As últimas movimentações da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) têm feito com que forças de segurança, tanto federais, quanto locais do Distrito Federal, entrem em alerta máximo para possíveis ações criminosas dos “executores de missões” da considerada maior facção criminosa do país.
A exposição dos chefões nessas tarefas são mínimas, deixando o trabalho de diligências aos subordinados que ocupam funções abaixo da hierarquia. Amplamente divulgando pela mídia, o "salve" — ataques a servidores da segurança pública — tem deixado as forças de segurança em alerta total. A reportagem apurou que, até a reta final do ano, há possibilidade de dois ataques do tipo.
A ameaça é monitorada pelas autoridades competentes. Um informe, elaborado pela inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do fim de outubro, ao qual o Correio teve acesso, retrata que os planos de sequestrar e executar policiais permanecem como os desejos do PCC.
Um dos exemplos é de que, ao decorrer das investigações da Operação Sequaz, deflagrada em março pela Polícia Federal, além do planejamento da facção em assassinar autoridades públicas, como o senador Sergio Moro (União-PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, os membros do setor de inteligência do PCC, chamado de “Sintonia Restrita”, já trabalhavam para mapear a “execução” de agentes públicos, principalmente nas cidades de Campo Grande (MS) e Porto Velho (PO).
Nas 16 orientações, a Senappen pede para que os policiais penais — um dos alvos do PCC — adiram a medidas de prevenção, além do maior nível de atenção possível. Há informes para que os cuidados sejam redobrados para servidores que atuam nos presídios localizados em Campo Grande e Brasília. Este último, em especial, é o local onde abriga o chefe do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. O Correio mostrou que havia um plano de fuga para libertar o principal líder da facção.
O alerta máximo está em vigor, a fim de evitar com que os executores de missões da facção consigam informações sobre os servidores. O confronto com os criminosos é uma das medidas a se preservar, dada a confirmação de que os membros do PCC são altamente treinados, qualificados e perigosos para tais tarefas.
Dentro das tentativas de não propagar o crime organizado, policiais penais do sistema penitenciário do Complexo Penitenciário da Papuda já fazem diligências sobre o teor das ameaças, como a interceptação de bilhetes.
Forças locais em alerta
O cenário de incerteza também ultrapassou as barreiras do âmbito federal. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por meio de uma circular interna, está em alerta máximo, sob o risco de possibilidades de ataques e sequestros de policiais por parte de faccionados do PCC.
O documento, do Departamento de Operações (DOP), direcionado ao comandantes do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) e aos 1º, 3º e 5º Comando de Policiamento Regional (CPR). Nele, o despacho pede atenção redobrada para PMs que trabalham em batalhões de regiões como Águas Claras, Asa Norte e São Sebastião.
O ofício pede que haja pontos de bloqueio no trânsito para observação e controle próximo de Jardins Mangueiral, de 1º de dezembro até 7 de dezembro, especialmente das 6h às 8h. A região é próxima do Complexo Penitenciário da Papuda e da Penitenciária Federal de Brasília.
“Solicito aos senhores que orientem o policiamento quanto ao risco e possibilidade de ataques e sequestros de policiais residentes em suas áreas de abrangência, em especial ao 21°BPM, 17°BPM e 3°BPM, incluindo, ainda residências de policiais penais do sistema federal”, cita o texto.
A Associação dos Oficiais da PMDF pediu para que o comando da corporação e autoridades do DF adotem medidas drásticas e imediatas, para garantir a segurança dos PMs e suas famílias. É citado um dos exemplos, mesmo que não tenha relação com o PCC, da tentativa de homicídio praticada por um flanelinha contra um policial dentro da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central).
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