Após a prisão de Wilian Peres Rodrigues, conhecido como Wilinha e apontado como um dos chefes do Comboio do Cão, a facção tentou se reestruturar na capital e definiu novos líderes para dar seguimento à organização criminosa. Há mais de um ano, investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor) mapearam novas ações do grupo e desencadearam, nesta terça-feira (28/11), a operação Shot Caller.
A operação se deu assim que a investigação tomou ciência de que depredações, fruto de protesto da facção contra o rigor do tratamento da polícia, estavam previstas para esta terça. “Este é um recado ao crime organizado de que eles não conseguirão se estabelecer aqui no DF”, disse o delegado de polícia Leonardo de Castro Cardoso, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça.
Desde 2015, o Comboio entrou na mira dos investigadores. Conhecida pelo modo sanguinário de agir, a facção disputa pontos de drogas e mata rivais que tentam se instalar em áreas já dominadas. Também é característica da organização os armamentos utilizados para o cometimento dos crimes. “Alguns armamentos chamam a atenção, como os de calibre restrito. Eles carregam até 50 munições com seletor de rajada, o que é marca registrada da facção, para mostrar poder a rivais. Com isso, conseguiam disparar de uma vez 20 disparos”, explica o delegado Jorge Teixeira, adjunto da Draco.
No começo de outubro, a Draco prendeu um dos líderes do Comboio. Luiz Gonzaga da Rocha, conhecido como Juninho, está envolvido em um duplo homicídio ocorrido em 2021 em Samambaia. Ele foi preso na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim (RN). O crime cometido na época foi filmado por câmeras de segurança e ocorreu em frente ao Golden Park Hotel e à Boate Dubai Show. De acordo com as investigações, Juninho assumiu o posto de um dos chefes da facção.
Buscas
Nesta terça (28/11), os investigadores efetuaram quatro prisões em flagrante por porte de arma de fogo, apreenderam porções de maconha, uma balança de precisão, cinco armas de fogo, duas Hilux, uma moto, um jet-ski e mais de R$ 36 mil.
No total, foram cumpridos 57 mandados judiciais, sendo 22 de prisão cautelar e 35 de busca e apreensão contra os integrantes. As buscas se concentraram em Planaltina e em Ceilândia. “O grupo comete outros crimes para viabilizar o tráfico e há conexão próxima com traficantes da fronteira com o Paraguai. Além disso, atuam aliciando indivíduos dentro dos presídios”, explica o delegado Jorge.
A operação desta terça prendeu desde chefes da cúpula até pessoas que transportam as droga. O próximo passo da investigação é fechar os detalhes das apreensões e fazer o pedido de prisão preventiva.