Um dos dois homens preso pela Polícia Federal durante a Operação Trapiche, da Polícia Federal, realizada na quinta-feira (9/11), é morador de Brasília. Ele estava no Aeroporto de Guarulhos, voltando do Líbano, quando foi detido.
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Ele, assim como outro preso na ação, são suspeitos de ligação com o grupo terrorista Hezbollah. O suspeito negou envolvimento com a preparação de atos extremistas. A investigação é baseada em informações repassadas pelos serviços de inteligência de Israel e dos Estados Unidos. A suspeita é de que a Embaixada de Israel seria um dos alvos, de acordo com fontes ligadas à investigação.
As autoridades brasileiras foram alertadas que terroristas do Hezbollah estavam recrutando nacionais para a realização de atentados, de acordo com informações obtidas pelo Correio junto a fontes na corporação.
As ações ocorrem em três unidades da federação e têm como alvos suspeitos de preparação de atos terroristas, que estariam na fase de recrutamento de extremistas, que seriam pagos para a realização de atentados em diversas cidades. As autoridades identificaram a viagem de brasileiros até Beirute, no Líbano, onde o Hezbollah se instalou, para a realização de treinamentos e instruções.
A PF cumpriu, também, 11 mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária expedidos pela Justiça Federal de Minas Gerais. As buscas ocorrem em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. As corporação afirma que a operação foi lançada pela necessidade de interromper atos preparatórios de terrorismo e recrutamento de extremistas. Um cidadão libanês e um sírio, naturalizado brasileiro, são procurados no exterior.
De acordo com a jornalista Natália Martins, da Record, o grupo é investigado desde dezembro de 2022 — portanto, antes do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que deflagrou uma guerra na Faixa de Gaza. O Hezbollah ameaçou entrar no conflito em apoio ao Hamas.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que informações da inteligência de Israel apontou que o grupo é financiado pelo Irã e iria atacar judeus no Brasil. As declarações geraram irritação na PF e no governo brasileiro, por politizarem o combate ao terrorismo.
"Os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão", informou a corporação, em nota.
Atualmente, os crimes previstos na Lei de Terrorismo são equiparados a hediondos, considerados inafiançáveis, e não podem ser alvo de graça, anistia ou indulto, e o cumprimento da pena para esses crimes se dá inicialmente em regime fechado, independentemente de trânsito em julgado da condenação. A operação ocorre no momento em que Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, estão em guerra. No mundo, inclusive no Brasil, ocorre uma escalada de protestos contra Israel, acusada de realizar ataques violentos contra Gaza, mirando civis, agentes humanitários, hospitais, jornalistas, com o argumento de neutralizar integrantes do Hamas.