A recuperação de patrimônios e a restauração da Praça dos Três Poderes, vandalizados em 8 de janeiro, estiveram entre os temas da entrevista com o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, no programa CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — dessa terça-feira (7/11). Aos jornalistas Ana Maria Campos e Roberto Fonseca. Ele destacou que o tombamento de uma cidade, como o caso de Brasília, não significa atraso no desenvolvimento, mas a porta de entrada para diversas oportunidades. Grass também reafirmou que o presidente Lula determinou que o governo federal colabore na restauração do Teatro Nacional. Para isso, será firmado um acordo de cooperação.
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Qual seu principal projeto neste quase um ano à frente do Iphan?
O principal projeto é fazer uma política de patrimônio cultural que mude a vida das pessoas. Estamos em um caminho de popularização, reunindo várias ações já realizadas e, em breve, vamos lançar uma agenda nacional chamada patrimônio cidadão, que vai agir para que moradores de centros históricos e grupos populares sejam atendidos pelos investimentos do patrimônio cultural.
Como está a parceria da Secretaria de Cultura do DF com o Ministério da Cultura para restauração do Teatro Nacional?
O Teatro Nacional é um bem de valor universal, um dos principais teatros do mundo. Ele é tombado em nível federal, ou seja, é tombado individualmente. O Iphan acompanha, desde 2014, quando do fechamento, todos os projetos, as propostas de intervenção no teatro. Ele está em obras — realizadas pelo GDF —, especialmente a Sala Martins Pena, que é menor do que a Villa-Lobos, que é uma sala grande, bastante desafiadora, inclusive, do ponto de vista de intervenção. Está sendo feita a estrutura de combate a incêndio. O Iphan participou desde o início, uma vez que é um bem tombado. E em especial com a chegada do secretário Claudio Abrantes nós aprofundamos essa conversa. É uma determinação do presidente Lula que o governo federal, por meio do Ministério da Cultura e do Iphan, possa colaborar para que essas obras se encaminhem de uma forma mais célere. Nós estamos desenhando um acordo do cooperação, a exemplo do que foi feito em outros estados, como no Rio de Janeiro, com o Museu Nacional, que incendiou.
E sobre a restauração da Praça dos Três Poderes?
Há um projeto em curso para a reforma do conjunto que forma a Praça dos Três Poderes, e está sendo analisado pelo Iphan e pela Secretaria de Cultura do DF. Esperamos, em breve, vencer essas etapas técnicas para que o governo local possa contratar a obra. A respeito das pedras portuguesas da praça, há um valor arquitetônico e simbólico para quem é de Brasília, principalmente. Então, a gente quer avançar. Há uma delicadeza por conta do tipo de material, que é muito frágil. No 8 de janeiro, golpistas tiraram pedras portuguesas para usarem como instrumento de ataque É uma praça que nunca teve uma reforma e, agora, queremos fazer de lá um local de ocupação cultural.
De onde vêm recursos para os investimentos feitos pelo Iphan?
Uma parte é do Orçamento Geral da União. Nós estamos também no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). São R$ 700 milhões previstos de investimento até 2026 e 139 obras, que vão gerar empregos nas cidades. Vamos oportunizar, com isso, o acesso à cultura, com muitos museus, teatros e equipamentos culturais e, até mesmo, obras que irão se transformar em equipamentos públicos, como saúde e educação, além de imóveis que serão recuperados em centros históricos.
Há projetos para as obras de arte que foram prejudicadas com os atos de 8 de janeiro?
Estamos em um projeto que vai ser liderado pela Presidência da República com o apoio do Iphan e a Universidade Federal de Pelotas (RS) para instalar aqui um centro de conservação para recuperação das obras de arte que ainda não foram recuperadas, como, por exemplo, o painel do Di Cavalcanti. Isso (a implementação do centro) está previsto entre os meses de dezembro e janeiro. Será uma grande entrega.
Após assumir o Iphan, quais os desafios de conservação que o senhor tem encontrado no país?
O Iphan se afastou bastante na relação com os prefeitos e com os governos estaduais. E essa relação, que chamamos de pacto federativo, é importante para preservar o patrimônio cultural, porque mesmo que uma cidade, um centro histórico e um monumento sejam tombados em nível federal, antes houve um tombamento estadual ou municipal. A gente precisa trabalhar com essas representações. E teve em uma fragilidade orçamentária por muito tempo. Mas o Iphan é uma instituição de 86 anos, está em todo o Brasil. São 27 superintendências e 37 escritórios técnicos. Precisamos recuperar essa importância, principalmente com entregas para a população.
Como o senhor enxerga o tombamento de Brasília?
Tombamento não é um problema. Às vezes, encara-se o tombamento como um obstáculo ao desenvolvimento, e isso é uma visão ultrapassada. Viver em uma cidade que é patrimônio mundial como Brasília é uma grande oportunidade de prestígio, de acréscimo econômico, com um turismo científico, projetos, empreendedorismo. Há várias oportunidades a partir do patrimônio histórico. É possível conciliar tombamento e preservação com novas oportunidades.
Veja a entrevista
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