Violência

Cachorro é morto por policial com tiro na cabeça após buscas por droga

Animal foi morto com tiro após policial tentar apreender porção de drogas jogada em uma casa do Núcleo Bandeirante. PMDF alega que o militar não teve opção a não ser atirar

Um cachorro, da raça American Bully, foi morto com tiro na cabeça por um policial militar, em torno das 10h dessa quinta-feira (9/11), na Vila Cauhy, no Núcleo Bandeirante. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que o óbito ocorreu durante uma ação da corporação, que tentava apreender uma porção de droga jogada por um suspeito dentro de uma casa da região.

Informações preliminares mostram que dois policiais militares entraram sem autorização na casa da tutora do animal, que se chamava Bradock, perguntando se havia algum suspeito no local. Assista a seguir um vídeo dos moradores da região indignados com a ação dos policiais militares.

 

O que diz a Polícia Militar

Em nota, a Polícia Militar informou que fazia um patrulhamento na região quando viu um homem jogar uma porção de drogas dentro de uma residência. Na tentativa de apreender o entorpecente, um policial decidiu entrar na casa, mas teria sido atacado pelo cão, e, por isso, atirou no pet. A corporação acrescenta que o homem que jogou a droga no lote mora na residência. 

Para averiguar o pacote que tinha sido arremessado, a corporação informou que uma parte da equipe entrou na casa, que estava com o portão aberto. “Nesse momento, um cão veio em direção a um dos policiais, que tentou voltar, mas acabou caindo. Diante do avanço do animal em direção ao seu rosto, o policial militar não teve outra opção a não ser efetuar um disparo”, argumenta a Polícia Militar.

Material cedido ao Correio -
Material cedido ao Correio -

A PMDF relata que, em seguida, dezenas de pessoas cercaram os policiais militares, impedindo que o suspeito fosse preso, o que teria atrapalhado o término da ação policial. Oito moradores da região foram conduzidos à 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) por desacato e por impedirem o trabalho da Polícia Militar.

A corporação também alega que o tumulto causado pelos moradores impediu que o suspeito de jogar a droga na casa fosse preso. O acusado segue foragido. A Polícia Militar comunicou que a situação foi registrada na delegacia e será apurada pela Corregedoria da PMDF.

Vice-presidente da Comissão de Defesa dos Animais da OAB-DF, Ana Paula Vasconcelos afirma que se o policial atirou porque foi atacado, ele precisa fazer exames no Instituto Médico Legal (IML) para corroborar com a própria defesa. A PMDF descarta que o policial tenha se ferido. "Precisamos de uma investigação para que os fatos sejam esclarecidos. Matar um animal não pode ser a primeira opção", comenta a advogada.

Ana Paula acrescenta que as comissões de defesa de direito dos animais do DF e do Núcleo Bandeirantes irão acompanhar os desdobramentos do caso. À reportagem, a Universidade de Brasília (UnB) informou que o corpo do animal passa por necropsia no Hospital Veterinário da UnB (HVET). O laudo será publicado em até 30 dias.

Câmara Legislativa pede explicações

Após a repercussão do caso, o vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado distrital Ricardo Vale (PT), protocolou um ofício, na noite de quinta-feira (9/11), pedindo explicações ao Comando Geral da Polícia Militar do DF sobre a conduta dos agentes envolvidos na discussão com moradores da Vila Cahuy.

"É lamentável que um policial entre em casa alheia sem o consentimento do morador, sob alegações que, ainda que viessem a ser confirmadas — o que não ocorreu — não justificam a violabilidade do domicílio”, avalia o parlamentar.

No documento, Ricardo Vale afirma que o caso precisa de apuração e punição dos eventuais responsáveis. O deputado se solidarizou com a família e acredita que os esclarecimentos são necessários, pois não é possível naturalizar uma situação absurda e violenta, como ele define.

Ainda no ofício, o deputado diz que por trás da vida de uma animal há histórias de afeições, carinho e familiaridade. "Atitudes impensadas de agentes públicos, ainda que fossem legais, não podem destruir os sentimentos que tornam nossos lares a referência de nossas vidas”, conclui o vice-presidente da CLDF.

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