenvolvidos, vamos fazer com que os alunos odeiem a escola. É preciso que educação integral seja uma educação que vai fazer da escola dentro e fora dela mais interessante para que os estudantes possam desenvolver muito mais a criatividade, o desenvolvimento pleno, como previsto na Constituição.
Catarina de Almeida Santos, professora na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB)
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