Um aluno de 15 anos teve o braço quebrado por um professor temporário e policial militar, apontado como Renato Caldas Paranã, de 41 anos. O caso ocorreu no Centro de Ensino Especial 1 do Guará, em 7 de novembro. O menino é portador do transtorno do espectro autista (TEA), e a fratura teria ocorrido durante um momento de crise do estudante.
Angélica Rego Soriano, mãe do menino, conta que o professor, ao invés de tentar acalmar o aluno, imobilizou o braço dele. "A vice-diretora disse que pediu para que o Renato soltasse o braço dele (o filho), e ele não soltava, e quando ela saiu para chamar a psicóloga, escutou um grito. Quando voltou meu filho já estava no chão e com o braço quebrado, e o Renato não prestou socorro", relata a mãe.
Angelica afirma que o menino não é uma criança agressiva, mas ultimamente apresentava um comportamento diferente. "Tinha algo diferente, ele estava resistente às coisas em casa e toda terça-feira ele não queria ir à escola, que é o dia que esse professor ficava na sala de informática", conta.
Depois do ocorrido, o estudante foi levado ao Hospital de Base, onde passou por cirurgia para colocação de pinos de titânio no braço. Angélica relata que, ao chegar na unidade de saúde, o menino estava em estado de pânico e foi sedado. "Ele não podia ver uma figura masculina que ele gritava, esperneava, segurava minha mão e ficava com muito medo", disse. O menino recebeu alta em 10 de novembro e segue sob os cuidados da mãe.
O professor
Renato foi aprovado e classificado em terceiro lugar no processo seletivo simplificado para a contratação de professores temporários, em 2022. O policial começou a lecionar como professor de contrato temporário na escola em agosto deste ano, segundo o Portal da Transparência do Governo do Distrito Federal, e recebeu o primeiro salário como docente em setembro. O sargento da PMDF substituía uma professora de informática, que está afastada.
Ainda de acordo com o Portal da Transparência, como servidor da PMDF, Renato recebeu o salário líquido de terceiro sargento de R$ 10.860,94, em setembro. E no mesmo mês recebeu R$ 4.769,84 líquido como professor temporário da SEE-DF. Ao Correio, a PMDF confirmou que o membro da corporação poderia trabalhar em mais de um órgão público, de acordo com a Emenda Constitucional 101, que permitiu aos militares do DF direito acumularem cargos públicos.
Após o caso, a família registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia, no Guará, que está à frente das diligências. Procurado pela reportagem, o advogado Marcelo Almeida, que representa o policial, disse que está aguardando as investigações e que todos os envolvidos sejam ouvidos, para que os fatos possam se esclarecidos.
Afastado
Em nota, a Secretaria de Educação do DF (SEE-DF) informou que, por meio da Coordenação Regional de Ensino do Guará, a direção realizou o primeiro acolhimento e imediatamente o Corpo de Bombeiros foi acionado, o qual prestou atendimentos ao estudante. Em seguida, o aluno foi encaminhado para o hospital, sendo acompanhado pela diretora, pela professora e pela avó.
"A Pasta informa que o professor foi imediatamente afastado e o caso já está sendo apurado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da SEEDF, que tomará todas as medidas cabíveis, conforme determina a Lei Complementar nº 840/2011. A SEEDF reforça que repudia qualquer ato de violência e prestará todo auxílio necessário ao estudante", disse a nota.
Procurada pela reportagem, a PMDF afirmou que o caso de tratou se um acidente e que o professor foi chamado para ajudar na contenção de um aluno, portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA nível 3 não-verbal) que estava em crise nervosa, agredindo outros alunos e funcionários. "Durante o atendimento, o aluno teve uma segunda crise nervosa, desequilibrou-se e caiu. Durante a queda, seu braço estava preso ao braço do professor e veio a fraturar. De imediato, o professor envolvido realizou os primeiros-socorros e solicitou apoio do Corpo de Bombeiros", disse em nota a corporação.
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