O ex-diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido terá que manter a distância de três quilômetros da ex-namorada, que aceitou a oferta do juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras, de ter acesso a um dispositivo de segurança.
A jovem foi incluída no sistema eletrônico chamado de Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). Robson Cândido, que deixou a carceragem da PCDF na noite de quarta-feira (29/11), está usando tornozeleira eletrônica. O dispositivo aceito pela jovem monitora, além da própria vítima, o agressor. Para isso, ela terá de andar com um aparelho portátil.
Caso Cândido não respeite a distância mínima imposta pela Justiça, seja por quaisquer motivos, a tornozeleira instalada na perna do ex-número 1 da corporação irá emitir alertas sonoros e vibratórios, além dele ser contatado via telefone, mensagem SMS ou por mensagens no WhatsApp para que ele deixe o local. O descumprimento dessa medida pode revogar a liberdade provisória, levando o ex-delegado-chefe para a prisão novamente. Ele foi alvo de uma operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagrada em 4 de novembro.
Medo de ser assassinada
Ao aceitar a oferta de proteção, a vítima encaminhou um documento à Justiça contando que, após ler a notícia de que Robson foi solto, teve uma crise de pânico, ansiedade e insônia. “Atualmente, ele ganhou a liberdade e eu virei prisioneira, pois estou sem sair de casa, com medo de ser assassinada”, escreveu a jovem.
A vítima narrou que Cândido é extremamente vingativo e que não aceita ser contrariado. Por ele ter sido preso, ela desconfia que o ex-número 1 da PCDF tente descontar toda a raiva nela. “O índice de feminicídio aumentou no DF e existem várias campanhas direcionadas ao combate da Violência contra a Mulher, porém, de nada adianta as mulheres denunciarem se o agressor não for devidamente punido desde o início, com base em provas concretas (como é o meu caso)”, escreveu a jovem (leia a carta abaixo).
A vítima contou que quando foi prestar depoimento com a esposa do ex-delegado-chefe, ela revelou que o ex-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), Thiago Peralva, já havia contado a Cândido o novo endereço dela. “As perseguições no meu trabalho não dependem de mecanismos da PCDF, as perseguições no trânsito não dependem necessariamente de viaturas da PCDF (podem ser feitas em qualquer veículo), as ligações podem ser realizadas de qualquer aparelho telefônico”, desabafa.
Ao fim, a vítima agradece ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e ao próprio juiz Frederico Ernesto, pedindo a proteção proposta pelo juizado. Na assinatura do documento, a vítima escreveu “atenciosamente, uma sobrevivente da violência contra a mulher”.
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